quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Reforma Íntima II




Todos nós que frequentamos a casa espírita e que estudamos o espiritismo, já ouvimos falar da necessidade de fazermos a reforma íntima, de mudar nossa forma de pensar e agir para nos sentirmos melhor. É sobre isso que vamos falar hoje.

 - Vamos entender o que é reforma íntima

- Como fazer a reformar íntima

- E, por fim, por que fazer a reforma íntima, no que isso lhe beneficiará?



O que é reforma íntima?



Quando ouço falar em reforma, qual a primeira ideia que me vem à mente? Normalmente pensamos na reforma de imóvel.

E quando eu penso em reformar um imóvel, eu já tenho que ter em mente qual a melhoria ou mudança que preciso fazer, onde não está bom ou onde precisa e pode ser melhorado, embelezado, enfim, onde vou fazer a transformação.

Então, reforma é o ato de mudar, transformar.

Portanto, reforma íntima é a mudança, a transformação que faço no meu interior. E, ela se inicia exatamente da mesma forma que inicio o projeto de reforma de uma casa, ou seja, analisando o que não está bom, o que precisa ser transformado.

Ocorre que o processo de reforma íntima é muito difícil, pois, preciso fazer uma autocrítica, uma auto-avaliação do meu comportamento, das ações da minha personalidade.

Essa auto-avaliação é importante, pois precisamos saber em que grau de evolução espiritual nos encontramos, e só assim poderemos avaliar o que precisa ser transformado no meu comportamento, nas minhas ações e personalidade. Esse grau de evolução espiritual foi falado por Kardec na codificação.

Kardec, no Livro dos Espíritos, Questão n. 100 foi informado pelos espíritos da existência de uma ESCALA EVOLUTIVA

Essa escala é dividida em três categorias:

NA BASE ESTÃO OS ESPÍRITOS IMPERFEITOS, que são caracterizados assim pela predominância da matéria sobre o espírito e pela propensão ao mal. Ignorância, orgulho, egoísmo, inveja, ciúme, maledicência (falar mal do outro), comodismo, etc.

Nem todos os espíritos imperfeitos são maus, em alguns há mais leviandade, inconsequência, malícia do que maldade.

Uns não fazem nem o bem nem o mal, e por não fazerem o bem denotam sua inferioridade.

Outros, ao contrário, comprazem-se com o mal e sentem-se satisfeitos quando têm a oportunidade de praticá-lo.



NA SEGUNDA CATEGORIA ESTÃO OS BONS ESPÍRITOS, nestes já predominam o espírito sobre a matéria e pelo desejo do bem. Tem capacidade de fazer o bem e sentem felicidade em fazer o bem. Não os movem o orgulho, o egoísmo, nem a ambição. Não sentem ódio, rancor, inveja ou ciúme, e fazem o bem pelo bem.



NO TOPO TEMOS OS ESPÍRITOS PUROS, que são aqueles que já atingiram a perfeição, não têm nenhuma influência da matéria.

Apresentam absoluta superioridade moral e intelectual em relação às outras categorias de espíritos que já falamos. Esses espíritos já percorreram todos os demais graus da escalada evolutiva e se livraram das impurezas da matéria.

Atingiram o grau máximo de perfeição de que uma criatura é suscetível. E não precisam mais reencarnar.

Às vezes são chamados de anjos.



O processo de reforma íntima não é fácil.



Avaliar nossas ações, comportamentos e nossa personalidade, não é um exercício fácil, pois, não nos é interessante fazer uma autocrítica. Mas, não admitir os nossos defeitos e somente apontar com o dedo para os defeitos dos outros, isso impedirá nossa evolução moral e espiritual.

Nós somos o que pensamos e o que sentimos. O que nós pensamos, nós atraímos.

Portanto, se tivermos pensamentos bons, vamos atrair para nós mais energias boas, sentiremos mais disposição para curtir nossa família, para trabalhar. Já se cultivamos pensamentos ruins, atrairemos somente discórdias, tristezas, indisposições, além de pessoas ruins. Além, não posso deixar de falar, que também nos acarreta doenças psicossomáticas (aquelas criadas pela nossa mente). Primeiro a doença surge em nossa mente e depois no corpo físico.

VEJAMOS BEM: Todos nós temos problemas e, buscamos a solução mágica para os mesmos, só não podemos esquecer que são os nossos problemas que nos fazem evoluir. Às vezes podemos até pensar que nossos problemas e sofrimentos são punição de Deus. Ora, Deus não nos pune, pois, Ele é infinitamente bom e misericordioso. Os nossos problemas e sofrimentos são provações que Deus se utiliza para nossa evolução moral e espiritual.



E como fazer essa reforma íntima?

Primeiro: CONHECER A SI MESMO: a pessoa tem que estar realmente motivada a se conhecer, admitindo seus erros, mesmo que só para si mesmo, mas, precisa ter determinação. Tem que fazer uma autocrítica. Se eu achar que estou sempre com a razão, fica difícil iniciar qualquer processo de transformação.

Se eu pensar que só sinto ódio de fulano porque ele me fez mal, ele me prejudicou, ofendeu-me, enganou-me, traiu-me. Ora, avalie se você, em algum momento de sua vida já não feriu alguém em intensidade menor ou na mesma intensidade com a qual foi ofendido.

Jesus disse: “Atire a primeira pedra quem não tiver pecados”.

Ora, ai está a oportunidade de iniciarmos o processo de nossa reforma íntima. Avaliando quais as circunstâncias em que aquela pessoa se encontrava quando disse algo que me feriu, ou ainda, se algum comportamento que eu tive ou tenho, pode ter motivado aquela reação\atitude.

Segundo: Aprender e aplicar no seu dia a dia, na essência, o maior ensinamento de Jesus: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.  Esse princípio manda que ajamos com o outro, como gostaríamos que agissem conosco. É respeitar os direitos de cada indivíduo, como cada um deseja que respeite os seus, é passar a respeitar a sua família, amigos, as regras impostas para se viver bem em sociedade, perdoar, fazer o bem simplesmente porque isso lhe dá prazer, o faz feliz.

E mais, comecemos nossa reforma íntima dentro de casa: respeitando aqueles que, por excesso de intimidade, achamos que podemos tratar de qualquer forma, com gritos e xingamentos.

Em casa, procure auxiliar mais, ou seja, respeite as regras básicas: sujou – lave, usou – guarde.

Se tiver que acordar seu filho para ir para escola, o faça com carinho, com palavras amáveis, mesmo nos dias que eles insistem em permanecer mais um pouquinho na cama.

Se você precisa de ajuda, peça de forma clara e, não fique jogando indiretas.

Respeite e tenha paciência com os mais velhos, pois, você também ficará velho, lento, e vai querer que tenham paciência com você.

META DA REFORMA ÍNTIMA: é fortalecer sua fé e o amor, a busca incessante do perdão, o cultivo de sentimentos bons.



BASE FUNDAMENTAL PARA A REFORMA ÍNTIMA: seguir o maior mandamento de Jesus: ”Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.





Objetivo da reforma íntima

Muitos são os motivos que nos levam à Casa Espírita: Pelo amor, pela dor, convite de alguém, curiosidade.

E o que acontece? Assistimos palestras, recebemos o passe, tomamos água fluidificada e vamos embora. E, estas atitudes poderão se repetir por longo tempo. Mas à medida que vamos estudando e compreendendo melhor os ensinamentos espíritas, sentimos que necessitamos nos integrar mais nas ações de reforma moral da sociedade, e nada melhor para fazermos isso do que iniciando, por nós mesmos, ou seja, que sejamos espíritas na convivência com o mundo, e isso nos leva à nossa reforma moral ou não.

Isso porque, ao começarmos a estudar a doutrina espírita, percebemos que a maioria dos livros fala da importância da reforma íntima, de se renovar nossas atitudes.



1. Renovação de atitudes…

Um jovem foi ao médico, queixando-se de dores abdominais. Tendo sido atendido pelo médico, este atencioso, realizou exames, fez entrevistas, e ao final chegou ao diagnóstico: Cirrose hepática, doença do fígado por ingestão de bebida alcoólica. Enfermidade conhecida e facilmente tratável, receitou um tratamento, onde o paciente deveria tomar uma medicação, fazer caminhadas diárias, ao final da caminhada realizar algumas ginásticas. O paciente saiu satisfeito, pois ver-se-ia livre de suas dores. Ao final de um mês, retornou novamente o paciente ao consultório médico, onde o doutor o atendeu solícito.

Há doutor! O tratamento não deu resultado, pois continuo a sentir dores. O profissional estranhou, pois tinha confiança em seu diagnóstico, mas voltou a examiná-lo.

- O senhor tomou o remédio que lhe receitei? Sim senhor doutor, certinho, três vezes ao dia!

- O senhor fez as caminhadas para melhorar a circulação? Cinco quilômetros todos os dias doutor!

- O senhor fez as ginásticas como recomendado? Uma hora diária após as caminhadas doutor!

- O senhor parou de beber? Não doutor… doutor continua doendo…

A medicina terrena trata das enfermidades do corpo físico, o Espiritismo trata das enfermidades do espírito (estando ele encarnado ou não). O médico nos escuta, analisa, faz exames e nos recomenda um tratamento. A Casa Espírita, nos escuta, analisa, consola, e também nos recomenda mudanças de atitudes; mas esta vai mais além em nosso benefício, pois nos fornece o passe magnético, a água fluidificada e em alguns casos tratamentos de desobsessões.

Mas, assim como no caso do paciente enfermo, se quisermos melhorar, cumpre que façamos a nossa parte, mudando as nossas tendências negativas, ou ficaremos indefinidamente tomando remédios, realizando caminhadas, fazendo ginásticas, recebendo passes, tomando água fluidificada…



QUE BENEFÍCIO ME TRARÁ A REFORMA ÍNTIMA?



Ao cultivarmos pensamentos bons, como a bondade, o amor, a caridade, o carinho, a coragem, a gratidão, estaremos evoluindo moralmente e espiritualmente, pois, esses sentimentos bons são os remédios para todo e qualquer sofrimento, é a chave para atingirmos a paz interior e, consequentemente, a felicidade exterior.

Quando você faz essa mudança dentro de você, tudo a sua volta muda, as pessoas mudam, pois, o mundo começa a mudar a partir de você. Essas mudanças vão se refletir nos nossos relacionamentos familiares, com os colegas de trabalho, com os nossos amigos.

Lapidar os próprios sentimentos é tarefa árdua, por isso é demorado e delicado o processo para se fazer a reforma íntima, necessita-se de muita determinação, paciência, tolerância, desprendimentos, perdão e acima de tudo, AMOR.



ORAÇÃO

Senhor, reconheço a importância de empenhar-me em fazer a minha reforma íntima, buscando a cada dia, ser uma pessoa melhor que no dia anterior. Senhor, sei ainda que, deverei ao final de cada dia, ao término de cada ação, ao concluir cada comentário, que eu saiba me calar e refletir sobre o que eu disse, sobre o que pensei, sobre o que fiz. Sei que devo continuamente analisar meus pensamentos, palavras e obras, só assim, disciplinarei minha conduta para torná-la uma conduta verdadeiramente espírita, uma conduta verdadeiramente cristã.

Compreendo que tenho a eternidade para evoluir, mas, não quero que isso sirva para amolecer o meu ânimo, mas sim, como estímulo para que eu acelere a marcha, de modo a poder ajudar aqueles que ficaram para trás, praticando, desse modo, a verdadeira caridade cristã.

Que assim seja.





Heloiza Beth Macedo Delgado

Palestra proferida no Centro Sociedade Allan Kardec de Estudos Espíritas, em Birigui, em 06 de agosto de 2012.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Solidão e consciência


Nesta época em que vivemos, a sensação é que jamais estamos sós. Cercados por gente em ônibus, metrôs, aviões, locais de trabalho e ruas. Entretanto, nunca fomos tão solitários.

E quanto mais nos cercamos de gente, de barulho, de tarefas, mais se agrava a sensação de que estamos sós. Parece contraditório?

Parece sim. Mas não há contradição. Porque estar em companhia de alguém é muito mais do que estar ao lado da pessoa.

Muitas vezes a presença física está lá, mas a alma já escapou para um lugar distante.

Um dos maiores compositores da Humanidade, Giuseppe Verdi, criou uma imagem fascinante para as pessoas que vivem cercadas de gente, em festas cheias de risos e de alegria, mas que se sentem caminhando sós pelo Mundo.

Está na ópera La traviata. É quando a personagem Violeta fala que é uma mulher sozinha em um populoso deserto.

Quantas vezes nos sentimos em um deserto habitado por gente estranha!

Sim, em nossa vida raramente temos pessoas que pensam igual a nós.

Aqui e ali temos afinidades e pontos em comum, mas a trajetória da alma é solitária. Nossas descobertas, vitórias e frustrações são intransferíveis.

Em nosso caminho para Deus estabelecemos diálogos que dizem respeito apenas a nós mesmos.

Processos pessoais, momentos puramente individuais em que a voz da consciência ressoa em nossa alma com exatidão... Com rara sinceridade.

Por melhores sejam os amigos, eles não nos dirão as verdades como a nossa própria consciência o faz.

O amigo não vai desejar nos ofender, maltratar ou irritar. Por isso, ele tentará minimizar a dura verdade.

Mas a consciência, não. Ela nos apresenta uma avaliação rigorosa de nossos atos. Ela nos põe diante de nós mesmos.

Tudo muito naturalmente. E sequer conseguimos contestar essa avaliação criteriosa.

Então, por que temer a solidão? É quando silencia o mundo à nossa volta que conseguimos ouvir a voz da consciência.

O homem sábio muitas vezes busca o deserto, a quietude, o silêncio, a fim de se encontrar consigo mesmo, de voltar-se para Deus.

Há tempo para tudo, ensina o Eclesiastes, um dos livros bíblicos. Tempo de semear, tempo de colher, tempo de falar, tempo de silenciar também.

Silenciar para ouvir os sons da alma, os conselhos do coração.

Então, se a vida lhe oferece a solidão, acolha-a como um presente. Aproveite cada minuto para reflexões. Encare tudo como oportunidade de aprendizado.

Há tanta gente imersa em ruídos, sufocada por conversas maledicentes ou pelo som de risadas irônicas. Há tanta gente cercada de pessoas mas com o coração amargurado, oprimido, vazio.

Por isso, não lamente a falta de companhia do Mundo. Busque na sua solidão a mão amiga de Deus.

* * *

Enquanto você se crê solitário e triste, frustrado nos anseios que acalentava, perde os olhos nas tintas carregadas do pessimismo e não vê aqueles olhos que o fitam inquietos, desejando se acercar de você, sem oportunidade de poder fazê-lo.

Pense nisso!


Redação do Momento Espírita.

Em tempos de solidão


Por Joana Abranches

Num momento em que epidemias e pandemias roubam a cena nos noticiários, uma doença silenciosa, há algum tempo sutilmente instalada no meio de nós, continua causando estragos não menos danosos que as enfermidades anunciadas. Sim, na sociedade dos “sem tempo”, do individualismo e das relações descartáveis, um dos males do século é a solidão.

Aqui e ali, jovens e “adolescentes retardatários” - contingente cada vez maior de pessoas entre os 20 e os 40 anos de comportamento infantilizado - se acotovelam em noitadas regadas a muito chopp, vodca e ou drogas sintéticas. Nos barzinhos e danceterias, entram em bandos, “ficam” com muitos e saem com muito pouco... Mais sozinhos e perdidos do que nunca. Daí a imprescindível reincidência cotidiana no enganoso jogo do frequentar. Frequentar significa a chance de estar na vitrine e encontrar companhia. Companhia qualquer, que no dia seguinte jaz exibida como troféu em orkuts e blogues, nas fotos repetitivas dos sorrisos forçados sempre emoldurados pelo copo ou pela latinha exibidos orgulhosamente numa das mãos, enquanto a outra automaticamente faz sinal de positivo, ou outro qualquer – conforme a tribo – pra ilustrar a pseudo-alegria de mais uma noite vazia e igual.

Por outro lado, os assumidamente maduros formam a imensa fila dos solteiros, separados e viúvos que procuram relacionamentos sólidos, parceiros afetuosos e leais, mas que, em maioria, se precipitam em relacionamentos arriscados, diante da incomoda sensação de que o tempo está passando, o corpo envelhecendo e as chances diminuindo em razão da ditadura do corpo perfeito e da eterna juventude, excludente e implacável, numa sociedade que há muito vem super valorizando o supérfluo em detrimento do essencial. O desespero faz com que joguem no escuro, seduzidos pela primeira impressão ou por mentiras virtuais em que se quer muito acreditar, mas na verdade seduzidos pela própria carência e premência de ostentar um parceiro. É a lógica de resultados, absorvida por inteiro, a se transportar de forma perversa para a vida pessoal, nela também - e principalmente - fazendo seus reféns. Estar só é sinônimo de incompetência afetiva ou falta dos atrativos exigidos pelo mercado. Viramos coisa, objeto, que independente do conteúdo, se consome ou se rejeita conforme a embalagem e o marketing. O subproduto, claro, é a solidão.

Solidão acompanhada e não menos solitária. Compartilhada pela TV, pelo cachorrinho de estimação, pelas horas a fio nos sites de relacionamento ou pela espera ansiosa de um simples email. Solitude que dói quando se é mais um, igual a todos e – por consequência – invisível; Quando a gente se olha e não se vê ou vê no outro a idealização fugidia de algo que nunca virá a ser. A dor de possuir o que não se tem, desnudar-se a quem não quer ver... A dor de perceber-se descartável, embora humano.

Mas a dor maior será talvez a do equívoco da finitude, a ausência do sentido real da existência, da transcendência, do ser espiritual que pulsa e anseia - sem se dar conta - por algo além da vã materialidade. No fundo, “ser feliz é tudo o que se quer”, mas felicidade é também dar felicidade, o que só virá quando o individualismo der lugar à generosidade e as aparências à essência. Só virá, de fato, quando deixar de ser “um sonho que se sonha só”.

Não nascemos pra viver sozinhos, é verdade. Além do mais, fomos secularmente aculturados para o acasalamento inevitável e complementar. Assim, faz parte do existir compartilhar a vida com alguém especial - às vezes nem tão especial assim – mas cuja presença representa um cobertor emocional para que não se morra de frio quando as crianças crescem e se vão, quando nossos pais já não estão mais por aqui, ou quando aqueles irmãos, amigos e primos, antes inseparáveis, tomam outros rumos. Em tese, o parceiro é a garantia de alguém que fica, quando todos partiram.

Porém, em tempos bicudos de frustrações afetivas, precisamos encontrar alternativas que atenuem a incomoda sensação de abandono que vez por outra teima em nos assaltar... A saída é dar razão de ser à vida. Focar menos no que não se tem e mais no que se pode ser. Colocar as mãos num trabalho gratificante e a cabeça em ideais superiores que certamente preencherão nossos dias. Repartir o que tenhamos em abundancia para oferecer, inclusive afeto. Enquanto o “amor da nossa vida” não chega, concentremo-nos no amor que podemos dar e receber da vida. Adotemos outras famílias, novos amigos, programas saudáveis e divertidos, trabalho voluntário, intimidade com Deus. Voltar a estudar, reencontrar um velho amigo também solitário, desengavetar aquele antigo projeto... Estar por inteiro no mundo, sem metades perdidas e com direito a uma auto-estima pra lá de achada... Eis o segredo para que se possa estar contente com a própria companhia quando não houver mais ninguém por perto; para que se possa perceber o quanto é prazeroso abrir a porta de casa após um dia daqueles, dar de cara com a gente no espelho da sala vazia e, sem nenhum ranço de auto-piedade, poder dizer pra si mesmo sem medo de ser feliz: - Eta sossego danado de bom!

* Joana Abranches - Assistente Social e Presidente da Sociedade Espírita Amor Fraterno – Vitória/ES
joanaabranches@gmail.com – amorefraterno@gmail.com

Solidão é muito mais que viver só


Solidão é definida como estado de quem se acha ou vive só1. Solitário é aquele que vive em estado de solidão, aquele que não convive com os seus semelhantes(1).

Levando em conta esta definição, ou seja, solidão como viver só, Kardec(2) ensina que a vida social está na natureza, dentro da Lei da Sociedade. Deus fez o homem dando-lhe a palavra e as demais faculdades para que pudesse viver em sociedade. Desta forma, todos os seres humanos devem concorrer para o progresso, auxiliando-se mutuamente. Ressalta que o homem não pode viver insulado, pois se embrutece e não progride. Aquele que vive em reclusão, fugindo do contato com o mundo, é portador de um grave egoísmo.

Kardec é enfático quando diz que os laços sociais e familiares são necessários ao progresso do ser humano, pois, desta maneira, quis Deus que os homens aprendessem a amar-se como irmãos.

Assim, Kardec, sem utilizar a palavra solidão, repreende o homem com tendência a se isolar e a viver só. Orienta-o para o progresso e para isto deve ter uma vida de relação.

Tem-se que levar em conta, ainda, que estar sozinho, em muitos momentos, pode ser uma ocasião de solitude saudável e enriquecedora. Pode até desencadear notáveis expressões de criatividade, mas não implica dizer que toda solidão (viver só) traz benefício dessa natureza. Muitos indivíduos dizem se sentir bem quando conseguem ficar sozinhos por um curto período (como dizem: um tempo que é dado só para si) e muitas vezes esta situação faz com que se voltem para dentro de si e se conheçam melhor, principalmente revendo suas atitudes e imperfeições.

O mundo moderno propicia ao homem se sentir só. As causas principais são: famílias menos estáveis, divórcios em larga escala, filhos abandonando os lares na maioridade, computador (pessoas que passam a maior parte do tempo num mundo virtual), bullying (seja na escola, no trabalho, ou em outra situação, provocando o retraimento e isolamento do indivíduo) e outros. Estima-se que em 2010, 31 milhões de americanos viveram sozinhos em casa(3). No Brasil, a Fundação Getulio Vargas divulgou pesquisa em que estimou um número crescente de brasileiros que vivem sós.

Logicamente que o viver só, com pouca interação com o semelhante, pode ocasionar sintomas de tristeza, de incapacidade, de autodesvalorização (depressão) e tendência ao egocentrismo.

Geralmente, na Psicologia e na Psiquiatria, utiliza-se o termo solidão, no mesmo sentido que ensinam os dicionários: falta de alguém ou viver só.

Na prática médico-psiquiátrica a coisa não é bem assim. É comum ouvir a queixa solidão de pessoas que vivem sozinhas, ou porque perderam alguém (separação ou morte) ou pela dificuldade para ter uma amizade ou um relacionamento. No entanto, também se ouvem queixas de pessoas que sentem solidão mesmo convivendo com muitas pessoas, em companhia. Esta solidão é descrita como uma sensação de vazio ou de desconforto interno. Nota-se, desta forma, que se trata de um sentimento mais profundo do que estar simplesmente só.

Este vazio, quase sempre não bem explicado pelo indivíduo, é decorrente de outros sentimentos, tais como: abandono, rejeição, insegurança, baixa autoestima, falta de perspectiva futura, inutilidade; enfim, de sentimentos que encarceram a alma, que bloqueiam a vida afetiva saudável e relacionamentos sociais positivos.

Muitos existencialistas dizem que cada pessoa vem ao mundo sozinha, atravessa a vida como um ser separado dos demais e morre sozinha. Induzem a uma ideia de que o homem vive só na vida, esquecendo-se de que o ser humano é um ser social por sua própria natureza. O lidar com isto e direcionar tudo de uma forma satisfatória é uma condição humana, porque cada um pode e deve cultivar suas qualidades e modificar os seus defeitos, no anseio de viver bem consigo mesmo e na esfera social.

Solidão, no sentido mais profundo, também pode ser definida como uma incapacidade de sentir compaixão, de ser amado, de se amar e de ter esperança. Ainda, a procura de si dentro do vazio existencial, de direcionar os seus sentimentos e de se ligar com o Ser superior. Não se pode depender de alguma coisa para não se sentir em solidão.

A Psicologia e a Psiquiatria lançam mão de muitas formas para tratar a solidão. Entendida como viver ou estar só, a psicoterapia é um método efetivo e frequentemente muito bem sucedido. Nos casos da solidão vista como um vazio existencial, a terapia deve mostrar ao indivíduo que ter uma companhia ou melhorar seu relacionamento social não é o tudo. Deve enfatizar o entendimento e a compreensão da sua causa, a reversão dos pensamentos negativos, buscando a transformação dos sentimentos e atitudes negativas. Como se vê, a terapia espiritual é aconselhável em todos os casos.

A prática psiquiátrica ensina que não é comum a queixa de solidão isolada; geralmente ela está inserida em muitos transtornos emocionais como: a depressão, a ansiedade e as fobias. Transtornos nos quais se encontra um desequilíbrio de sentimentos.

Na visão espírita, ao praticar os ensinamentos de Kardec, a solidão pode ser evitada se as Leis de Deus forem consideradas. Ninguém deve se isolar; a interação entre os homens serve para a evolução e para a constante transformação dos sentimentos e atitudes. Agindo dessa forma, foge-se do egocentrismo e do vazio da alma que chamamos de solidão.

Emmanuel(4) ensina: “se desejas emancipar a alma das grilhetas escuras do eu (solidão, grifo nosso) começa o teu curso de autolibertação, aprendendo a viver como possuindo tudo e nada tendo, e, com todos e sem ninguém”.


BIBLIOGRAFIA:

1. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa.

2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, Brasília: FEB,1985.

3. Loneliness and Isolation: Modern Health Risks – The Pfizer Journal IV, 2000.

4. XAVIER, Francisco C. / EMMANUEL. Fonte Viva. Rio de Janeiro: FEB, 2010.



José Luiz Condotta

Revista Internacional de Espiritismo - Agosto de 2011

A SOLIDÃO DOS BONS


Reflexão...

O exercício da bondade é comportamento que gera mudança na vida de relações. Não é necessário ser Bom na verdadeira acepção da palavra, o mero treino das atitudes boas, o ser "bom", já é suficiente para entender como nasce essa solidão.

Quando alguém passa a dedicar-se a muitos, dificilmente tem tempo para poucos, as vezes não tem tempo nem para si. Passam a ser raros os que aparecem para saber como estão, pois sendo a vida feita de afinidades e os "bons" (que raramente procuram os outros para um olá) com o tempo são substituídos ainda que o afeto se mantenha. Tal resultado não merece nenhuma crítica, surge das situações.

Paralelamente aumentam, graças a Deus, as pessoas que os procuram para perguntar algo, pedir uma orientação, solicitar uma prece, compartilhar seus medos, dúvidas, problemas. Foi para isso que eles se disponibilizaram e, obviamente, tal procura exige resposta pautada nos conceitos que trouxeram essas pessoas para perto, em geral motivadas pela necessidade e fé.

O tempo do "trainee da bondade" é cada vez mais aproveitado em fazer e ser, e menos em ter, e como a sociedade atual exige "ter" (ter amigos, ter dinheiro, ter tempo para diversão...), esse tipo de pessoa passa por um processo interessante: entre muitos, está quase sempre só.

Recordo-me de uma experiência que talvez exemplifique: fiz parte de um centro espírita onde um médium vinha de outra cidade, uma vez por mês, fazer atendimento de cura. Casa sempre cheia, o médium sempre muito assediado (todos faziam tudo para estar com ele alguns minutos - ele tinha uma energia boa que fazia querer estar perto). Um dia esse médium decidiu que não mais atenderia naquela cidade. O CE, sempre cheio, estava lotado no primeiro mês, esperando-o voltar. No segundo mês também. No terceiro começou a diminuir os assistidos que iam à casa. No quarto mês, idem. No quinto mês alguns trabalhadores do CE se ausentaram. No sexto mais pessoas abandonaram o trabalho e assim continuou acontecendo. No final de um ano sem o médium que só fazia um trabalho na casa, embora tivéssemos estudos, evangelho de salão, passes, reuniões com a comunidade para distribuição de mantimentos, só ficaram na casa o Presidente e eu... esse centro espírita fechou.

Ressalvadas as diferenças, é assim a vida de relação dos bons. Enquanto têm algo a oferecer, enquanto precisam deles e eles ajudam, não estão fisicamente sós. Mas ai se precisarem de ajuda! A existência serve para que nos tornemos pessoas independentes e o "bom" trabalha para que o próximo não precise mais dele, sendo capaz de realizar sozinho - é assim que deve ser.

O comum é que enquanto necessitadas e não saciadas as pessoas fiquem perto. Mas, quando ocorre a cura do corpo ou da alma, ou quando não há mais o que oferecer, quase todos partem. E como os "bons", muitas vezes, não foram capazes de sustentar as amizades reais por falta de tempo, optando por dedicarem-se à efemeridade das relações geradas pela necessidade, acabam convivendo com os que querem deles algum benefício. Eles são seres invisíveis em sua essência, por isso tão sós.

Isso indica que as razões pelas quais as almas realmente boas e que dedicam suas vidas verdadeiramente ao próximo, raramente formam família, pois é incompatível ser tudo na intimidade precisando ser tudo na coletividade.

Acredito que houve muita solidão na vida de Chico Xavier, de Irmã Dulce, de Madre Teresa, de Gandhi e tantos outros, ainda que sempre tenham tido à sua volta, muitas, muitas pessoas... Não darei uma sugestão de solução para isso. Meu coração diz o que seria certo cada um fazer, mas há coisas que não se ensinam, sente-se, percebe-se a partir do discernimento e da própria compreensão de caridade.

By Vania Mugnato de Vasconcelos

SOLIDÃO - EMMANUEL


“O presidente, porém, disse: – mas, que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: – seja crucificado.” –(Mateus, 27:23.)


À medida que te elevas, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentas a solidão dos cimos e incomensurável tristeza te constringe a alma sensível.
Onde se encontram os que sorriram contigo no parque primaveril da primeira mocidade?
Onde pousam os corações que te buscavam o aconchego nas horas de fantasia? Onde se acolhem quantos te partilhavam o pão e o sonho, nas aventuras ridentes do início? Certo, ficaram...
Ficaram no vale, voejando em círculo estreito, à maneira das borboletas douradas, que se esfacelam ao primeiro contacto da menor chama de luz que se lhes descortine à frente. Em torno de ti, a claridade, mas também o silêncio... Dentro de ti, a felicidade de saber, mas igualmente a dor de não seres compreendido... Tua voz grita sem eco e o teu anseio se alonga em vão. Entretanto, se realmente sobes, que ouvidos te poderiam escutar a grande distância e que coração faminto de calor do vale se abalançaria a entender, de pronto, os teus ideais de altura? Choras, indagas e sofres... Contudo, que espécie de renascimento não será doloroso? A ave, para libertar-se, destrói o berço da casca em que se formou, e a semente, para produzir, sofre a dilaceração na cova desconhecida. A solidão com o serviço aos semelhantes gera a grandeza. A rocha que sustenta a planície costuma viver isolada e o Sol que alimenta o mundo inteiro brilha sozinho. Não te canses de aprender a ciência da elevação. Lembra-te do Senhor, que escalou o Calvário, de cruz aos ombros feridos. Ninguém o seguiu na morte afrontosa, à exceção de dois malfeitores, constrangidos à punição, em obediência à justiça. Recorda-te dele e segue... Não relaciones os bens que já espalhaste. Confia no Infinito Bem que te aguarda. Não esperes pelos outros, na marcha de sacrifício e engrandecimento. E não olvides que, pelo ministério da redenção que exerceu para todas as criaturas, o Divino Amigo dos homens não somente viveu, lutou e sofreu sozinho, mas também foi perseguido e crucificado.
Fonte: item 70, extraído do livro Fonte Viva- Médium Franciso C Xavier /Emmanuel, ed. FEB

Carma de Solidão


Caminhas, na Terra, experimentando carência afetiva e aflição, que acreditas não ter como superar.


Sorris, e tens a impressão de que é um esgar que te sulca a face.


Anelas por afetos e constatas que a ninguém inspiras amor, atormentando-te, não poucas vezes, e resvalando na melancolia injustificável.


Planejas a felicidade e lutas por consegui-la, todavia, descobres-te a sós, carpindo rude angústia interior.


Gostarias de um lar em festa, abençoado por filhos ditosos e um amor dedicado que te coroassem a existência com os louros da felicidade.


Sofres e consideras-te desditoso.


Ignoras, no entanto, o que se passa com os outros, aqueles que se te apresentam felizes, que desfilam nos carros do aparente triunfo, sorridentes e engalanados.


Também eles experimentam necessidades urgentes, em outras áreas, não menos afligentes que as tuas.


Se os pudesses auscultar, perceberias como te invejam alguns daqueles cuja felicidade cobiças.


A vida, na Terra, é feita de muitos paradoxos. E isto se dá em razão de ser um planeta de provações, de experiências reeducativas, de expiações redentoras.


Assim, não desfaleças, porquanto este é o teu carma de solidão.


Faze, desse modo, uma pausa, nas tuas considerações pessimistas e muda de atitude mental, reintegrando-te na ação do Bem.


O que ora te falta, malbarataste.


Perdeste, porque descuraste enquanto possuías, o de que agora tens necessidade.


A invigilância levou-te ao abuso, e delinqüiste contra o amor.


A tua consciência espiritual sabe que necessitas de expungir e de reparar, o que te leva, nas vezes em que o júbilo te visita, a retornar à tristeza, rememorar sofrimentos, fugindo para a tua solidão...


Além disso, é muito provável que, aqueles a quem magoaste, não se havendo recuperado, busquem-te, psiquicamente, assim te afligindo.


Reage com otimismo à situação e enriquece-te de propósitos superiores, que deves pôr em execução.


Ama, sem aguardar resposta.


Serve, sem pensar em recompensa.


O que ora faças no Bem, atenuará, liberará o que realizaste equivocadamente e, assim, reencontrar-te-ás com o amor, em nome d’Aquele que permanece até agora entre nós como sendo o Amor não Amado, porém, amoroso de sempre.



Joanna de Ângelis
(Viver e amar - Divaldo P. Franco)

POR COMPANHIA, A SOLIDÃO



Muitas criaturas passam pela experiência da solidão. É importante que se considere a validade desta situação. Longe estou de querer colocar a solidão numa posição de destaque. Apenas quero que lembrem que ela é algo de bastante sutil, de muito profundo e até difícil de ser explicado.

Há pessoas que sofrem porque se sentem sós. Procuremos, então, lembrar da lei de causa e efeito, tão analisada nos ambientes espíritas. Estes casos de solidão compulsória são de origem cármica, visto que aqueles que a sofrem talvez tenham desprezado a benção da convivência em situações de vida anteriores. Nestes casos mais acentuados, normalmente, pouco se pode fazer, visto que a provação foi pedida e preparada de tal modo que nada impede que seja cumprida.

A solidão absoluta é coisa rara. Vejamos que Deus nos criou como seres individualizados, entretanto, fez com que o nosso ambiente natural de vida fosse em meio a outros semelhantes. Somos, ao mesmo tempo, indivíduo e sociedade, e oscilamos dentro de nossa evolução entre o eu e o nós.

Consideremos também que sentir solidão ou ser só é uma coisa que pode acontecer mesmo se estivermos em meio a um grupo de pessoas ou diluídos numa multidão.

Muitas pessoas passam suas experiências ao lado de semelhantes, seja no âmbito familiar, no âmbito de trabalho, nos grupos de lazer, na sociedade, enfim, participam de atividades em conjunto, movem-se de um lado a outro em grupos, participam de movimentos, mas lá no fundo são pessoas sós, cujo pensamento, cujos ideais estão muito distantes da média que ali se encontra.

Solidão também é uma coisa necessária e importante, quando ocorre na dosagem certa. Há momentos em que precisamos de um certo recolhimento para que meditemos a respeito de nós mesmos, para que trabalhemos os nossos pensamentos, para que nos estruturemos interiormente.

Por isso, é preciso que aprendamos a aceitar os necessários momentos de solidão das pessoas que nos rodeiam, para que sejamos respeitados nas nossas necessidades de reencontro conosco mesmos.

Abençoado o Pai que nos dá a chance de nos desdobrarmos na dicotomia do eu e do nós. Nem sempre podemos ser grupo, nem sempre podemos ser sós. Tudo estará em equilíbrio quando existir na dosagem certa.

Oremos por aqueles que estão passando pela vivência da solidão absoluta ou quase absoluta, pois precisam de forças para suportá-la com dignidade e sem os desequilíbrios que poderão decorrer dela.

Lembremo-nos de que Jesus buscou os apóstolos, pregou às multidões, conviveu em ambientes domésticos, foi às ruas e às praças e, no entanto, buscou a solidão, em muitos momentos, para o reencontro mais íntimo com o Pai.

Na balança do tempo, que aprendamos a dosar os nossos momentos a fim de aplicarmos a sua maior parte na convivência sadia e cristã, trocando experiências positivas, sem esquecer a meditação solitária para refazimento do nosso espírito.


Fonte: Livro Intercâmbio
Pelo espírito Luiz Sérgio
Site: Mensagens de Luz

SOLIDÃO NA VISÃO ESPÍRITA


A palavra SOLIDÃO encontrada no dicionário vem com o seguinte significado: - Estado de quem está só; Lugar ermo; Isolamento.
Em SOLITÁRIO encontramos:
- Que foge da convivência; situado em lugar ermo; aquele que vive na solidão;
- Jóia com uma só pedra preciosa.
Essas denominações exprimem de forma muito generalizada um possível significado da Solidão e daquele que sente. Esse significado é o que comumente as pessoas se referem, mas existem outras faces desse tema que as pessoas também experimentam e não costumam explorar, ficando tudo misturado como se fossem meras nuances da mesma coisa.

NA VISÃO FILOSÓFICA
"O filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) afirma que estar só é a condição original de todo ser humano. Que cada um de nós é só no mundo. É como se o nascimento fosse uma espécie de lançamento da pessoa à sua própria sorte. Podemos nos conformar com isso ou não. Mas nos distinguimos uns dos outros pela maneira como lidamos com a solidão e com o sentimento de liberdade ou de abandono que dela decorre, dependendo do modo como interpretamos a origem de nossa existência.
O Homem pode encarar esta situação de duas formas; Pode aceitar a solidão, como forma de sua própria liberdade, ou interpretar a solidão como abandono ou castigo, ficando assim subjugado as influências externas, abrindo mão de sua própria existência, tornando-se um estranho para si mesmo, colocando-se a serviço dos outros e diluindo-se no impessoal, não assumindo a sua responsabilidade perante a espiritualidade.
Rollo May, afirma que “Não há dúvida que em todas as épocas a solidão foi temida e as pessoas dela procuram fugir.” E acrescenta mais adiante: “A diferença é que, em nossa época, o medo da solidão é muito mais intenso e as defesas contra ele – diversões, atividades sociais e amizades – são mais rígidas e compulsivas.”
Segundo May, o grande medo da solidão é o de nos sentirmos abandonados pelos outros e ficarmos sós, entregues a nós mesmos, e a partir daí sermos responsáveis por todos os nossos atos, sem ter o outro para responsabilizar ou culpar.
NA VISÃO PSICOLÓGICA
Sentir-se só, isolado, com ou sem pessoas à volta, sentir-se abandonado, desvinculado do mundo, sentir-se com medo.
O medo que advém desse estado tem lastro no ensimesmamento em que ficamos, porque estamos em um momento de estar entregue a nós mesmos, sentindo abandono e desvalia, perdidos, sem o referencial do controle de nossos pensamentos e sentimentos que muitas vezes temos quando estamos na frente dos outros.

Nesse momento estamos diante de nós mesmos e só de nós mesmos. Somos então impiedosamente críticos conosco, cobramos, revisamos nossos erros de forma cruel, o nosso vazio, o que não modificamos. É difícil aceitar as limitações e dificuldades sem lutar contra elas.
Essa solidão pode ser vivenciada junto com outra chamada pelos especialistas de Isolamento estrutural ou de Isolamento existencial. Que em síntese falam de uma condição da humanidade, em que cada um de nós somos seres lançados no mundo sozinhos, entregues a nós mesmos e só a nós cabe cuidar de nosso ser.
Segundo especialistas, define-se o isolamento em:
O Isolamento Estrutural (comum a todos os seres humanos)
A pessoa o sente porque é um indivíduo diferente dos outro, possuindo a sua originalidade, suas características peculiares e uma existência específica e singular (...) Os seus pontos extremos se encontram no nascimento e na morte: nascemos sozinhos e sozinhos morremos.”
"É quando precisamos fazer escolhas e tomar decisões, sobretudo as que são mais relevantes para a nossa vida. Nesta ocasião, os outros podem estar conosco e ajudar-nos até certo ponto. Mas há o instante nevrálgico em que todos nos deixam e não podem mesmo ficar conosco. Sentimo-nos, então, sozinhos, porque, na verdade, ninguém pode escolher e nem decidir em nosso lugar”.
Pode-se experimentar esse tipo de isolamento, de estar sozinho, de três formas:
- Não perceber que está (mergulhado em alguma tarefa);
- Perceber e gostar (afastamento voluntário para refletir);
- Perceber e não gostar (ao se ver rejeitado do convívio das pessoas)

O Isolamento Funcional (distanciamento parcial por determinada circunstância) Pode-se experimentar por:
-Motivo espacial, geográfico (uma pessoa que é responsável por farol marítimo);
-Motivo de usos e costumes (pessoa idosa em ambiente só de jovens)
-Motivo cultural (estrangeiro que vive em terra estranha);
-Motivo de preconceito (uma pessoa negra que vive em comunidade branca racista).
O Isolamento Interpessoal
Pode-se experimentar por:
-Isolamento geográfico;
-Dificuldade de socialização;
-Fatores culturais;
-Declínio de instituições promotoras de aproximação (família grande, estabilidade de residência e vizinhança, comércio local, médico de família, etc.)
O Isolamento Intrapessoal
Refere-se a experiência de se abrir mão de seus próprios desejos e sentimentos aceitando "você tem que" ou "você deve" como se fosse seu próprio desejo, não confiando em seu próprio julgamento, ocultando suas próprias possibilidades, enfim, um afastamento de si próprio.
Mas é o Isolamento Existencial (Isolamento Estrutural) que se define pelo tipo de solidão mais fundamental da existência, persistindo mesmo com os relacionamentos mais gratificantes com outras pessoas. Como nos mostra a autobiografia de Thomas Wolfe em que o protagonista refletia: "Uma solidão inescrutável e uma tristeza o invadiram: ele viu sua vida através da solene vista das veredas da floresta, e ele soube que ele seria sempre uma pessoa triste: preso naquele pequeno corpo, aprisionado num coração secreto, e pulsante, sua vida continuaria sempre passando por caminhos solitários. Perdido. Ele compreendeu que os homens foram sempre estranhos uns aos outros, que ninguém veio, a saber, realmente quem o outro era, que aquele aprisionamento no escuro útero de nossas mães, nos trouxe a vida sem nunca ter visto seu rosto, que nós, um estranho fomos colocados em seus barcos e que, da prisão insolúvel do ser, nós nunca
escaparemos não importa que barco nos segure, que boca nos beije, que coração nos aquece. Nunca, nunca, nunca, nunca, nunca”.
Como alguém se protege do pavor do isolamento máximo? Nenhum relacionamento pode eliminar o isolamento. No entanto a solidão pode ser compartilhada de tal forma que o amor compensa a dor do isolamento, ou seja, o maior apoio contra esse terror é relacional em sua natureza. Compartilhando do fato de ambos serem solitários, sensíveis a isso. Mas quando dominados pelo medo, nossos relacionamentos se tornam inadequados, fracassados, medidos pela necessidade, por funções utilitárias.
De qualquer forma estaremos sempre sós, podemos dar conta do isolamento funcional, interpessoal e até do intrapessoal, mas não temos como extirpar uma condição da humanidade, a solidão de cada ser (isolamento existencial ou estrutural), o que podemos fazer é sentir e lidar com ela, ora se desesperando, ora aproveitando o que de mais belo ela pode nos ensinar, cuidar do ser, cuidar de ser.
"A angústia provocada pela solidão é o sentimento que muitas pessoas experimentam quando se conscientizam de estarem sós no mundo. É o mal-estar que o ser humano experimenta quando descobre a possibilidade da morte em sua vida, tanto a morte física quanto à morte de cada uma das possibilidades da existência, a morte de cada desejo, de cada vontade, de cada projeto."
"Cada vez que você se frustra, que você não se supera, que você não consegue realizar seus próprios objetivos, você sente angústia. É como se você estivesse morrendo um pouco."
"Muitas pessoas sentem dificuldade de estarem a sós consigo mesmas. Não conseguem viver intensamente a sua própria vida. Muitas vezes elas acreditam que o brilho e o encantamento da vida se encontram no outro e não nelas mesmas. Sua vida tem um encantamento, um brilho, algo de especial porque é sua, apenas sua. Independentemente do que você esteja fazendo, sua vida pode ser intensa, prazerosa, simplesmente pelo fato de ser sua e por você ser único. Cada um de nós pode ser uma pessoa especial para si mesmo."
"A solidão é a condição do ser humano no mundo. Todo ser humano está só. Esta é a grande questão da existência, mas não significa uma coisa negativa nem que precise de uma solução definitiva. Ou seja, a solução não é acabar com a solidão, não é deixar de sentir angústia, suprimindo este sentimento. A solução não é encontrar uma pessoa para preencher o vazio existencial, não é encontrar um hobby ou uma atividade. A solução não é se matar de trabalhar e se concentrar nisso para não se sentir sozinho. Também não é encontrar uma estratégia para driblar a solidão. A solução é aceitar que se está só no mundo. Simplesmente isso. E sabendo-se só no mundo, viver a própria vida, respeitar a própria vontade, expressar os próprios sentimentos, buscar a realização dos próprios desejos. Quando se faz isso, a vida se enche de significado, de um brilho especial."

