segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

5ª. AULA A GULA



I - PEDAGOGIA SITUADA
Como caracteriza-se a nossa cultura com relação a alimentação?
Quais e quantas são as propagandas que sugestionam à compra e ingestão de alimentos?
Será que nos preocupamos em ter uma alimentação saudável, escolhendo os alimentos adequados?
A nossa alimentação é excessiva ou moderada?
II - CONTEÚDO
A natureza não traçou o limite necessário em nossa própria organização?
- Sim, mas o homem é insaciável. A natureza traçou o limite de suas necessidades na sua organização, mas os vícios alteraram a sua constituição e criaram para ele necessidades artificiais. (L.E., 716)
A Doutrina Espírita nos ensina que todas as paixões e vícios têm como princípio originário uma necessidade natural.
Os prazeres que o físico proporciona são regulados por leis divinas, que lhes estabelecem limites em função das reais necessidades, e transpô-los ocasiona conseqüências tanto mais funestas quanto maiores os desmandos cometidos.
O princípio das paixões sendo natural é mau em si mesmo? - Não, a paixão está no excesso provocado pela vontade, pois o principio foi dado ao homem para o bem e as paixões podem conduzi-lo a grandes coisas. O abuso a que ele se entrega é que causa o mal. (L.E. 907)
Todas as paixões têm seu principio num sentimento ou uma necessidade da Natureza. O princípio das paixões não é portanto um mal, pois repousa sobre uma das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é o exagero de uma necessidade ou de um sentimento; está no excesso e não na causa; e esse excesso se torna mau quando tem por conseqüência algum mal. (L.E., 908)
III - CONSEQÜÊNCIAS
Os gozos têm limites traçados pela natureza?
- Sim, para vos mostrar o termo do necessário; mas pelos vossos excessos chegais até o aborrecimento e com isso punis a vós mesmos. (L.E., 713)
O excesso de alimentação é um vício nocivo:
1) ao organismo;
2) ao psiquismo.
1) A sobrecarga de trabalho que os nossos órgãos são obrigados a desenvolver, sem necessidade, leva ao desgaste prematuro dos órgãos físicos. A quantidade necessária de proteínas, gorduras, sais minerais, etc., para manter o corpo físico, é mais ou menos a metade ou a terça parte daquilo que nós normalmente ingerimos. A maioria de nós ingere mais que o necessário. Grande quantidade de alimentos ingeridos não significa ter boa saúde. Mais do que a quantidade importa a qualidade dos alimentos que ingerimos.
A abstenção de certos alimentos, prescrita entre diversos povos, funda-se na razão?
- Tudo aquilo de que o homem se possa alimentar, sem prejuízo para a sua saúde é permitido ( .. ). (L.E., 722)
-A alimentação animal, para o homem, é contrária à lei natural?
- Na vossa constituição física, a carne nutre a carne, pois do contrário o homem perece (..). (L.E, 723)
Com relação à ingestão de alimentos animais, não existe nenhuma postura radical por parte da Doutrina Espírita. Importa aí a questão das vibrações maléficas que a carne pode portar, e que podem, sem que percebamos, atuar sobre nós. A doutrina nada proíbe, ela conscientiza; cabe a cada um agir de acordo com seu foro íntimo.
Embora as proteínas de origem animal sejam importantes à nossa subsistência, a preferência por produtos naturais (cereais, verduras, frutas, ovos, mel, leite e seus derivados) e, por princípio, mais condizente com a natureza da criatura que busca ascender espiritualmente.
2) Por outro lado, todo e qualquer dano ao corpo físico traz conseqüências nocivas ao Espírito:
A lei de conservação impõe ao homem o dever de conservar as suas energias e a sua saúde, para poder cumprir a lei do trabalho. Ele deve alimentar-se, portanto, segundo o exige sua organização. (L.E. 723)
A lei natural tem necessariamente como manifestação a conservação da matéria, a qual, por sua vez, é responsável pelo maior ou menor desempenho das faculdades do Espírito. O desrespeito à lei natural nos conduz a um desequilíbrio, portanto, orgânico e psíquico. Para que a alma possa conceber a liberdade, o corpo deve estar são e disposto.
"Amai pois, vossa alma, mas cuidai também do corpo, instrumento da alma," desconhecer as necessidades que lhe são peculiares por força da própria natureza, é desconhecer a lei de Deus. Não o castigueis pelas faltas que o vosso livre-arbítrio o fez cometer ( .. )". (ESE,Cap. XVII, item 11)
É assim que, ao privar-se dos prazeres inúteis, o homem liberta-se da matéria e eleva sua alma. Há um preceito que ensina que "devemos terminar as refeições com fome". É assim que a razão deve constituir em um guia, cuja orientação permite a predominância da natureza espiritual sobre a natureza animal:
Todo o sentimento que eleva o homem acima da natureza animal anuncia o predomínio do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição. (L.E.,908)
IV - CONCLUSÁO
Deus lhe deu o atrativo do prazer que o solicita à realização dos desígnios da Providência. Mas, por meio desse mesmo atrativo, Deus quis prová-lo também pela tentação que o arrasta ao abuso, do qual a sua razão deve livrá-lo. (L.E., 712-a)
A apetência é uma necessidade natural, já o abuso é uma necessidade artificial, criada pela nossa própria mente. Portanto, o ponto de ataque não é o físico, mas a fantasia. O homem, em sua ignorância, não sabe distinguir o uso do abuso. Usar é tirar proveito, porém com moderação; abusar é ir além do estado natural, ou seja, desequilibrar-se. Daí a importância do uso ser moderado, o qual exprime alegria, pois do abuso geralmente nasce a dor. Eis porque progredir espiritualmente é usar bem os empréstimos de Deus. Progredir é superar todo e qualquer apego, para que o Espírito possa vivenciar a alegria de ser liberto.
A realização plena de si mesmo, o homem não consegue enquanto não tiver domínio sobre si mesmo. Porém, a dissonância da natureza humana não é simples contingência natural, mero fenômeno biológico, mas antes produto de nossa mente. Daí a necessidade de recolher as projeções que criamos, para não sermos arrastados pelo nosso próprio psiquismo. Que possamos vivenciar o "Orai e Vigiai", segundo Jesus, por um controle de nossa imaginação, de nossos pensamentos, e não extirpar uma realidade biológica.
Urge, portanto, que na procura do melhor aprendamos a respeitar as Leis da Vida para que possamos ser mais autênticos, mais nós mesmos, mais libertos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário