quinta-feira, 16 de junho de 2011

Domínio da Ira

Tão comuns se te fazem a irritabilidade e o reproche, que estás perdendo o equilíbrio, o discernimento sobre o limite das tuas forças. Habituas-te à reprimenda e à contrariedade de tal forma, que perdes o controle da emoção, deixando de lado os requisitos da urbanidade e do respeito ao próximo.
Freqüentemente deixas-te arrastar pela insidiosa violência, que se te vai instalando no comportamento, passando de um estado de paz ao de guerra por motivo de somenos importância.
Sem te dares conta, perdes o contato do amor e passas a ser temido, por extensão detestado.
A irascibilidade gera doenças graves, responsáveis por distonias físicas e mentais de largo alcance.
Da ira ao ódio o passo é breve, momentâneo, e o recuo difícil.
Tem tento, e faze uma revisão dos teus atos, tornando-te mais comedido e pacificado.
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Ouve quem te fala, sem idéia preconcebida.
Desarma a emoção, a fim de agires com imparcialidade.
A idéia preconceituosa abre espaço mental à irascibilidade.
É necessário combater com ações mentais contínuas, as reações que te assomam entorpecendo-te a lucidez e fazendo-te um tresvariado.
A reflexão e o reconhecimento dos próprios erros são recursos valiosos para combater a irritação sistemática.
Tem a coragem de reconhecer que erras, que te comprometes, não te voltando contra os outros como efeito normal do teu insucesso. 
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A ira cega, enlouquece.
Provocando uma vasoconstrição violenta no sistema circulatório, leva à apoplexia, ao enfarto, à morte.
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Um momento de irritação, e fica destruída uma excelente Obra.
O trabalho de um período demorado reduz-se a cinzas, qual ocorre com a faísca de fogo atingindo material de fácil combustão.
A ira separa os indivíduos e fomenta lutas desditosas.
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Estanca o passo e retrocede na viagem do desequilíbrio.
Recorre à oração.
Evita as pessoas maledicentes, queixosas, venenosas. Elas se te fazem estímulo constante à irritabilidade, ao armamento emocional contra os outros.
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A tua vida é preciosa, e deves colocar todas as tuas forças a serviço do amor.
Desde que és forte, investe na bondade, na paciência e no perdão, que são degraus de ascensão.
Para baixo é fácil, sem esforço, o processo de queda.
A sublimação, a subida espiritual, são o desafio para os teus valores morais.
Aplica-os com sabedoria e fruirás de paz, aureolado pela simpatia que envolve e felicita a todos.
Ademais, a ira é porta de acesso à obsessão, à interferência perniciosa dos Espíritos maus, enquanto o amor; a doçura e o perdão são liames de ligação com Deus, plenificando o homem.
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos de Felicidade.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1990.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Quando não estivermos nos sentindo bem com uma situação - lembremos do:

FAVOR DIVINO

        Não te queixes de Deus porque dificuldades te povoem a vida.
        Certamente Deus conhece todos os programas de ação que te estruturam a existência.
        O parente difícil, a casa em provas, as tarefas árduas, a conquista de simpatia, o relacionamento espinhoso...
        Tudo isso poderia Deus suprimir num momento.
        Entretanto, sem os familiares incompreensivos, não conhecerias o amor; fora dos obstáculos domésticos, não adquiririas responsabilidade; fugindo aos encargos de sacrifício, não terias experiência; longe da procura de apoio, não praticarias fraternidade e desertando das lutas de equipe, acabarias desconhecendo o valor da cooperação.
        ... Convence-te de que Deus pode sanar qualquer preocupação, mas deixa-nos a cada um a bênção do trabalho, de modo a que consigamos sair da ingenuidade e da inércia, para sermos, um dia, colaboradores conscientes da Divina Sabedoria que sustenta a Criação.
 

Do livro: "Amizade", MEIMEI, Francisco Cândido Xavier)
Grupo de Estudo Irmão Francisco

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Uma Vida Idealizada: O Pior Efeito do Egoísmo na Vida Mental



Falamos muito em egoísmo no Espiritismo, mas nem sempre estudamos a verdade contida no que o mundo espiritual, desde o trabalho de Allan Kardec, tem ensinado sobre esse sentimento que se tornou uma doença ao longo de nossas reencarnações.
Vamos fazer algumas considerações sobre o tema.
Um dos hábitos mais enraizados que o egoísmo moldou na vida mental é o de satisfazer nossos desejos e interesses, custem o preço que custarem. Isso se chama personalismo. Eis alguns conceitos de personalismo: supervalorização de si mesmo, paixão crônica com tudo que parta de nós, vício de evidência pessoal.
Hoje, quando queremos mudar nossa forma de pensar e de ser através da reforma íntima, temos uma forte tendência consolidada que é transportada também aos ideais de renovação. É assim que se inicia uma batalha interior entre o que somos e o que queremos ser. Como não conseguimos ser quem gostaríamos, de uma hora para outra, experimentamos uma sofreguidão com o fato de ter que nos deparar com quem somos. Há uma acentuada inaceitação de si mesmo e um dilacerante clima de conflito e impaciência com nossa realidade.
Nesse contexto emociona, percebemos claramente que a renovação não poderá ser feita da mesma forma que aplicávamos aos nossos caprichos pessoais. Não há um modo de satisfazer esse desejo de mudar a preço de ilusões ou queimando etapas. Renovação exige suor e muitas vezes as lágrimas. Ainda assim, o personalismo que é uma expressão doentia do egoísmo nos causará muitas vivências dolorosas e que necessitam de orientação e ajuda para serem superadas.
Diante desse conflito interior entre quem somos e quem queremos ser, surge a idealização, e deflagra-se o choque entre EU REAL X EU IDEAL. O eu real é o que sentimos que somos e o ideal é o que pensamos que somos. É daí que surgem as chamadas máscaras com quais escondemos o que sentimos por conta do que pensamos a respeito das normas de convivência social.
O sentimento que gerencia todo esse mecanismo na vida mental é o auxiliar principal do egoísmo, chama-se orgulho, isto é, o sentimento de superioridade pessoal. O orgulho, no dizer de Ermance Dufaux, em seu livro “Mereça ser Feliz”, Editora Dufaux, é uma defesa contra a nossa milenar sensação de inferioridade. Precisamos dele para amortecer a dor que nos faz sentir não ter utilidade ou valia diante desse convite da vida, para avançar por meio da transformação interior. É esse orgulho que projeta e constrói a chamada vida idealizada.
A vida idealizada é um conjunto de ilusões que construímos a respeito de tudo que nos cerca, por exemplo: sobre como deveria ser o nosso casamento, como deveriam ser os nossos filhos e o que eles deveriam fazer, como deveria ser o nosso centro espírita, como deveria agir um determinado líder da doutrina ou um irmão de ideal, enfim, sobre como a vida e as pessoas deveriam ser. A vida idealizada é, sem dúvida, o pior efeito do egoísmo na vida mental para quem agasalha o ideal da renovação interior. Seremos magoados muitas vezes por conta dessa doença, porque ninguém e nem a vida existem para atender nossas expectativas.
Fiz uma descrição no quadro de autoconhecimento anexo sobre algumas diferenças de uma pessoa sintonizada na humildade, em clima espiritual de aceitação e naturalidade, e uma pessoa que idealiza, escrava do egoísmo. Faça uso e reflita qual a sua situação em relação às características de cada um e em qual você se enquadra.
No livro “Mereça ser Feliz – superando as ilusões do orgulho”, a autora espiritual nos oferece, no capítulo “Personalismo, a Lupa do Orgulho”, uma lista de atitudes que poderão ser um bom começo na reeducação de nossas tendências egoísticas e, por conseqüência, a diluição de uma vida idealizada. Reflitamos:

  • Emitir opiniões sem fixar-se obstinadamente na idéia de serem as melhores.
  • Aprender a discernir os limites entre convicção e irredutibilidade nos pontos de vista.
  • Ouvir a discordância alheia acerca de nossas ações sem sentimento de perda ou melindre.
  • Cultivar abnegação na apresentação dos projetos nascidos no esforço pessoal, expondo-os para análise grupal.
  • Evitar difundir a “folha de serviço” das realizações pessoais já concretizadas.
  • Disciplinar e enobrecer o hábito de fazer comparações.
  • Acreditar que a colaboração pessoal sempre poderá ser aperfeiçoada.
  • Pedir desculpas quando errar.
  • Ter metas sem agigantá-las na sua importância frente às incertezas do futuro.
  • Aprender a ouvir opiniões para melhor discernir.
  • Admitir para si os sentimentos de mágoa e inveja.
  • Ser simples.
  • Ter como única expectativa nas participações individuais o desejo de aprender e ser útil.
  • Esforçar-se para sair do “personalismo silencioso”, o isolacionismo e a timidez.
  • Delegar tarefas, mesmo que acredite que outro não dará conta de fazê-la tão bem quanto nós.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Video - O papel das emoções na saúde integral

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A DEPRESSÃO NA VISÃO ESPÍRITA

  
     A depressão pode ser conceituada como uma alteração do estado de humor, uma tristeza intensa, um abatimento profundo, com desinteresse pelas coisas. Tudo perde a graça, o mundo fica cinza, viver torna-se tarefa difícil, pesada, com idéias fixas e pessimistas.
      Poderíamos considerá-la como uma emoção estragada. As emoções naturais devem ser passageiras, e circularem, normalmente, sem desequilibrar o ser. A tristeza, por exemplo, é uma emoção natural, que nos leva a entrar em contato conosco, à introspecção e à reflexão sobre nossas atitudes. Agora, uma vez estagnada, prolongada, acompanhada de sentimento de culpa, nos leva a depressão.
      Podemos dividir a “depressão”, em três formas, de acordo com o fator causal:
      Depressão Reativa ou Neurose Depressiva: - esta depende de um fator externo desencadeante, geralmente perdas ou frustrações, tais como: separação, perda de um ente querido, etc.
      Depressão Secundária a Doenças Orgânicas: - acidente vascular cerebral (“Derrame”), tumor cerebral, doenças da tireóide, etc.
      Depressão Endógena: - por deficiência de neurotransmissores. Exemplos: depressão do velho, depressão familiar e psicose maníaco-depressiva.
      Estima-se que somente no Brasil incida em cerca de 14% da população, ou seja, temos cerca 21 milhões de deprimidos. Se partirmos para a população mundial encarnada e desencarnada que povoa o planeta Terra, e segundo as informações dos Espíritos, esta está em torno de 21 bilhões de Espíritos. Assim, teremos, então, um número bem maior, aproximadamente, em 2.940.000.000 de seres humano-espirituais sofrendo desta enfermidade nos dois planos da vida. Considerando, assim, a estatística do Brasil.
      Ela afeta todo o ser, acarretando uma série de desequilíbrios orgânicos, sobretudo, comprometendo a qualidade de vida, tornando a criatura infeliz e com queda do seu rendimento pessoal.
      André Luiz, Espírito que foi médico, atualmente, desencarnado, citado nas suas obras psicografadas pelo médium Francisco Cândido Xavier, do Brasil, nos diz que os estados da mente são projetados sobre o corpo através dos bióforos que são unidades de força psicossomáticas, que se localizam nas mitocôndrias. A mente transmite seus estados felizes ou infelizes a todas as células do nosso organismo, através dos bióforos. Ela funciona ora como sol irradiando calor e luz, equilibrando e harmonizando todas as células do nosso organismo, e ora como tempestades, gerando raios e faíscas destruidoras que desequilibram o ser.
      Segundo Emmanuel, Espírito, desencarnado e mentor do mencionado médium Francisco Cândido Xavier, a depressão interfere na mitose (divisão) celular, contribuindo para o aparecimento do câncer e de outras doenças imunológicas, sobretudo, a deficiência imunitária facilitando às infecções.
      Na depressão existe uma perda de energia vital no organismo, num processo de desvitalização.
      O indivíduo perde energia por dois mecanismos principais:
1°)  Perde a sintonia com a Fonte Divina da Energia Vital: o indivíduo não se armando como deve, com o sentimento de autoestima em baixa, afasta de si mesmo, da sua natureza divina, o elo de ligação com a fonte inesgotável do Amor Divino. Além do mais, o indivíduo ao se fechar em seus problemas e suas mágoas, cria um ambiente vibracional negativo, que dificultada o acesso da Espiritualidade Maior em seu benefício.
2°)  A criatura humana fica  envolvida em torno de si mesma, não procurando desenvolver potencialidades evolutivas, vivendo intensamente as experiências e os desafios que a vida lhe apresenta, desperdiça energia nos sentimentos de autocompaixão, tristeza e lamentações. Sofre e não evolui.
     
CAUSAS PRINCIPAIS
     
      A depressão está frequentemente associada a dois sentimentos básicos: a tristeza e a culpa degenerada em remorso.
      Quando por algum motivo infringimos a lei natural, ao tomarmos consciência do erro cometido, temos dois caminhos a seguir:
1 - Erro > Consciência> Arrependimento> Tristeza>Reparação.
2 - Erro> Consciência> Culpa-remorso (idéia fixa) > Depressão.
      O primeiro caminho é o meio natural de nosso aperfeiçoamento. Uma vez tomando consciência de nossas imperfeições e erros cometidos, empreendemos o processo de regeneração através de lições reparadoras.
      De outra maneira, ao invés de nos motivarmos a nos recuperarmos, nós nos abatemos, com sentimento de desvalia, de autopunição, e se permanecermos atrelados ao passado de erros, com idéias fixas e auto-obsessivas, nós estaremos caminhando para o estado de depressão, que é improdutivo no sentido de nossa evolução.
      Outra condição que nos leva à depressão é citada pelo “Espírito François de Geneve, no Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo V item 25 (A Melancolia), onde relata que uma das causas da tristeza que se apodera de nossos corações fazendo com que achemos a vida amarga é quando o Espírito aspira a liberdade e a felicidade da vida espiritual, mas,  vendo-se preso ao  corpo, se frustra, cai  no desencorajamento  e transmite para o corpo apatia e abatimento, se sentindo infeliz.  Para François de Geneve, então, a causa inicial é esta ânsia frustrada de felicidade, liberdade almejada pelo espírito encarnado, acrescido das atribulações da vida com suas dificuldades de relacionamento interpessoal, intensificada pelas influências negativas de espíritos encarnados e desencarnados.”
      Outro fator que está determinando esta incidência alarmante de depressão nos nossos dias é o isolamento a insegurança e o medo que são acometidas as pessoas na sociedade contemporânea.
      Absorvido pelos valores imperantes como o consumismo, a busca do prazer imediato, a competitividade, a necessidade de não perder, de ser melhor, de não falhar, o homem está se afastando de si e sua natureza. Adota então uma máscara (persona), que utiliza para representar “um papel” na sociedade. E, nesta vivência neurotizante, ele deixa de desenvolver suas potencialidades, não se abre, nem expõe suas emoções, pois estas demonstram que de fato ele é. Enclausurado, fechado nesta carapaça de orgulho e egoísmo, ele se isola e se sente sozinho. Solidão, não no sentido de estar só, mas de se sentir só. Mais do que se sentir só é a insatisfação da pessoa com a vida e consigo mesma.
      O indivíduo nessa situação precisa se cercar de pessoas e de coisas para ficar bem, pois, desconhece que ele se basta pelo potencial divino que tem.
      A solidão é conseqüência de sua insegurança, de sua imaturidade psicológica. Nos primeiros anos de vida, as crianças enquanto frágeis e inseguras é natural que tenham necessidades de que as pessoas vivam em função delas, dando-lhes atenção e proteção. É a fase do egocentrismo, predominantemente receptiva. Com o seu amadurecimento, começa a criar uma boa imagem de si, tornando-se mais segura, e a partir de então, passa a se doar, a se envolver e a participar mais do mundo. O que acontece é que certas pessoas, por algum motivo, têm dificuldades neste processo de amadurecimento afetivo, mantendo-se essencialmente receptivas e não participativas, exigindo carinho, respeito e atenção, sem se preocuparem, da mesma forma com os outros. Fazendo-se de vítimas e de pobre coitadas, sem se responsabilizarem por si.
      Conseguem o seu equilíbrio às custas das conquistas exteriores. As primeiras frustrações que se depara, não toleram, pois expõem suas fraquezas e isto motiva um quadro de depressão.
       Em alguns idiomas, doença e vazio tem a mesma tradução. A doença seria decorrente de um vazio de sentimentos que gera depressão e o adoece o ser. Dificuldade de amar o semelhante, pois o sentimento de amor, de generosidade para com o próximo, é um sentir de dentro para fora. Este sentimento de amor ao próximo, nada mais é do que uma extensão do nosso amor, da nossa sintonia com o Deus interior que nós temos dentro de nós. A pessoa que tem dificuldade nesta composição de amar a si e, por conseqüência, amar o próximo, deixa de receber o amor e a simpatia do outro, e não consegue entrar em sintonia com a fonte sublime e inesgotável do amor Divino. Nós limitamos aquilo que recebemos de Deus, na medida do quanto doamos ao próximo. Quem ama muito, muito recebe. Que pouco ama, pouco recebe. Esse afastamento de si, e, por conseguinte de Deus, gera a tristeza, o vazio, a depressão e a doença.

O TRATAMENTO
     
      A depressão é um sintoma que nos diz que não estamos amando como deveríamos.
      O caminho para sairmos dela é preencher este vazio com a recuperação da autoestima e do amor em todos os sentidos. Primeiro, procurando nos conhecer e nos analisar, com o intuito de nos descobrirmos, sem nos julgarmos, sem nos punirmos ou nos culparmos. E depois, nos aceitarmos como somos, com todas as nossas limitações, mas sabendo que temos toda a potencialidade divina dentro de nós, esperando para desabrochar como sementes de luz. Isto nada mais é do que desenvolver a fé em si e no Criador, sentimento este que transforma e que nos liga diretamente a Deus.
      Uma pessoa consciente de sua riqueza interior passa a ter segurança e fé nas suas potencialidades infinitas, começando a gostar e acreditar em si, amando-se e a partir de então, sentindo necessidade de expandir este sentimento a tudo e a todos. Começa assim a se despertar para os verdadeiros valores da vida espiritual, transformando-se numa pessoa feliz e sorridente, pois onde existe uma pessoa carrancuda há algo de errado; o seu semblante sombrio está ligado e demonstra um ser doente. Sorria e seja feliz amando e servindo sempre.
     A terapia contra a depressão se baseia no amar e no servir, se envolvendo em trabalhos úteis e no serviço do bem. Seja no trabalho profissional, no trabalho do lazer, ou no trabalho de servir ao próximo, o indivíduo se ocupa e exercita o amor, e deixa de se envolver com as lamentações, pois a infelicidade faz seu ninho no íntimo dos sentimentos de cada um. Dificilmente conheceremos um deprimido entre aqueles que trabalham a serviço do bem.
      Para doarmos este amor, não basta somente fazermos obras de caridade, temos que nos tornarmos caridosos; antes de fazermos o bem temos que ser bons. Darmos um pão, um agasalho, mais junto disto colocarmos uma boa dose de afeto e carinho. Acima de tudo ser generosos, que é a caridade do afeto. As pessoas estão com fome de amor, de calor humano, de um ombro amigo, um abraço, um aconchego e uma palavra de carinho.
      Às vezes, com um simples sorriso, um bom dia, um olhar afetuoso, nós estamos doando a energia e transmitindo a vida.
      O homem alcançou um enorme progresso intelectual, satisfazendo suas necessidades materiais com os avanços tecnológicos. Porém, ainda se depara com enormes dificuldades na convivência fraterna com o seu semelhante. Estamos cada vez mais próximos um dos outros através dos meios de comunicação e, no entanto, mais afastados emocionalmente. Agora, o homem está sentindo a necessidade premente de desenvolver a afetividade, de se envolver, amar e sentir o seu semelhante.
      Temos que ressuscitar e liberar a criança que está esquecida dentro de nós. Para resgatarmos esta criança que adormece em nós, é necessário que vejamos o mundo de forma positiva e otimista. A nossa criança interior, geralmente se encontra retraída e oprimida, porque a vida nos apresenta de forma desagradável; ainda não vivemos de forma natural, espontânea, e isto, gera ansiedade e sofrimento. Como a criança é movida pelo prazer ela se recolhe e não se manifesta.
      A criança não se julga e não se pune. Ela apenas vive o hoje, o momento de agora, integrada perfeitamente a Deus e à natureza. “Deixai vir a mim as criancinhas porque o reino dos céus é de quem vos assemelham”. – com estas palavras quis Jesus dizer que teremos que ser puros, autênticos, integrados com a nossa natureza divina, sem fugas ou máscaras, para alcançarmos a nossa evolução espiritual. Ter atitudes, como lidar com animais, brincar com crianças, atividades criativas como a pintura, tocar um instrumento, fazer pequenas tarefas domésticas, cozinhar, manter uma conversa amena, contar um caso, ver um bom filme, escutar uma música, cantar, sorrir, ouvir com atenção, olhar com ternura, tocar as pessoas, abraçar, fazer um elogio sincero, curtir a natureza, admirar o pôr do sol, etc. Estas são tarefas que muito nos ajudará a reencontrarmos o equilíbrio e a harmonia interior.
      Manter sempre o bom humor. Aquele que tem no ideal de servir uma meta de vida, será sempre uma pessoa feliz. Na vida o que mais importa é o amor e o bem querer das pessoas e viver suas emoções; não se deixar afetar por coisas pequenas. Muitas vezes nos deixamos abater por problemas que se olharmos com olhos de Espíritos eternos em passagem pela Terra, não valorizaríamos o fato ou o acontecimento na vida.
      Substituir sentimentos de autopiedade por vibrações em favor dos que sofrem. Se olharmos com atenção e interesse ao nosso redor veremos que existem pessoas com problemas muito piores, que os nossos a pedir socorro.
      Procurar praticar atividades físicas regulares, como a caminhada, um esporte, um lazer. A mente parada começa a criar pensamentos negativos, que se assemelham a lixos amontoados dentro de casa. Com estas atividades, você estará desviando sua mente destes pensamentos deletérios.
      Tornar-se empreendedor, dinâmico, criando idéias novas e construtivas em benefício dos semelhantes com motivação para implementá-las, junto ao grupo ou a comunidade que pertence. Não fique estagnado esperando que as coisas aconteçam em seu favor. Aja em favor do próximo e não se surpreenda se você for o mais beneficiado.
      Leituras edificantes, uma conversa com um amigo, um terapeuta ou um orientador espiritual ajuda a você a ver o problema por outro ângulo. Ou um diálogo fraterno em uma instituição Espírita Kardecista.
      A oração é um recurso indispensável no processo da recuperação. Através dela estabelecemos sintonia com a Espiritualidade Maior, facilitando o caminho para que nos inspirem e revigorem nossas energias. Não nascemos para sofrer. A vontade de Deus é a nossa alegria e a nossa felicidade. Se sofrermos é por nossa causa. Os nossos problemas e nossas dificuldades devem ser interpretadas como instrumentos para nossa evolução.
     Nunca devemos nos deprimir ou nos revoltar contra eles. O melhor aprendizado é aquele que tiramos de nossa própria vida.
      O Vocábulo “crise” em algumas línguas pode ter dois significados: a oportunidade ou perigo. Oportunidade de crescimento ou perigo de queda.
      O que importa é sabermos que os problemas que deparamos na vida só surgem quando já temos condições de solucioná-los. Como disse o Mestre Jesus: “O Pai não coloca fardos pesados em ombros fracos.” Deste modo, ficamos mais fortes ao saber que temos todas as condições interiores, para enfrentar as dificuldades que a vida nos apresenta.
      Ter consciência, que acima de tudo, tem um Deus maior a zelar por nós e que nunca nos abandona. Confiar em Jesus e seguir seu exemplo de vida: “Eu sou o Bom Pastor; tende bom ânimo; não se turbe o vosso coração; vinde a mim vós que andais afadigados, cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.”.

O SUICÍDIO

      Uma das causas do suicídio é o indivíduo se achar impotente e fraco para enfrentar suas dificuldades. Ele se julga inferior, incapaz, vítima da sociedade, desprezando a força que tem. Aí os problemas passam de uma dimensão para uma muito maior, e ele se vê impossibilitado para resolvê-los.
      Segundo esta linha de raciocínio, não existe pessoa “fraca” a ponto de não suportar um problema, que ele julga, de certa forma, demasiado para si. O que de fato ocorre é que esta criatura não teve força de mobilizar a sua vontade própria para enfrentar aquele desafio. Preferiu fugir, acreditando poder se libertar daquela situação. Só que não irá conseguir, pois a morte é apenas uma mudança de estado vibratório.  A pessoa continua sendo a mesma, com os mesmos sentimentos e os mesmos problemas.
      O mais grave é que o suicida acarreta danos ao seu perispírito. Quando voltar a reencarnar, além de enfrentar os velhos problemas ainda não solucionados, terá por certo, acrescido a necessidade de reajustar à sua lesão perispiritual.
      Devemos ter a vontade firme de eliminar o mal interno da depressão e os vários caminhos que podem ser percorridos: O tratamento medicamentoso (às vezes necessário), trabalho espiritual incluindo a desobsessão, a água fluidificada, passes magnéticos, o trabalho beneficente, mudança de atitude mental, etc.
      Após iniciado o processo de recuperação é necessário que nos tornemos vigilantes, pois é muito comum a melhora cíclica da pessoa com altos e baixos. ”Vigiai e orai”. É importante aproveitar os períodos de melhora para empreendermos trabalhos edificantes no bem consolidando as conquistas já efetuadas.
      Uma coisa fundamental que devemos ter consciência é que ninguém e nada tem a capacidade de nos fazer infelizes se não quisermos. O centro de gravidade do nosso equilíbrio psico-emocional tem que estar localizado dentro de nós e não nas coisas exteriores.
      Não se deve condicionar a sua felicidade a algo que aconteça ou esperar que alguém o faça feliz. Estando com o seu centro de equilíbrio estável, se amando e aceitando como você é e passa a viver o agora e aceitar as pessoas e circunstâncias como elas são. Além disto, passamos a ver as qualidades do outro e não os seus defeitos, pois, geralmente vemos o outro como um reflexo do nosso estado íntimo.
      Finalmente, damos mais algumas dicas para você: Esforce-se vez que a cura depende muito de você; cresça emocional e psicologicamente, adquirindo uma maior maturidade; saia do comportamento, apenas, materialista, crie você à robustez de sua espiritualização; não tenha nenhum sentimento de perda, este possui uma forte ligação com o passado; por favor, elimine de você qualquer sentimento de culpa; liberte-se da obsessão espiritual através de um tratamento, este tratamento modifica a sua maneira de viver, retira de você um grande fardo; procure um médico especialista, um psicólogo e, finalmente, uma Instituição Espírita, para um tratamento espiritual; aprenda a realizar a prece no Lar, o chamado culto do Evangelho no Lar, para isto, peça orientação na casa Espírita; procure conviver melhor com a sua família, paz no Lar, paz no mundo; amplie os círculos de amigos; trabalhe com alegria; vigie os seus pensamentos, educando-os e, se, possível, orando bastante; compreenda que estamos em um mundo de provas, portanto, a dor ainda existe para o nosso burilamento espiritual; repita sempre palavras e pensamentos otimistas de alegria íntima; saia de você para a prática da Caridade em favor do deu semelhante. Desta forma, sairemos destes estados enfermiços aumentando a nossa saúde no caminho da plenitude e da Paz.
      Portanto, não aceite o convite para sofrer, que venha de outra pessoa ou de você para você mesmo. Proteja-se. Emita como já falamos pensamentos bons. Faça a já citada Caridade Moral que significa: A Benevolência a Indulgência e o Perdão.
      Nada pode abalar aquele que alcançou o Amor, a Paz, a Harmonia interior e, sobretudo, a Fé no poder de Deus. VENÇA E FUJA DA DEPRESSÃO HOJE E SEMPRE.

UMA HOMENAGEM AO CODIFICADOR ALLAN KARDEC NO ANO DO SEU BICENTENÁRIO. SALVE KARDEC.

BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan – Evangelho Segundo o Espiritismo -2ª. Edição-FEB-Cap. V, Item 25.
FRANCO, Divaldo Pereira – O Homem Integral - 3ª. Edição – Livraria Espírita Alvorada.
XAVIER, Francisco Cândido – Missionários da Luz –FEB- 21ª. Edição.
XAVIER, Francisco Cândido – O Consolador –FEB – 13ª. Edição.
REVISTA Espírita Allan Kardec – Ano X n° 37
ADE, Sergipe – Pesquisa.
LOPES, Wilson Ayub (Dr.) – Boletim da Associação Médico Espírita do Estado do Espírito Santo - Brasil
SILVA, Marco Aurélio (Dr.) – Editora Best Seller


ADE-SERGIPE
João Batista Cabral
SITE: www.ade-sergipe.com.br
Aracaju. Sergipe. Brasil
Em: 06.01.2005.

     
   

Viver a perda



11102010

Texto de Leandro Pontes
Psicólogo 01-13641
membro da Comunhão Espírita de Brasília

Lidar com a perda nem sempre é algo fácil de se fazer, visto que é algo que temos de lidar com os nossos mais primitivos sentimentos de desamparo e vulnerabilidade. Mas como e o que fazer diante da situação inevitável de lidar com a perda do objeto amado?
Muitas vezes criamos espelhos das nossas relações pessoais no nosso inconsciente de forma fantasiosa, criamos um ser amado que não existe e jamais existirá no mundo real e, no entanto, trazemos para o mundo real toda a carga de demanda emocional e frustração para com o nosso ser amado. Alguns estudiosos do assunto dizem que quanto mais se ama mais se sofre, porém, como um sentimento tão sublime quanto o amor pode causar tantos danos? Certamente, encontraremos a resposta na forma com que construímos e administramos esse sentimento. Freud dizia nos idos de 1913 que “Nunca estamos tão mal protegidos contra o sofrimento como quando amamos, nunca estamos tão irremediavelmente infelizes como quando perdemos a pessoa amada ou o seu amor”.
Precisamos reconhecer em nós os sentimentos que nos são característicos, conhecer os eventos que desencadeiam as nossas mais primitivas e elaboradas emoções, conhecer em nós mesmos os efeitos físicos que os sentimentos nos causam, enfim, ter consciência corporal dos sentidos.
Quando uma pessoa perde uma pessoa amada dizemos que o sentimento característico é o sentimento da dor e quando há a ameaça da perda, dizemos que há a angústia diante da ameaça da perda, como se o nosso corpo já preparasse todas as nossas ferramentas conscientes e inconscientes, para lidar com a possível ameaça a nossa harmonia estrutural.. Mas e quando a perda vem de forma abrupta e irreparável como na experiência da morte de um ente querido? Essa dor que não pôde ser amortecida e de certa forma preparada pela angústia, causará no indivíduo que a experimenta a dor traumática que desestrutura o sujeito, de tal modo que não consiga, no nível consciente, experenciá-la e resignificá-la de forma a se restabelecer de prontidão, ficando efetivamente um trauma, podendo, inclusive fazer da dor física um sintoma da dor emocional.
Há, portanto, urgência no conhecimento daquilo que se sente para que possamos reconhecer os momentos em que estamos na condição de ajudar a dor do outro ou na condição de receber auxilio. Há de se reconhecer à existência daquilo que o psicanalista J-D Nasio, intitula de Dor de Amar, que de acordo com o autor, essa dor é o afeto que traduz na consciência a reação defensiva do eu quando, sendo comocionado[1], ele luta para se reencontrar, neste caso, segundo o autor, a dor é uma reação.
Diante dessa dor, que não pode ser representada em sua totalidade em palavras, o indivíduo sob risco de se esgotar psiquicamente e emocionalmente, concentra suas forças em um só ponto: a representação do amado perdido. A partir desse momento a consciência do sujeito fica inteiramente ocupada em manter viva a imagem daquele que se foi, até mesmo colorindo de cores mais vivas e positivas o amado perdido daquelas que anteriormente se tinha consciência.
Esse artifício desempenha papel primordial em preservar o sujeito do esgotamento de suas emoções atirando-a em um luto patológico que causaria dados incalculáveis a sua vida.
Elisabeth Kübler-Ross, médica suíça que se dedicou aos cuidados paliativos e desenvolveu a teoria da morte e o morrer[2], apresentou cinco fases no processo de assimilação da angústia da perda ou da perda abrupta, em outras palavras, do luto, são elas:
1.      Negação – Serve de amortecedor para o impacto da perda até que a pessoa tenha condições minimamente razoáveis de lidar com o ocorrido.
2.      Raiva – O sujeito já assimilou o fato (a perda, o diagnóstico e seu prognóstico sem expectativa ou a amputação de um membro, por exemplo) tenta de algum modo culpar algo ou alguém por sua incompreendida situação como meio de encontrar racionalidade a dor.
3.      Negociação – No desespero diante do ocorrido e do despreparo emocional para lidar com a perda o sujeito “tenta” barganhar com a espiritualidade algo em troca da restituição daquilo que foi perdido.
4.      Depressão[3] – É uma fase de preparação para a fase seguinte, o sujeito tende a se repensar ou repensar a relação com aquele que se foi. Esta é a fase em que o silêncio significa muita coisa, pois está repleto de reflexões que não podem ser verbalizadas em sua totalidade.
5.      Aceitação – O sujeito passa a aceitar a sua condição seja do ângulo de quem vive uma doença terminal ou alguém que perde o ser amado.
Inicialmente as fases citadas foram elaboradas para descrever o processo da morte e do morrer, ou seja, para aquele que perde o ser amado e para aquele que vivencia gradualmente a sua morte por uma doença terminal, contudo, com o aprofundar dos estudos sobre essas questões, essas fases são aplicadas nos dia de hoje de uma forma geral a todos os processos de enlutamento, de perda do objeto amado, ex: separações, perda de membros do corpo, doenças incuráveis.
Acontece, de forma gradual, entre um pólo e outro; entre a fase de negação e a fase de aceitação um processo de desinvestimento e outro de superinvestimento. No primeiro, acontece que o sujeito, inconscientemente, retira todo investimento emocional das suas representações e demais vínculos afetivos para superivesti-los intensamente na representação daquele objeto que se perdeu, causando o luto. O psicanalista J-D Nasio[4], conclui que esse esvaziamento súbito causado pelo desinvestimento é tão doloroso quanto o superinvestimento em um único objeto de amor, considero até que a manutenção desse supervinvestimento propicia o desenvolvimento de psicopatologias. Nasio resume a dor de amar como: “o afeto que exprime o esgotamento de um eu inteiramente ocupado em amar desesperadamente a imagem do amado perdido. O langor e o amor se fundem em dor pura”.
Assimilar a perda nem sempre é fácil, ainda mais quando não trabalhamos em nós o desapego ou a crença em formas mais elaboradas e evoluídas de transformação da vida e do sentimento, por isso na nossa sociedade o luto é algo tão complicado de se fazer porque simplesmente não paramos para refletir sobre o processo. Não nos repensamos, diria até que não pensamos sobre a perda. Passamos o tempo nos iludindo com a dor ou com formas de entretenimento e anestesias emocionais que bloqueiam a resignificação da perda.
De acordo com Nasio, o luto é nada mais do que uma lentíssima redistribuição da energia psíquica até então concentrada em uma única representação que era dominante para o sujeito que vivencia a perda. Mas nos dias de hoje, realizar o luto está cada vez mais difícil, as relações são substituídas sem serem repensadas, os sentimentos são mascarados com drogas (lícitas ou ilícitas) e condutas de vida que não lhes permitem a análise minuciosa da ferida.
É como se em um cesto de roupas sujas fossemos empilhando uma roupa suja em cima da outra, considerando cada roupa uma metáfora para cada perda/trauma, por fim o cesto há de transbordar e o sujeito terá de encarar todas aquelas roupas de uma só vez. Assim é quando não pensamos nas nossas relações e não dedicamos espaço e tempo para analisar cada uma delas devidamente ao seu tempo, corremos o risco de ter um transbordamento de sofrimento que imperiosamente fará com que teremos de paralisar a vida para lidar com o acúmulo de emoções que não foram assimiladas ao longo do tempo.

[1] Que sofre as conseqüências de uma comoção.
[2] KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo, Martins Fontes, 1992.
[3] Não confundir com a patologia depressão descrita na Classificação Internacional de Doenças – CID 10.
[4] NASIO, Juan-David. A dor de amar. Rio de Janeiro, Jorge Sahar Ed., 2007.

A EDUCAÇÃO DOS SENTIMENTOS E O DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

*Karla Júlia Marcelino
RESUMO
A compreensão do significado dos sentimentos, através do auto-conhecimento, identificando como eles se manifestam no ser, torna-se um passo imprescindível para a mudança comportamental e consequente melhoria das relações intra e interpessoais. Os nossos pensamentos, sentimentos, palavras, ações refletem as crenças, valores, visão de mundo internalizadas através da educação. A identificação de sentimentos que geram estados de sofrimentos possibilitará alcançar uma maior compreensão quanto às suas causas e consequências. Através da educação dos sentimentos e o desenvolvimento da inteligência emocional, estaremos alcançando o equilíbrio entre o pensar, sentir e agir e conseqüentemente, melhorando as nossas relações humanas e profissionais.

Palavras-chave: Educação. Sentimentos. Inteligência Emocional. Conhecimento. Competências.

1. Introdução

Estamos diante de um mundo globalizado e competitivo, em constantes transformações. As organizações enfrentam desafios de ordem econômico-social, política e financeira, onde os dirigentes, gestores e líderes organizacionais se deparam com novos conceitos e metodologias, inovação tecnológica, numa velocidade acelerada que, quando começam a ser processadas, os paradigmas já se alteraram. A internet facilitou o acesso às informações, o que antes era privilégio de poucos e podemos falar da era virtual vivenciada naturalmente por milhões de criaturas. Contudo, ainda somos os grandes desconhecidos de nós próprios. Os sentimentos, emoções, pensamentos, atrações, repulsas, simpatias e antipatias manifestam-se ainda de forma incompreensível e sem controle, dificultando as relações intra e interpessoais. Os erros alheios são visíveis aos nossos olhos, contudo, e os nossos defeitos e tendências negativas, são devidamente observadas por nós?
A palavra educação vem do latim “educare ou educere. Provérbio: e, verbo ducare, ducere. Significa ato de educar; conjunto de normas pedagógicas aplicadas ao desenvolvimento geral do corpo e do espírito. Promover educação; transmitir conhecimentos; ensejar condições para o educando modificar para melhor” (Dicionário Aurélio).
___________________
*Graduação em Serviço Social. Atualmente exerce o cargo de Ouvidora Geral do Estado em PE. Aluna do mestrado Psicologia social e Organizacional UNISLA/Núcleo de Pós-Graduação e Extensão – Campus II – Recife.

Kardec, eminente pedagogo francês (1857) nos esclarece que: “A educação, se for bem compreendida, será a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda observação”.

Na Wikipedia (2010), encontramos uma definição de Sentimentos: de forma genérica são informações que seres biológicos são capazes de sentir nas situações que vivenciam. Abraham Maslow, professor de Harvard comentou que todos os seres humanos nascem com um senso nato de valores pessoais positivos e negativos. Somos atraídos por valores pessoais positivos tais como justiça, honestidade, verdade (...).
Atualmente o termo sentimento é também muito usado para designar uma disposição mental, ou de propósito, de uma pessoa para outra ou para algo. Os sentimentos assim, seriam ações decorrentes de decisões tomadas por uma pessoa.
Geralmente confunde-se sentimentos com emoções. Sentimentos são estados afetivos produzidos
por diversos fenômenos da vida intelectual ou moral. De forma geral, pode-se afirmar que os
sentimentos são duradouros e fáceis de esconder; já as emoções, por serem corporais e espontâneas,
são mais visíveis (mãos suadas, choro, riso...). Como nos explica Jolivet (1964, p.73) “emoção é um
fenômeno afetivo complexo, provocado por um choque brusco e compreendendo um abalo mais ou
menos profundo na consciência”. C. LAHR (1964) também explica que emoção é o estado afetivo
intenso muito complexo proveniente da reação ao mesmo tempo mental e orgânico do indivíduo
todo, sob a influência de certas excitações internas ou externas, pois, nisto se vê a diferença
existente com o termo sentimento.
Inteligência emocional é um conceito em Psicologia que descreve a capacidade de reconhecer os
próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles. Goleman definiu
inteligência emocional como:
"...capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos
motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos"
(1998).
Para aquele autor, a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos
indivíduos. Como exemplo, recorda que a maioria das situações de trabalho é envolvida por
relacionamentos interpessoais, desse modo, pessoas com qualidades de relacionamento humano,
como afabilidade, compreensão e gentileza têm mais chances de obter o sucesso. Assim, a
inteligência emocional pode ser categorizada em cinco habilidades:
Auto-Conhecimento Emocional - reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando.
ocorrem.
.Controle Emocional - lidar com os próprios sentimentos, adequando-os à cada situação vivida.
.Auto-Motivação - dirigir as emoções à serviço de um objetivo ou realização pessoal.
Reconhecimento de emoções em outras pessoas - reconhecer emoções no outro e empatia de.
sentimentos; eHabilidade em relacionamentos inter-pessoais - interação com outros indivíduos utilizando.
competências sociais.
Enquanto nos comprazemos nas paixões, reincidindo nos erros, numa atitude desatenta quanto aos
aspectos que necessitam serem modificados ou burlados na nossa intimidade, enfrentaremos
angústias e conflitos existenciais. As oportunidades do aprendizado na convivência com o próximo
e consigo mesmo não devem ser desperdiçadas.
Para Eugênio Mussak (2003, p. 62-65),
Conhecimento é informação com significado, capaz de criar movimento, modificar fatos,
encontrar caminhos, construir utilidade (...). Conhecimento é algo pessoal, propriedade de
quem o detém, e não pode ser transferido de uma pessoa a outra por inteiro, com todas as
suas características, sentimentos, detalhes e significados.
Os nossos pensamentos, sentimentos, palavras, ações refletem as crenças, valores, visão de mundo
internalizadas através da educação. A identificação de sentimentos que geram estados de
sofrimentos possibilitará alcançar uma maior compreensão quanto às suas causas e consequências.
Relacionaremos a seguir, conforme Ney Prieto Peres (1991, p.77 a 109), alguns dos sentimentos
negativos de conotação “perturbadora”: orgulho, vaidade, inveja, ciúme, avareza, ódio, remorso,
vingança, agressividade, personalismo, maledicência, intolerância, impaciência, negligência e
ociosidade.
Ouvir significa ter paciência e tolerância para aceitar a outra pessoa como ela é, com suas
qualidades e defeitos, crenças e emoções, sem pré-julgamentos. Conforme nos diz Penha “Ouvir é
mais que uma atitude de educação, é sinônimo de inteligência, porque em geral, as pessoas têm
sempre algo importante a nos dizer, que às vezes pode fazer toda a diferença no nosso próprio
trabalho “ (2008, 93).
2. Gestão por Competências
Segundo RABAGLIO (2008, p.9),
Gestão é o ato de gerir, de administrar. São os meios através dos quais se gerem uma
equipe, uma instituição, um projeto ou uma empresa.
A gestão por Competência, segundo a mesma autora, está baseada numa tríade conhecida como
CHA, compreendendo os conhecimentos, as habilidades e as atitudes de uma pessoa. O
conhecimento tem relação com a formação acadêmica, informações recebidas e o investimento na
vida profissional.  A habilidade está ligada ao prático, à vivência e ao domínio do conhecimento. Já
a atitude representa as emoções, os valores e sentimentos das pessoas, que compreende o
comportamento humano.
A palavra gestor vem do latim gestore e de um modo geral os dicionários convergem para aquele
que gere, dirige ou administra bens, negócios ou serviços.
Chiavenato (2007) coloca que para alcançar resultados o gestor precisa desenvolver competências
fundamentais: conhecimento, habilidades, julgamento e atitude. E as competências fundamentam-se
em habilidades necessárias a um gestor:Habilidades técnicas consiste em utilizar conhecimentos, métodos, técnicas e
equipamentos necessários para a realização de tarefas específicas com base em seus
conhecimentos e experiência profissional. [...] As habilidades humanas: consistem na
capacidade e no discernimento para trabalhar com pessoas e, por intermédio delas, saber
comunicar, compreender suas atitudes, motivações e desenvolver uma liderança eficaz. [...]
as habilidades conceituais: consistem na capacidade de lidar com idéias e conceitos
abstratos. Essa habilidade permite que o administrador faça abstrações e desenvolva
filosofias, valores e princípios de ação (2007, p.69).
Para o mesmo autor, as competências pessoais transformam pessoas em talentos” (CHIAVENATO,
2007, p. 388).
Com a padronização dos sistemas de gestão, as empresas desenvolveram capacidade suficiente para
operar de maneira produtiva nesse processo de gestão por competências, garantindo assim um bom
posicionamento no mercado competitivo, agregando valores, pela modernidade e efetividade de seu
embasamento técnico, teórico e prático.
4. Considerações
O conhece-te a ti mesmo, conforme nos ensinou um sábio da antiguidade (Sócrates), será o meio
mais prático de transformação interior. Quando por livre e espontânea vontade, não nos dispomos a
enveredar neste processo de auto-conhecimento, buscando identificar o porquê das nossas reações
negativas aos fatores externos no relacionamento social, somos impulsionados pelos entre-choques
afetivos com aqueles do nosso convívio (família, trabalho, grupos sociais) a nos conhecer.
Aprendemos muito na convivência, através de nossas reações com o meio e as manifestações que o
meio nos provoca, atingindo-nos emocionalmente. No convívio com o próximo, aprendemos a
identificar nossas reações indesejáveis de comportamento e a discipliná-las. O conhecer-se é o
próprio processo de auto-conscientização do reconhecimento de nossas limitações e da mobilização
de esforços em superá-las.
No relacionamento humano, a eficiência em lidar com outras pessoas é muitas vezes prejudicada
pela falta de habilidades, de compreensão e de trato interpessoal. As pessoas que têm mais
habilidades em compreender os outros e têm traquejo interpessoal são mais eficazes no
relacionamento humano.
Assim, através da educação dos nossos próprios sentimentos e do desenvolvimento da inteligência
emocional, estaremos alcançando o equilíbrio entre o pensar, sentir e agir e conseqüentemente,
melhorando as nossas relações humanas e profissionais.
Referências
CHIAVENATO, Idalberto.  Administração: teoria, processo e prática. 4. Ed. Rio de .
Janeiro:Elsevier, 2007, p.69  e 388.
.GOLEMAN, Daniel.  Emotional intelligence. New York: Bantam Books, 1995 .
.JOLIVET, Régis. In: FONTANA, D. F. Filosofia do Vestibular. São Paulo, Saraiva, 1964, p. 73 .
.Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos: Filosofia Espiritualista. São Paulo, 51 º Edição,Lake, 1991 .
.LAHR, C. In: FONTANA, D. F. Filosofia do Vestibular. São Paulo, 1964, p. 70 .
Mussak, Eugenio. Metacompetência:Uma nova visão do trabalho e da realização pessoal.são .
Paulo:Editora /gente, 2003, p.62,65. PENHA, Cícero Domingos.Atitude é querer:como a atitude faz a diferença na carreira, nos .
negócios e na vida.Rio de Janeiro:Qualitymark, 2008, p.93.
.PERES, Ney Prieto. Manual prático do Espírita. São Paulo:Editora Pensamento, 1990, p.78 a 109.
RABAGLIO, Maria Odete. Gestão por Competência: ferramentas para atração e captação de.
talentos humanos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008 p.9.
Wikipedia. Disponível em; em HTTP://pt.wikipedia.org/wiki/sentimento.Acesso em: 21 de.
set.2010.

DIÁLOGO SOBRE ILUSÃO



"RAINHA ENTRE OS HOMENS, COMO RAINHA JULGUEI QUE PENETRASSE
NOS REINO DOS CÉUS ! QUE DESILUSÃO ! QUE HUMILHAÇÃO, QUANDO,
EM VEZ DE SER RECEBIDA AQUI QUAL SOBERANA, VI ACIMA DE MIM, MAS
MUITO ACIMA, HOMENS QUE EU JULGAVA INSIGNIFICANTES E AOS QUAIS
DESPREZAVA, POR NÃO TEREM SANGUE NOBRE !" E.S.E. CAP. 2, ÍTEM 8
O que são as ilusões? Definamos ilusão como sendo aquilo que pensamos, mas que não corresponde à realidade. São percepções que nos distanciam da Verdade. Existem em relação a muitas questões da vida, tais como metas, cultura, comportamento, pessoas, fatos. A pior das ilusões é a que temos em relação a nós: a auto-ilusão.
Qual a causa das ilusões? As ilusões decorrem das nossas limitações em perceber a natureza dos sentimentos que criam ou determinam nossos raciocínios. Na matriz das ilusões encontramos carências, desejos, culpas, traumas, frustrações e todo um conjunto de inclinações e tendências que formam o subjetivo campo das emoções humanas.
Por que a senhora citou que a auto-ilusão é a pior das ilusões? O iludido pensa muito o mundo "negando" senti-lo, um mecanismo natural de defesa face às dificuldades que encontra em lidar com suas emoções. Esconde-se atrás de uma imagem que criou de si mesmo para resguardar autoridade social ou outro valor qualquer que deseje manter.
O objetivo da reencarnação consiste em desiludir-nos sobre nós mesmos através da criação de uma relação libertadora com o mundo material. Se não buscamos esta meta então caminhamos para a falência dos planos de ascensão individual.
Conforme a resposta anterior, o iludido esconde-se de quê? De si mesmo. Criando um "eu ideal" para atenuar o sofrimento que lhe causa a angústia de ser o que é - a criatura foge de si e vive em "esconderijos psíquicos" .
Mas, por que se esconde de si mesmo? Devido ao sentimento de inferioridade que ainda assinala a caminhada da maioria dos habitantes da Terra. Iludimo-nos através de um mecanismo defensivo contra nossa própria fragilidade que, pouco a pouco, vamos extinguindo. Negar o que se sente e o que se deseja é o objetivo desse mecanismo. Uma forma que a mente aprendeu para camuflar o sentimento de inferioridade da qual o espírito se conscientizou em algum instante de sua peregrinação evolutiva.
Então, iludimo-nos para nos sentirmos um pouco melhores, seria isso? Auto-ilusão é aquilo que queremos acreditar sobre nós mesmos, mas que não corresponde à realidade do que verdadeiramente somos, é a miragem de nós próprios ou aquilo que imaginamos que somos. Uma vivência psíquica resultante da desconexão entre razão e sentimento. É a crença na imagem idealizada que criamos no campo mental. É aquilo que pensamos que somos e desejamos que os outros creiam sobre nós.
Nós, espíritas, temos ilusões? Responderei com clareza e fraternidade: sim, muitas ilusões. O iludido, quando ambicioso, atinge sem perceber as raias da usura; quando dominador chega aos cumes da manipulação; quando vaidoso, guinda-se aos pântanos da supremacia pessoal; quando cruel, atola-se ao lamaçal do crime; quando astuto, atira-se às vivências da intransigência; quando presunçoso, escala os cumes da arrogância; e, mesmo quando esclarecido espiritualmente, lança-se aos píncaros do exclusivismo ostentando qualidades que, muita vez, são adornos frágeis com os quais esnobam superioridade que supõem possuir.
Poderia dizer a nós, espíritas, algo sobre nossas ilusões? Existe uma tendência à auto-suficiência entre os depositários do conhecimento espírita. Discursam sobre a condição precária em que se encontram assumindo a condição de almas carentes e necessitadas, todavia, diametralmente oposto a isso, agem como se fossem "salvadores do mundo" com todas as respostas para a humanidade. Essa incoerência na conduta é provocada pela ilusão que criaram do papel do espírita no mundo ...
O Espiritismo é excelente, nós espíritas, nem tanto ... Nossa condição real, para quem deseja assumir uma posição ideal perante si mesmo, é a de almas que apenas começamos a sair do primitivismo moral. Alegremo-nos por isso!
Essa auto-suficiência seria o orgulho? O orgulho promove essa condição, é a mais enraizada manifestação da ilusão, é a ilusão de querer ser o que imaginamos que somos. Essa é a pior ilusão, a auto-imagem falsa e superdimensionada de nós mesmos. Essa auto-ilusão é sustentada por uma "cultura de convenções" acerca do que seja ser espírita, um resquício do velho hábito religioso de criar "estampas" pelas quais serão reconhecidos os seguidores de alguma doutrina. Nesse caso, a ilusão desenvolvida chama-se "idéia de grandeza".
Muitas pessoas desejariam sair prontas para testemunho após pequenos exercícios de espiritualização no centro espírita, entretanto, por ignorarem sua real condição espiritual, fazem da casa doutrinária um templo de aquisição da angelitude imediata. Querem sair prontos e perfeitos das tarefas e estudos, quando o objetivo de tais iniciativas é capacitar de valores intelecto-morais para repensar caminhos e encontrar respostas para as encruzilhadas da alma, nas refregas da existência.
O que é essa auto-imagem falsa? Uma construção mental que se torna a referência para nossas movimentações perante a vida. É uma cristalização mental, uma irradiação que cria uma rotina escravizante nos sentimentos permitindo-nos viver somente as emoções em uma "faixa de segurança", a fim de não perdermos o status da criatura que supomos ser e queremos que os outros acreditem que somos. O que pensamos sobre nós, portanto, determina a imagem mental indutora dos valores íntimos. Se o raciocínio sofre distorções da ilusão, então viveremos sem saber quem somos.
Como é construída essa auto-imagem? Através das vivências intelecto-afetivas de todos os tempos desde a criação.
Onde ela permanece? No corpo mental. Sua maior expressão é conhecida pelas operações do departamento da imaginação no reino da mente.
Quer dizer que além da auto-imagem temos um "eu real", diferente do "eu crístico", que ainda não conhecemos? Sim. Temos um "eu real" que estamos tentando ignorar há milênios. Essa "parcela" de nós é a "sombra" da qual queremos fugir. Todavia, o contato com essa "zona inconsciente" revela-nos não só motivos de dor e angústia mas, igualmente, a luz que ignoramos estar em nossa intimidade à espera de nossa vontade para utilizá-la.
Aqui chamamos a atenção dos nossos parceiros de ideal para o cuidado com o processo da reforma interior. Existe muita idealização confundindo aprendizes que imaginam estar dando "saltos evolutivos" em direção a esse "eu real", entretanto, em verdade, estão se movimentando na esfera do "eu idealizado" ...
Poderia explicar mais profundamente essa questão dos "saltos evolutivos"? É um tipo de ilusão que normalmente assalta os religiosos de todos os tempos. Imaginam-se muito melhorados a partir do contato com alguma diretriz ou prática religiosa e, então, passam a viver uma vida idealizada, um projeto de "vir-a-ser". É uma ilusão de que se está fazendo a renovação, apenas uma idealização. Uma forma de comportar desconectada do sentimento, um adorno moral para nossas atitudes; é o discurso sem a vivência. O nome mais conhecido desse comportamento é puritanismo.
Como distinguir idealização de mudança verdadeira? Na idealização pensamos o que somos e, como conseqüência, vivemos o que gostaríamos de ser, mas ainda não somos. É o hábito das aparências.
Na reforma íntima sentimos o que somos, e como conseqüência vivemos a realidade do que somos com harmonia, ainda que nos cause muitos desconfortos. É o processo da educação paulatina.
Na idealização vive-se em permanente conflito por se tratar, em parte, de uma negação da realidade, enquanto na reforma autêntica a criatura consegue penetrar os meandros dos "sentimentos-causais", encontrando uma convivência pacífica consigo e aceitando-se sem se acomodar em direção a melhoras mensuráveis.
Como vencer nossas ilusões? Desapegando da falsa auto-imagem falsa que fazemos de nós mesmos. Desapaixonando-se do "eu". Para isso somente o autoconhecimento.
Havendo esse desapego, conseguiremos libertar os sentimentos para novas experiências com o mundo e conseqüentemente com nosso "eu profundo". Isso desencadeará um processo de resgate de nós mesmos, venceremos a condição de reféns de nosso passado escravizante, saindo da "roda viciosa das emoções" perturbadoras, quais sejam o medo, a culpa e a insegurança.
O processo da desilusão custa sorver o fel da angústia de saber quem somos, e carregar o peso do sacrifício de cuidar dessa personalidade nova que renasce exuberante Independente do quão doloroso seja, é preferível experimentá-la no corpo a ter que purgá-la na vida espiritual.
Assinalemos alguns exercícios de desapego dessa paixão que nutrimos pela imagem irreal que criamos de nós mesmos:
* Fazer as pazes com as imperfeições .
* Abandonar os estereótipos e aprender a se valorizar com respeito .
* Descobrir sua singularidade e vivê-la com gratidão .
* Coragem para descobrir seus desejos, tendências e sentimentos .
* Exercitar a auto-aceitação através do perdão .
* Munir-se de informações sobre a natureza de suas provas .
* Aprender a ouvir com atenção o que se passa à sua volta .
* Dominar o perfeccionismo nutrindo a certeza de que ser falível não nos torna mais inferiores .
* Valorizar afetivamente as suas vitórias .
* Descobrir qualidades, acreditar nelas e colocá-las a serviço das metas de crescimento.
Paulo, o apóstolo da renovação, indica-nos uma sublime recomendação que nos compele a meditar na natureza de nossos sentimentos em torno da mensagem do amor; sugerimos que esse seja nosso roteiro na vitória sobre as ilusões: "Olhais para as coisas segundo as aparências? Se alguém confia de si mesmo que é de Cristo, pense outra vez isto consigo" ( .. .) - II Corintios, 10:7.
Espírito Ermance Dufaux