"O objetivo não é fingir que a solidão não existe, não é buscar a companhia dos outros, porque mesmo junto com os outros você está e sempre será solitário. O outro é muito importante para compartilhar, trocar. O outro é muito importante para a convivência, mas não para preencher a vida, não para dar sentido e significado a uma outra existência. A presença do outro nos ajuda, compartilhando, mostrando a parte dele, dando aquilo que não temos e recebendo aquilo que temos para dar, efetivando a troca. Mas o outro não é o elemento fundamental para saciar a angústia ou para minimizar a condição de solidão”.
"Cada um de nós nasceu só, vive só e vai morrer só”.
A experiência de cada um de nós é única. O nascimento é uma experiência única, pois ninguém nasce pelo outro. Da mesma forma que a morte é uma experiência única, pois ninguém morre pelo outro. E a vida inteira, cada momento, cada segundo da existência, é uma experiência única, pois ninguém vive pelo outro.


NA VISÃO ESPÍIRITA
O VERBO NA CRIAÇÃO TERRESTRE
“Jesus reuniu nas Alturas os intérpretes divinos do seu pensamento. Viu-se, então, descer sobre a Terra, das amplidões dos espaços ilimitados, uma nuvem de forças cósmicas, que envolveu o imenso laboratório planetário em repouso. Daí a algum tempo, na crosta solidificada do planeta, como no fundo dos oceanos, podia-se observar a existência de um elemento viscoso que  cobria toda a Terra.
Estavam dados os primeiros passos no caminho da vida organizada, com essa massa gelatinosa, nascia no orbe o protoplasma e, com ele, lançara Jesus à superfície do mundo o germe sagrado dos primeiros homens.
O homem primitivo falava, porém não como o homem: alguns sons guturais, acompanhados de gestos, os precisos para responder às suas necessidades mais urgentes. Fugia da sociedade e buscava a solidão; ocultava-se da luz e procurava indolentemente nas trevas a satisfação de suas exigências naturais. Era escravo do mais grosseiro egoísmo; não procurava alimento senão para si; chamava a companheira em épocas determinadas, quando eram mais imperiosos os desejos da carne e, satisfeito o apetite, retraía-se de novo à solidão sem mais cuidar da prole.
O homem primitivo nunca ria; nunca seus olhos derramavam lágrimas; o seu prazer era um grito e a sua dor era um gemido. Com o passar dos tempos as famílias foram se unindo, formando tribos, se amalgamando, cruzando tipos, elegendo chefes e elaborando as primeiras regras de vida em comum.
A partir daí a raça humana acelera o seu processo de crescimento interior desenvolvendo cada vez mais o senso gregário, ora para se proteger dos predadores, ora para se proteger das intempéries ora para a preservação da espécie.
Não poderia ser diferente, pois esta forma complexa e perfeita é composta de uma porção material perfeitamente elaborada em sua estrutura física, onde cada elemento desta construção ocupa o real espaço para o desenvolvimento de suas funções divinas, e sua contra-parte essência, que anima e dá sentido a esta maravilhosa estrutura, mantendo-se fiel através dos tempos à centelha divina que a criou, tendo a perfeita união destas duas partes, proporcionada pela ação de uma substância parte material e parte essência que, proporciona-lhe, cumprir a sua missão a cada existência.
Tudo provém da Unidade e volve à Unidade. O Universo é o Uno na sua constituição, resultado do Psiquismo Divino que tudo envolve e dinamiza.
Em se tratando de um mundo de provas e expiações é necessário compreender que há necessidade de ampliarmos os nossos conhecimentos e sentimentos.
Com os primeiros, valorizaremos cada vez mais a vida espiritual e conseqüentemente a nossa imortalidade. Com os segundos ampliaremos a nossa vida de relação com os nossos semelhantes realçando a nossa caminhada evolutiva, que em conjunção com as duas alçaremos vôo em direção à angelitude.

Entendo assim, que em cumprimento a Lei de Divina, passamos pelas oportunidades reencarnatórias colhendo os frutos da nossa semeadura. E de conformidade com a passagem evangélica que diz: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”. Necessário se faz sair da nossa solidão egoísta e atendermos aos reclames dos nossos irmãos que são os nossos instrumentos de trabalho pela divina misericórdia. Aí sim, fazendo a nossa parte poderemos dizer: Adeus solidão.
“O outro é o nosso instrumento de libertação”.
O ser humano necessita do calor afetivo de outrem, mediante cuja conquista amplia o seu campo de emotividade superior, desenvolvendo sentimentos que dormem e são aquecidos pelo relacionamento mútuo, que enseja amadurecimento e amor. Concomitantemente, espraia-se esse desejo de manter contato com s expressões mais variadas da vida, nas quais haurem alegria e renovação de objetivos, por ampliar a capacidade de amar e experimentar novas realizações.
O fluxo da vida humana se manifesta através dos relacionamentos das criaturas uma com as outras, contribuindo para uma melhor e mais eficiente convivência social. Nas expressões mais primárias do comportamento, o instinto gregário aproxima os seres, a fim de os preserva mediante a união de energia que permutam, mesmo que sem darem conta.
O desafio do relacionamento é um gigantesco convite ao amor, a fim de alcançar a plenitude existencial.
A ilusão não buscada gera conflitos que são herança de experiências fracassadas, mal vividas deixadas pelo caminho, por falta de conhecimento e de emoção, que vão adquirindo etapa-a-etapa nos processos dos renascimentos do Espírito.
A ilusão resulta, igualmente, da falta de percepção e densidade de entendimento, que se vai esmaecendo e cedendo lugar a realidade, a medida que são conquistados novos patamares representativos das necessidades do progresso.
Até o momento falamos da Solidão como liberdade do ser, como única forma de nos relacionarmos com a nossa missão quando encarnados, mas não podemos esquecer que após o desencarne, continuamos na mesma condição que nos achávamos quando na veste de carne e por conseqüência, o espírito recém chegado do mundo material, traz as suas virtudes e defeitos, os seus medos e ignorância. Então a Solidão que lhe abalava na matéria continua lhe abalando na espiritualidade.
“Descera a noite totalmente, quando penetramos estreita sala, em que um círculo de pessoas se mantinha em oração.
Várias entidades se imiscuíam ali, em meio dos companheiros encarnados, mas em lamentáveis condições, de vez que pareciam inferiores aos homens e mulheres que se fazia componentes da reunião. Apenas o irmão Cássio, um guardião simpático e amigo, de quem o Assistente nos aproximou, demonstrando superioridade moral. Notava-se-lhe, de imediato, a solidão espiritual, porquanto desencarnados e encarnados da assembléia não lhe percebiam a presença e, decerto, não lhe acolhiam os pensamentos. Ante as interpelações de nosso orientador, informou, algo desencantado:
Por enquanto, nenhum progresso, não obstante os reiterados apelos à renovação. Temos sitiado o nosso Quintino com os melhores recursos ao nosso alcance, mobilizamos livros, impressos e conversações de procedência respeitável, no entanto, tudo em vão... O teimoso amigo ainda não se precatou quanto às duras responsabilidades que assume, sustentando um agrupamento desta natureza...
Áulus buscou reconforta-lo com um gesto silencioso de compreensão e convidou-nos a observar.
Revestia-se o recinto de fluidos desagradáveis e densos”
No trecho acima, de Emmanuel em Nos Domínios da Mediunidade, podemos observar que apesar de estar em situação moral superior aos outro que estavam a sua volta, por se sentir só e não ter compreendido a sua missão, o companheiro espiritual necessita de maior apoio daqueles mais evoluídos e apesar de não estar atento à situação, Aulus assim mesmo tenta reconforta-lo e instruí-lo.
Na mesma forma, por várias vezes sentimo-nos só e desamparado, a medida que evoluímos em nossos estudos, pois cada vez que vamos entendendo o que nossos amigos espirituais nos transmitem, a medida que conseguimos por em prática os benditos ensinamentos do Mestre, mais o nosso círculo de pessoas afins vai se estreitando, pois poucos buscam a “porta estreita”.
Esta Solidão é meramente aparente, pois quanto mais estudamos, mais nos afastamos do lugar comum, do mundo material com seus prazeres efêmeros, é como se entendêssemos o que o Mestre disse em “Estar no Mundo sem ser do Mundo”, dessa forma a solidão ao invés ser um martírio, passa a ser um estágio prazeroso e indispensável para que possamos renovar nossas forças e sedimentar o nosso conhecimento, para que possamos conviver e evoluir neste mundo de Provas e Expiações.
Na mesma forma de sua concepção divina, o Homem necessita do convívio com o seu semelhante para que possa se relacionar com o mundo a sua volta e dar prosseguimento a sua evolução.
De todos os seres que habitam o nosso orbe, o Homem é o único que necessita de cuidados adicionais após o seu nascimento, pois todos o animais ao nascerem se tornam independentes e de imediato buscam se sustentar e se desenvolver. Apenas o Homem precisa de cuidados maternos após o seu nascimento, por período maior do que os outros.
A longa demora de sua independência é plenamente entendida, pois em seu estágio de evolução, o Homem necessita do convívio com aqueles que ombrearam no passado e que por motivos diversos deixaram questões a serem resolvidas, tais como ofensas, mágoas, injustiças e até mesmo atos de barbáries, que com o advento da reencarnação lhe é facultado a chance de desenvolver o amor por aquele que no passado sofreu a sua ofensa e com isso cumprir com a sua nobre missão.
Se observarmos, com passar das épocas, podemos observar que cada vez mais as crianças nascem mais independentes, mais evoluídas, exemplificando a evolução da raça, porém somente com a remissão de nossos erros passados é que poderemos nos considerar livres destes compromissos e retomarmos a nossa caminhada rumo a angelitude.
O homem solidário jamais se encontra solitário.
O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.
Possivelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior.
A fé no futuro, a luta por conseguir a paz íntima, eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.
Reservar um tempo diário para a meditação e um outro para a reflexão, independentemente das pressões do cotidiano, é fundamental.
Fonte de ilusões é o ser humano acreditar que está no controle da vida, vinculando sua felicidade a elementos externos. Esse controle pertence a Deus, numa visão de religiosidade cósmica.
Devemos lembrar que o Pai nunca deixa os filhos desamparados, assim, se te vês presentemente sem laços domésticos, sem amigos certos na paisagem transitória do planeta, é que
Jesus te enviou a pleno mar de experiência, a fim de provares tuas conquistas em supremas lições.

CONCLUSÃO
Com tudo o que foi exposto acima, pudemos observar que o Homem, parte integrante e ativa do Universo, a partir da sua evolução, nasce só, vindo da Unidade, inicialmente atuando isoladamente, mas devido ao seu instinto gregário, sai de sua solidão para através de seu instinto genésico, iniciar sua interação com o mundo que o cerca, para dar os primeiros passos de sua evolução no orbe terrestre e a partir da crescente interação com a vida, vai perdendo o medo de se sentir só e compreende que o estado de solidão é ilusório pois sempre estaremos acompanhados e agora não mais como um ser isolado e sim como parte de um todo, constatando que como o Universo é UNO, tudo tende a unidade e a medida em que se vai evoluindo, retorna
a solidão, não mais como um ser claudicante e parcial, não mais com o medo da dúvida, mas com a certeza da plenitude da essência para finalmente cumprir a sua missão.
A mãe natureza é sábia quando determinou que cada ser vivo precisa de uma parte de sua vida para ficar só, constatado quando temos sono e temos que dormir para nos refazermos.
Quando estamos nos recolhemos em prece estamos experimentamos momentos de solidão.
Quando estamos concentrados lendo estamos sós.
Quando estamos trabalhando compenetradamente, estamos sós.
Em nenhum dos estados acima experimentamos a sensação de desconforto, pois em nenhum destes sentimos culpa, mas se as pessoas não se aproximam de nós, se as pessoas se aproximam e nós não aceitamos, se a vida nos impõe um isolamento geográfico ou um isolamento físico, aí sim a nossa culpa é despertada através de um grande sentimento de desconforto e por diversas vezes, cedemos a esta culpa, se isolando, pois não temos coragem de enfrentar as nossas debilidades e nos escondemos de nós mesmos, desempenhando o papel de coadjuvante em nossa própria estória, cedendo cada vez mais àqueles que se esforçam para que não vençamos, deixando de fazer valer o motivo para que viemos neste mundo como uma alma vivente.

Walter Araújo Machado

BIBLIOGRAFIA

O homem a Procura de Si Mesmo - Rollo May
Ser e Tempo - Martin Heidegger
A Caminho da Luz – Emannuel
Os Exilados de Capela – Edgard Armond
O Despertar do Espírito – Joanna de Angelis
Amor Imbatível Amor – Joanna de Angelis
O Homem Integral – Joanna de Ângelis


SOLIDÃO - Hammed


SOLIDÃO


Sofremos de solidão toda vez que desprezamos as inerentes vocações e naturais tendências de nossa alma. Assim que nos distanciamos do que realmente somos, criamos um autodesprezo, passando, a partir daí, a desenvolver um sentimento de soledade, mesmo rodeados das pessoas mais importantes e queridas de nossa vida.
Na auto-rejeição, esquecemos de perceber a presença de Deus vibrando em nossa alma; logo, anulamos nossa força interior. É como se esquecêssemos a consciência de nós mesmos.
Para que nossa essência emerja, é preciso abandonarmos nossa compulsão de fazer-nos seres idealizados, nossa expectativa fantasiosa de perfeição e nosso modelo social de felicidade. Somente assim, exterminamos o clima de pressão, de abandono, de tensão e de solidão que sentimos interiormente, para transportamo-nos para uma existência de satisfação íntima e para uma indescritível sensação de vitalidade.
A renúncia de nosso eu idealizado nos dará uma sensação de renascimento e uma atmosfera de liberdade como nunca antes havíamos sentido.
O ser idealizado é uma fantasia mental. É uma imitação inflexível, construída artificialmente sobre uma combinação de dois básicos comportamentos neuróticos, a saber: adotar padrões existenciais super-rígidos, impossíveis de serem atingidos, e alimentar o orgulho de acreditar-se onipotente, superior e invulnerável.
A coexistência desses dois modos de pensar ocasiona freqüentes estados de solidão, tristeza habitual e sentimentos mútuos de vazio e aborrecimento na vida afetiva de um casal.
O amor e o respeito a nós mesmos cria uma atmosfera propícia para identificarmos nossa verdadeira natureza, isto é, nossa identidade da alma, facilitando nosso crescimento espiritual e, por conseguinte, proporcionando-nos alegria de viver.
Quase todos nós crescemos ansiosamente querendo ser adequados e certos para o mundo, porque acreditamos que não somos suficientemente bons para ser amados pelo que somos. Por isso, procuramos, desesperadamente, igualar-nos a uma imagem que criamos de como deveríamos ser. O esforço metódico para sustentar essa versão idealizada é responsável por grande parte dos nossos problemas de relacionamento conosco e com os outros.
Entre todos os problemas de convivência, o de casais, talvez, seja um dos mais comuns entre as pessoas. Todavia, todos nós queremos companhia e afeto, mas para desfrutarmos uma união amorosa, madura e equilibrada é preciso, acima de qualquer coisa, respeitar o direito que cada criatura tem de ser ela mesma, sem mudar suas predileções, idéias e ideais.
Os traços de personalidade não são futilidades, teimosia ou manias. Cada parceiro tem seus “direitos individuais” de manter sua parcela de privacidade e preferências.
Para tanto, o diálogo compreensivo, a renúncia aos próprios caprichos, o compromisso de lealdade são fatores imprescindíveis na vida a dois, que não pode permitir a confusão de “direitos individuais” com direitos individualistas, com vulgaridade, com cobrança e com leviandade.
Eis a razão de viver bem consigo mesmo: tudo passa, pois todos somos viajores do Universo, porém só nós viveremos eternamente com nós mesmos.
A complexidade maior das dificuldades nos matrimônios talvez seja a não-valorização dos verdadeiros sentimentos, que força um dos parceiros, ou mesmo ambos, a contrariar sua natureza para satisfazer as opressões, intolerâncias e imposições do outro. Ninguém pode ser feliz assim, subordinando-se ao que o cônjuge quer ou decide.
“...a indissolubilidade absoluta do casamento” (...) “É uma lei humana muito contrária à da Natureza. Mas os homens podem modificar suas leis; só as da Natureza são imutáveis.”
Declarar de modo geral que o divórcio é sempre errado é tão incorreto quanto incorreto quanto assegurar que está sempre certo. Em algumas circunstâncias, a separação é um subterfúgio para uma saída fácil ou um pretexto com que alguém procura esquivar-se das responsabilidades, unicamente.
Há uniões em que o divórcio é compreensível e razoável, porque a decisão de casar tomada sem maturidade, porque são diversos os equívocos e desencontros humanos.
Em outros casos, há anos de atitudes de desrespeito e maus tratos, há os que impedem o desenvolvimento do outro. São variadas as necessidades da alma humana e, muitas vezes, é melhor que os parceiros se decidam pela separação a permanecerem juntos, fazendo d união conjugal uma hipocrisia. Em todas as atitudes e acontecimentos da vida, somente a própria consciência dos indivíduos pode fazer o autojulgamento e decidir sobre suas carências e dificuldades da vida a dois.
Todos os livros sacros da humanidade têm como máxima ou mandamento o amor. A base de todo compromisso é o amor. O amor enriquece mutuamente as pessoas e é responsável pela riqueza do seu mundo interior.
A estrutura do verdadeiro ensino religioso nos deve unir amorosamente uns aos outros e não nos manter unidos pela intimidação, pelo medo do futuro ou pelas convenções sociais.
O ensino espírita, propagado pelo “O Livro dos Espíritos”, nos faz redescobrir o sentimento de religiosidade inato em cada criatura de Deus. Religiosidade é o que possuía Allan Kardec em abundância, pois enxergava os fatos da vida com os olhos da alma, quer dizer, ia além dos recursos físicos, usando os sentidos da transcendência a fim de encontrar a verdade escondida atrás dos aspectos exteriores.
O emitente professor Rivail entendia que o verdadeiro sentido da religião deve consistir na busca da liberdade, no culto da verdade e na clara distinção entre o temporal/passageiro e o real/permanente.
Estar com alguém por temor religioso é diferente de estar com alguém por amor. Somente o amor tem significado perante a Divina Providência.
Lembremo-nos de que a solidão aparece, quando negamos nossos sentimentos e ignoramos nossas experiências interiores. Essa forma comportamental tende a fazer-nos ver as coisas do jeito como queremos ver, ou seja, como nos é conveniente, em vez de vê-las como realmente são. Assim é que distorcemos nossa realidade.
Não rejeitemos o que de fato sentimos. Isso não quer dizer viver com liberdade indiscriminada e sem controle, mas sim reconhecer o devido lugar que corresponda aos nossos sentimentos, sem ignorá-los, nem tampouco deixá-los ser donos de nossa vida.
Se devemos permanecer ou não ao lado de alguém, é decisão que se deve tomar com espontaneidade, harmonia e liberdade, sem mesclas de medo ou imposições.

Espírito: HAMMED
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto – As dores da alma

Solidão


“O Ser real é constituído de corpo, mente e espírito. Dessa forma, uma abordagem psicológica para ser verdadeiramente eficaz deve ter uma visão holística do ser, tratando de seu corpo (físico e periespirítico), de sua mente (consciente, inconsciente e subconsciente) e de seu espírito imortal que traz consigo uma bagagem de experiências anteriores à presente existência e está caminhando para a perfeição Divina.” Joanna de Ângelis
Solidão


“Sim, onde quer que estejais, estarão convosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de devassidão, nem na solidão, estais separados desses amigos a quem não podeis ver, mas cujo brando influxo vossa alma sente, ao mesmo tempo que lhes ouve os ponderados conselhos”. (Allan Kardec, questão 495 de “O Livro dos Espíritos”)

“Com o Espiritismo, não mais solidão, não mais abandono: o homem, por muito insulado que esteja, tem sempre perto de si amigos com quem pode comunicar-se”. (Allan Kardec, questão 936 de “O Livro dos Espíritos”)

Ou seja, de uma perspectiva espiritual a verdadeira solidão não existe. Falamos, do ponto de vista psicológico, de sentimentos de solidão: aquele que se caracteriza por um estado de quietude interna, onde a criatura entra em contato com sua própria essência e sente-se em paz; ou aqueloutro que se manifesta através da tristeza de sentir-se só.

Segundo Hammed (em “As Dores da Alma” por Francisco do Espírito Santo Neto), o primeiro trata-se de importante momento de reflexão, onde exercitamos o aprendizado que nos levará a abrir um canal receptivo à consciência divina. O segundo relaciona-se aos nossos conflitos internos, como por exemplo “adotarmos padrões existenciais super rígidos, impossíveis de serem atingidos e alimentarmos o orgulho de nos acreditarmos onipotentes, superiores e invulneráveis”. “O esforço metódico para sustentar essa versão idealizada é responsável por grande parte dos nossos problemas de relacionamento conosco e com os outros”. Diz ele: “Para que nossa essência emerja é preciso abandonarmos nossa compulsão de fazermo-nos seres idealizados, nossa expectativa fantasiosa de perfeição e nosso modelo social de felicidade.”

Joanna de Angelis (em “O Homem Integral” por psicografado por Divaldo Franco) traz, sobre o tema, o ensinamento que reproduzimos a seguir:

“Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidão é, na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem. A necessidade de relacionamento humano, como meca­nismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensí­veis e em todos quantos enfrentam problemas para um inter­câmbio de idéias, uma abertura emocional, uma convivência saudável. Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueloutros que se consideram marginalizados ou são deixados à distância pelas conveniências dos grupos.”

“A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a bene­fício de outrem. O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consi­deração e respeito ou conceda ao próximo este apoio que gostaria de fruir. A mídia exalta os triunfadores de agora, fazendo o pane­gírico dos grupos vitoriosos e esquecendo com facilidade os heróis de ontem, ao mesmo tempo que sepulta os valores do idealismo, sob a retumbante cobertura da insensatez e do oportunismo.”

“O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira. O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelectomorais, nem o vitalismo das idéias superiores, antes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apoia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças à rapidez com que devora as suas estrelas. Quem, portanto, não se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentiro­sa, trabalhada em estúdios artificiais.”

“Parece muito importante, no comportamento social, rece­ber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de não ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a esta­dos de amarga solidão, de desprezo por si mesmo. O homem faz questão de ser visto, de estar cercado de bulha, de sorrisos embora sem profundidade afetiva, sem o calor sincero das amizades, nessas áreas, sempre superficiais e interesseiras. O medo de ser deixado em plano secundário, de não ter para onde ir, com quem conversar, significaria ser desconsiderado, atirado à solidão. Há uma terrível preocupação para ser visto, fotografado, comentando, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictí­cia. A conquista desse triunfo e a falta dele produzem soli­dão.”

“O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lídimas aspi­rações do ser, conduz à psiconeurose de autodestruição. A ausência do aplauso amargura, face ao conceito falso em torno do que se considera, habitualmente como triunfo. Há terrível ânsia para ser-se amado, não para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, não se torna amável nem amada realmente.”

“Campeia, assim, o “medo da solidão”, numa demonstra­ção caótica de instabilidade emocional do homem, que pare­ce haver perdido o rumo, o equilíbrio. O silêncio, o isolamento espontâneo são muito saudáveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, auto-aprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior.”

“O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, tal­vez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda. Os campeões de bilheteria nos shows, nas rádios, televi­sões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão. Suicídios espetaculares, quedas escabrosas nos porões dos vícios e dos tóxicos comprovam quanto eles são tristes e so­litários. Eles sabem que o amor, com que os cercam, traz, apenas, apelos de promoção pessoal dos mesmos que os en­volvem, e receiam os novos competidores que lhes ameaçam os tronos, impondo-lhes terríveis ansiedades e inseguranças, que procuram esconder no álcool, nos estimulantes e nos de­rivativos que os mantêm sorridentes, quando gostariam de chorar, quão inatingidos, quanto se sentem fracos e huma­nos. A neurose da solidão é doença contemporânea, que ame­aça o homem distraído pela conquista dos valores de peque­na monta, porque transitórios.”

“Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandeci­mento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das crianças em abandono e dos ani­mais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivenciais e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais.”

“O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguém que se receia encon­trar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado. A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos não passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o pra­zer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcançar-se no interrelacionamento humano, com vista à satisfação de amar.”

“O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar, à confian­ça nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui. Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, ao sugerir o “amor ao próximo como a si mesmo” após o “amor a Deus” como a mais importante conquista do homem, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se de modo a plenificar-se com o que é e tem, multiplicando esses recursos em implementos de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocu­pação de receber resposta equivalente.”

“O homem solidário, jamais se encontra solitário. O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.”

“Possívelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estão cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior. A fé no futuro, a luta por conseguir a paz íntima — eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja.”

Hammed (em “As Dores da Alma” por Francisco do Espírito Santo Neto) prossegue: “Lembremo-nos de que a solidão aparece quando negamos nossos sentimentos e ignoramos nossas experiências interiores. Essa forma comportamental tende a fazer-nos ver as coisas do jeito como queremos ver, ou seja, como nos é conveniente, em vez de vê-las como realmente são. Assim é que distorcemos nossa realidade.”
(...)
“São muitos os caminhos de Deus e a solidão pode ser um deles. Jesus Cristo, constantemente, se retirava para a intimidade que o silêncio proporciona, pois entendia que a elevação de alma somente é possível na “vivacidade da solidão”. O Cristo amoroso sabia que, quando houvesse silêncio no coração e no intelecto, se estabeleciam as bases seguras da relação entre a criatura e o Criador, proporcionando a percepção de que somos unos com a vida e unos com todos os seres. A espiritualidade Maior entende que, nos retiros de tranquilidade, criamos uma sustentação interior, que nos permite sintonizar com as leis divinas e com os valores reais da consciência cristã. Ouçamos com os ouvidos internos, pois ninguém pode assimilar bem uma experiência que não provenha de sua própria orientação interior.”

Joanna de Angelis (em “Amor Imbatível Amor” psicografado por Divaldo Franco) por fim coloca: “O medo de amar escamoteia-se e leva à solidão angustiante, que projeta o conflito como sendo de responsabilidade das demais pessoas, do meio social que é considerado agressivo e insano, fatores esses que existem no imo daquele que se recusa inconscientemente a dar-se, ao inefável prazer de libertar as emoções retidas.” Mas...

“(...) O amor relaxa e conforta, sendo felicitador e proporcionando compensação em forma de prazer. É o sentimento mais complexo e mais simples que predomina no ser humano, ainda tímido em relação às suas incontáveis possibilidades, desconhecedor dos seus maravilhosos recursos de relacionamento e bem-estar, de estimulação à vida e a todos os seus mecanismos.”

“O amor liberta quem o oferece, tanto quanto aquele a quem é direcionado, e se isso não sucede, não atingiu o seu grau superior, estando nas fases das trocas afetivas, dos interesses sexuais, dos objetivos sociais, das necessidades psicológicas, dos desejos... Certamente são fases que antecedem o momento culminante, quando enriquece e apazigua todas as ansiedades.”

Mensagem - Dias de Solidão


Mensagem - Dias de Solidão

Tem dias em que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Quando o poeta da música popular escreveu esses versos, explicitava na canção o sentimento que muitas vezes se apodera de nossa alma.

São aqueles dias onde a alma se perde na própria solidão, encontrando o eco do vazio que ressoa intenso em sua intimidade.

São esses dias em que a alma parece querer fazer um recesso das coisas da vida, das preocupações, responsabilidades e compromissos, para simplesmente ficar vazia.

Não há quem não tenha esses dias de escuridão dentro de si. Fruto algumas vezes de experiências emocionais frustrantes, onde a amargura e o dissabor nos relacionamentos substituem as alegrias de bem-aventuranças anteriores.

Outras vezes são os problemas econômicos ou as circunstâncias sociais que nos provocam dissabores e colocam sombras na alma.

A incompreensão no seio familiar, a inveja no círculo de amizades, a competição e rivalidade desmedida entre companheiros de trabalho provocam distonias de grande porte em algumas pessoas.

Nada mais natural esses dissabores. Jesus, sabiamente, nos advertiu dizendo que no mundo só encontraríamos aflições.

Tendo em vista a condição moral de nosso planeta, as aflições e dificuldades são questões naturais e, ainda necessárias para a experiência evolutiva de cada um de nós.

Dessa forma, é ilusório imaginarmos que estaríamos isentos desses embates ou acreditarmo-nos inatacáveis pela perversidade, despeito ou inferioridade alheia.

Assim, nesses momentos faz-se necessário enfrentar a realidade, sem deixar-se levar pelo desânimo ou infelicidade.

Se são dias difíceis os que estejamos passando, que sejam retos nosso proceder e nossas ações. Permanecer fiel aos compromissos e aos valores nobres é nosso dever perante a vida.

Os embates que surjam não devem ser justificativas para o desânimo, a queixa e o abandono da correta conduta ou ainda, o atalho para dias de depressão e infelicidade.

Aquele que não consegue vencer a noite escura da alma, dificilmente conseguirá saudar a madrugada de luz que chega após a sombra, que parece momentaneamente vencedora.

Somente ao insistirmos, ao enfrentarmos, ao nos propormos a bem agir frente a esses momentos, teremos as recompensas conferidas àquele que se propõe enfrentar-se para crescer.

* * *

Se os dias que lhe surgem são desafiadores, lembre-se de que mesmo Jesus enfrentou a noite escura da alma, em alguns momentos, porém, sempre em perfeita identificação com Deus, a fim de espalhar a claridade sublime do Seu amor entre aqueles que não O entendiam.

Joanna de Ângelis


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 7, do livro Atitudes renovadas, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 08.06.2010

Solidão – Saiba as diferenças entre viver sozinho e sentir-se sozinho



Solidão – Saiba as diferenças entre viver sozinho e sentir-se sozinho

Idoso só - arquivo VE
A solidão é um estado interno, a princípio um sentimento de que algo ou alguém está faltando. No vocabulário da língua portuguesa, a palavra “solidão” significa: estado de quem se sente ou está só. Segundo a psicologia, solidão é uma “doença traiçoeira” que nenhum aparelho da medicina consegue detectar e que provoca na maioria das vezes, reflexos na postura humana como:
- Isolamento
- Constante desânimo e indisposição
- Sentimentos de tristeza sem razão aparente
- Baixa auto estima
Atualmente muitas pessoas moram sozinhas e levam uma vida bastante independente. De acordo com a terapeuta e educadora psico-corporal pela Dinâmica Energética do Psiquismo (DEP) Elaine Lilli Fong, não podemos dizer que são pessoas solitárias, desde que elas se sintam em paz com essa situação. Entretanto, o que mostra é que o sentimento de solidão pode estar presente em qualquer lugar ou situação, como por exemplo, durante uma festa com os amigos, no trabalho e até mesmo dentro de casa com a própria família. Elaine relembra que cada ser humano vem sozinho ao mundo, passa pela vida como uma pessoa separada e morre sozinho. Que as fases da passagem pela vida física permitem muitas experiências, porém tudo é passageiro.
A terapeuta defende a idéia de que a separação, o estar só são apenas ilusões, pois nada se vai totalmente e nada está separado. Ficará sempre a lembrança no qual contém toda a experiência e vivência ocorrida, o que é muito rico.
Joanna de Ângelis, autora espiritual do livro “O Homem Integral”, psicografado pelo médium Divaldo Pereira Franco, afirma “[...] Solidão é espectro cruel que se origina nas paisagens do medo e que na atualidade, é um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e a humanidade. O homem solitário é todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, alguém que se receia encontrar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado.” (FRANCO, Divaldo Pereira, O Homem Integral, Ed.LEAL, 2006, São Paulo)

Mulher só - arquivo VE
Para o espírito Hammed, no livro “As Dores da Alma”, psicografado pelo médium Francisco do Espírito Santo Neto, “[...] Sofremos de solidão toda vez que desprezamos as inerentes vocações e naturais tendências da alma [...] nos distanciamos do que realmente somos, criamos um autodesprezo, passando, a partir daí, a desenvolver um sentimento de solidão, mesmo rodeados das pessoas mais importantes e queridas de nossa vida.” (NETO, Francisco do Espírito Santo, As Dores da Alma, Ed. Boa Nova, 2000, São Paulo)
Os perigos da solidão
A psicóloga e especialista em psicossomática Rosemeire Zago, alerta sobre os perigos da solidão e afirma que quando as pessoas se sentem neste estado, estão mais propensas a recorrer ao uso de álcool, drogas ou comida em excesso em busca de uma fuga. Roseimeire alerta para o fato de que não é negando, nem fugindo do que se sente, o melhor caminho para se livrar de toda a dor. Segundo a psicóloga, o sentimento de solidão, na maioria das vezes, provoca muita angústia e traz um forte sentimento de auto-depreciação e insegurança, com pensamentos negativos freqüentes. Desta forma, ao invés de eliminar ou aliviar a angústia, permite que a mesma aumente ainda mais.
Rosemeire ainda esclarece que é preciso ter consciência de que não adianta manter esses pensamentos sobre si mesmo, que com certeza eles não refletem a realidade. Se trancar em casa e se isolar, deixando que o desespero e as lágrimas dominem a vida, não trará melhoras, ao contrário, só agrava esse momento tão delicado.
Ainda no livro “As Dores da Alma”, o espírito Hammed revela “[...] é preciso abandonarmos nossa compulsão de fazer-nos seres idealizados, nossa expectativa fantasiosa de perfeição e nosso modelo social de felicidade [...] Exterminamos o clima de pressão, de abandono, de tensão e de solidão que sentimos interiormente, para transportamo-nos para uma existência de satisfação íntima e para uma indescritível sensação de vitalidade.”
Especialistas alertam para a importância da observação dos sentimentos de solidão, independente de estar ou não sozinho (a) e, havendo atitudes de constante isolamento, é necessário buscar auxílio de um profissional da saúde, além de atividades que estimulem o bem estar e elevam a auto estima.
Você encontra este artigo aqui:
http://www.radioboanova.com.br/novo/noticia.php?NOTCODIGO=566

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Vivendo a Solidão...


Vivendo a Solidão...


Imagem: ‘Her Eyes are with her Thoughts’ / Sir Lawrence Alma-Tadema




Segundo Pascal, o grande pensador científico-filosófico do século XVII, “a verdadeira natureza do homem, seu verdadeiro bem, sua verdadeira virtude e a verdadeira religião são coisas cujo conhecimento é inseparável.”

Nem sempre a solidão pode ser encarada como dor ou insânia. É, em muitas ocasiões, períodos de preparação, tempos de crescimento, convites da vida ao amadurecimento.


De acordo com o pensamento de Pascal, o âmago do ser está intimamente ligado ao bem, à virtude e à religião. É justamente nas “épocas de solidão” que conseguimos a motivação necessária para estabelecer a verdade sobre esse fato.


Na solidão é que encontramos sanidade para nosso mundo interior, respostas seguras para nossos caminhos incertos e nutrição vitalizante para os labores que enfrentamos em nossa viagem terrena.


Nestes nossos apontamentos sobre a solidão, não estamos nos referindo à “tristeza de estar só”, mas sim, necessariamente, à “quietude íntima”, tão importante e saudável para que façamos um trabalho de autoconsciência, valorizando as nuances de nossa vida interior.


Muitos indivíduos vivem dentro de um ciclo diário estafante. Realizam suas atividades num ambiente de competitividade agitação, pressa e rivalidade, vivendo em constante tensão psicológica e, por conseqüência, alterando suas funções fisiológicas. Por viverem num estado de cansaço e desgaste contínuos, não conseguem fazer uma real interação entre o meio ambiente e seu mundo interno, o que ocasiona sérios problemas de convivência e inúmeros conflitos pessoais.


Nem sempre é possível abandonarmos a vida alvoroçada, os ruídos e as músicas estridentes, talvez seja até mesmo inviável; mas é perfeitamente realizável dedicarmos algum tempo à solidão, retirando-nos para momentos de reflexão.


Nos instantes de silêncio, exercitamos o aprendizado que nos levará a abrir um canal receptivo à Consciência Divina. É nesse momento que ficamos cientes de que realmente não estamos sozinhos e que podemos entrar em contato com a voz da consciência. A voz de Deus, por assim dizer, começará a “falar em nós”.


Inúmeras criaturas criam uma mente agitada por temerem que estão vazias, pensam não haver nada dentro delas que lhes dê proteção, apoio e segurança. Acreditam que são uma casca, que precisa exclusivamente de sustentação exterior; por isso, continuam ocupando a casa mental ansiosamente, obstruindo seu acesso à luz espiritual.


A mente pode ser uma ajuda efetiva, ou mesmo um obstáculo ferrenho na escolha da melhor direção para atingirmos o amadurecimento íntimo. A crença em nossa limitação é que faz com que restrinjamos nossa mente. Isso se agrava quando envolvemo-la no burburinho de vozes, no tumulto e na agitação do cotidiano, passando assim a não avaliarmos corretamente seu verdadeiro potencial.


São muitos os caminhos de Deus, e a solidão pode ser um deles. “E saindo, foi, como costumava, para o Monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram”. (Lucas, 22:39)


Jesus Cristo, constantemente, se retirava para a intimidade que o silêncio proporciona, pois entendia que a elevação de alma somente é possível na “privacidade da solidão”.


O Cristo Amoroso sabia que, quando houvesse silêncio no coração e no intelecto, se estabeleceriam as bases seguras da relação entre a criatura e o Criador, proporcionando a percepção de que somos unos com a Vida e unos com todos os seres.


“... buscam no retiro a tranqüilidade que certos trabalhos reclamam. (...) Isso não é retraimento absoluto de egoísta. Esses não se insulam da sociedade, porquanto para ela trabalham”. (questão 771 de “O Livro dos Espíritos”)


A Espiritualidade Maior entende que, nos retiros de tranqüilidade, criamos uma sustentação interior, que nos permite sintonizar com as leis divinas e com os valores reais da consciência cristã.


Ouçamos com os ouvidos internos, pois ninguém pode assimilar bem uma experiência que não provenha de sua própria orientação interior.


Ninguém é capaz de seguir sua verdadeira estrada existencial, se não refletir sobre sua essência. Não encontraremos o caminho de que verdadeiramente necessitamos, se nós mesmos não o buscarmos, usando nosso inerentes recursos da alma para perceber as inarticuladas orientações divinas em nós. Somente cada um pode interpretar as razões da Vida em si mesmo.


Adotemos o aprendizado com o Senhor Jesus, exemplificado no Horto das Oliveiras: retiremo-nos para um lugar à parte e cultivemos os interesses de nossa alma.


Se não encontrarmos um recanto externo que facilite a meditação, nem alguma paisagem mais afastada junto à Natureza, onde possamos repousar da inquietação da multidão, mesmo assim poderemos penetrar o nosso santuário íntimo.


Sigamos o mestre, recolhendo-nos na solidão e no silêncio do templo da alma, onde exclusivamente encontraremos as reais concepções do amor e da justiça, da felicidade e da paz, de que todos temos direito por Paternidade Divina.




Hammed
Do livro “As Dores da Alma” - Psicografado por Francisco do Espírito Santo Neto

Solidão - Joanna


Solidão

Espectro cruel que se origina nas paisagens do medo, a solidao é , na atualidade, um dos mais graves problemas que desafiam a cultura e o homem.


A necessidade de relacionamento humano, como mecanismo de afirmação pessoal, tem gerado vários distúrbios de comportamento, nas pessoas tímidas, nos indivíduos sensíveis e em todos quantos enfrentam problemas para um intercâmbio de idéias, uma abertura emocional, uma convivência saudável.


Enxameiam, por isso mesmo, na sociedade, os solitários por livre opção e aqueloutros que se consideram marginalizados ou sao deixados à distância pelas conveniências dos grupos.


A sociedade competitiva dispõe de pouco tempo para a cordialidade desinteressada, para deter-se em labores a benefício de outrem.


O atropelamento pela oportunidade do triunfo impede que o indivíduo, como unidade essencial do grupo, receba consideração e respeito ou conceda ao próximo este apoio, que gostaria de fruir.


A mídia exalta os triunfadores de agora, fazendo o panegírico dos grupos vitoriosos e esquecendo com facilidade os heróis de ontem, ao mesmo tempo que sepultam os valores do idealismo, sob a retumbante cobertura da insensatez e do oportunismo.


O homem, no entanto, sem ideal, mumifica-se. O ideal é-lhe de vital importância, como o ar que respira.


O sucesso social não exige, necessariamente, os valores intelecto-morais, nem o vitalismo das idéias superiores, antes cobra os louros das circunstâncias favoráveis e se apóia na bem urdida promoção de mercado, para vender imagens e ilusões breves, continuamente substituídas, graças à rapidez com que devora as suas estrelas.


Quem, portanto, nao se vê projetado no caleidoscópio mágico do mundo fantástico, considera-se fracassado e recua para a solidão, em atitude de fuga de uma realidade mentirosa, trabalhada em estúdios artificiais.


Parece muito importante, no comportamento social, receber e ser recebido, como forma de triunfo, e o medo de nao ser lembrado nas rodas bem sucedidas, leva o homem a estados de amarga solidão, de desprezo por si mesmo.


O homem faz questão de ser visto, de estar cercado de bulha, de sorrisos embora sem profundidade afetiva, sem o calor sincero das amizades, nessas areas, sempre superficiais e interesseiras. O medo de ser deixado em plano secundário, de não ter para onde ir, com quem conversar, significaria ser desconsiderado. atirado à solidão.


Há uma terrível preocupacão para ser visto, fotografado, comentado, vendendo saúde, felicidade, mesmo que fictícia.


A conquista desse triunfo e a falta dele produzem solidão.


O irreal, que esconde o caráter legítimo e as lidimas aspiracões do ser, conduz à psiconeurose de auto-destruicao.


A ausência do aplauso amargura, face ao conceito falso em torno do que se considera, habitualmente como triunfo. Há terrível ânsia para ser-se amado, nao para conquistar o amor e amar, porém para ser objeto de prazer, mascarado de afetividade. Dessa forma, no entanto, a pessoa se desama, nao se torna amável nem amada realmente.


Campeia, assim, o "medo da solidao", numa demonstração caótica de instabilidade emocional do homem, que parece haver perdido o rumo, o equilíbrio.


O silêncio, o isolamento espontâneo, são muito saudaveis para o indivíduo, podendo permitir-lhe reflexão, estudo, auto-aprimoramento, revisão de conceitos perante a vida e a paz interior.


O sucesso, decantado como forma de felicidade, é, talvez, um dos maiores responsáveis pela solidão profunda.


Os campeões de bilheteira, nos shows, nas rádios, televisões e cinemas, os astros invejados, os reis dos esportes, dos negócios, cercam-se de fanáticos e apaixonados, sem que se vejam livres da solidão.


Suicídios espetaculares, quedas escabrosas nos porões dos vícios e dos tóxicos comprovam quanto eles são tristes e solitários. Eles sabem que o amor, com que os cercam, traz, apenas, apelos de promoção pessoal dos mesmos que os envolvem, e receiam os novos competidores que lhes ameaçam os tronos, impondo-lhes terríveis ansiedades e insegurancas, que procuram esconder no álcool, nos estimulantes e nos derivativos que os mantém sorridentes, quando gostariam de chorar, quão inatingidos, quanto se sentem fracos e humanos.


A neurose da solidão é doença contemporânea, que ameaca o homem distraído pela conquista dos valores de pequena monta, porque transitórios.


Resolvendo-se por afeiçoar-se aos ideais de engrandecimento humano, por contribuir com a hora vazia em favor dos enfermos e idosos, das criancas em abandono e dos animais, sua vida adquiriria cor e utilidade, enriquecendo-se de um companheirismo digno, em cujo interesse alargar-se-ia a esfera dos objetivos que motivam as experiências vivenciais e inoculam coragem para enfrentar-se, aceitando os desafios naturais.


O homem solitário, todo aquele que se diz em solidão, exceto nos casos patológicos, é alguem que se receia encontrar, que evita descobrir-se, conhecer-se, assim ocultando a sua identidade na aparência de infeliz, de incompreendido e abandonado.


A velha conceituação de que todo aquele que tem amigos nao passa necessidades, constitui uma forma desonesta de estimar, ocultando o utilitarismo sub-reptício, quando o prazer da afeição em si mesma deve ser a meta a alcancar-se no inter-relacionamento humano, com vista à satisfação de amar.


O medo da solidão, portanto, deve ceder lugar, à confianca nos próprios valores, mesmo que de pequenos conteúdos, porém significativos para quem os possui.


Jesus, o Psicoterapeuta Excelente, ao sugerir o "amor ao proximo como a si mesmo" após o "amor a Deus" como a mais importante conquista do homem, conclama-o a amar-se, a valorizar-se, a conhecer-se, de modo a plenificar-se com o que é e tem, multiplicando esses recursos em implementos de vida eterna, em saudável companheirismo, sem a preocupação de receber resposta equivalente.


O homem solidário, jamais se encontra solitário.


O egoísta, em contrapartida, nunca está solícito, por isto, sempre atormentado.


Possivelmente, o homem que caminha a sós se encontre mais sem solidão, do que outros que, no tumulto, inseguros, estao cercados, mimados, padecendo disputas, todavia sem paz nem fé interior.


A fé no futuro, a luta por conseguir a paz intima - eis os recursos mais valiosos para vencer-se a solidão, saindo do arcabouço egoísta e ambicioso para a realização edificante onde quer que se esteja


Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Do livro: O Home Integral