quarta-feira, 19 de junho de 2013

Fatalidade existe, mas é relativa


Foi o genial Malba Tahan quem introduziu no português a expressão maktub, marca registrada do talento de Bariani Ortêncio em Goiás. Para quem não sabe, quando o maometano exclama:
– Maktub! – ele está manifestando o seu fatalismo e querendo dizer que estava escrito, tinha que acontecer. Em árabe, essa palavra é o particípio passado do verbo katab, que significa escrever. De certa forma, eqüivale ao “seja lá o que Deus quiser” dos cristãos, por meio do qual ele manifesta sua conformação com os desígnios insondáveis da vontade divina.
Existe mesmo a fatalidade?  
Existe, mas é relativa. Ensinam Emmanuel e Francisco Cândido Xavier que não há fatalidade para o mal e sim destinação para o bem. É por isso que a todas as criaturas foi concedida a bênção da razão, como luz essencial no caminho. Santo Agostinho afirma que a sede de luz, no viajor que ainda atravessa as regiões da sombra, é fatalidade.
Em O Livro dos Espíritos (Livro III, capítulo X), Allan Kardec pergunta: “O homem, por sua vontade e por seus atos, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?” 
Os Espíritos Superiores respondem: “Ele pode, desde que esse desvio aparente possa se harmonizar com a vida que escolheu. Ademais, para fazer o bem, como o deve ser, e como isso é o único objetivo da vida, pode impedir o mal”.
O Codificador da Doutrina Espírita insiste, indagando se o livre arbítrio, presente de Deus ao homem, não deixa de existir com a fatalidade. Os Espíritos Superiores esclarecem: 
“A fatalidade não existe senão pela escolha que fez o espírito, antes de reencarnar, de suportar essa ou aquela prova. Escolhendo, ele traçou uma espécie de destino. Falamos das provas físicas, porque para o que é prova moral e tentações, o espírito, conservando seu livre arbítrio sobre o bem e sobre o mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Um bom espírito vendo-o fraquejar pode vir em sua ajuda, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar sua vontade. Um espírito mau, quer dizer, inferior, mostrando-lhe, exagerando-lhe um perigo físico, pode abalá-lo e assustá-lo, mas a vontade do espírito encarnado não fica menos livre de todos os entraves”. 
Os Espíritos Superiores asseguram que ninguém pode morrer antes da hora, a não ser que se suicide, o que constitui crime gravíssimo. Eles deixam claro:
“Tu não perecerás antes da hora e disso tens milhares de exemplos. Mas quando chega a hora de partir, nada pode te livrar dela. Deus sabe, antecipadamente, de qual gênero de mortes partirás daqui e, frequentemente, teu espírito o sabe também, porque isso lhe é revelado quando lhe faz escolha de tal ou tal existência”. 
Camille Flammarion, o famoso astrônomo que trabalhou com Kardec, frisa, no seu livro A Morte e o Seu Mistério, que o fatalismo é a doutrina dos sonolentos que, pura e simplesmente, aguardam os acontecimentos, ao invés de se esforçarem para os evitar ou modificar, quando o homem é ativo e não passivo e, só ele mesmo, pode construir o seu futuro.
Muita gente pergunta o que vem a ser reforma íntima, que proporcionaria ao homem viver, na Terra e no mundo espiritual, experiências cada vez mais felizes. 
Está em O Livro dos Espíritos que Deus cria constantemente espíritos, simples e ignorantes para, através do esforço próprio, no exercício do livre arbítrio, se aperfeiçoar até se tornar anjos. Nessa caminhada de milênios para a luz, sendo simples e ignorante e desfrutando de liberdade ou livre arbítrio, ele erra muito. Um dia chegará a anjo, que é puro e sábio. A pureza, o espírito em evolução adquire através da dor ou do amor. A sabedoria lhe vem através da experiência adquirida nas reencarnações. 
É ensinamento do Cristo que devemos fazer crescer dentro de nós o homem novo, quer dizer, liberto de suas misérias morais. O homem novo ama o próximo. Ele retirou da sua alma o ciúme e a maldade, a impaciência e o mau humor, o orgulho e a vaidade, a maledicência e a inveja, essas e todas as demais manifestações nefandas do egoísmo. Ele fez sua reforma íntima.
Allan Kardec, n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, evidencia que a reforma íntima é individual e intransferível. Não a podemos fazer por outrem e ninguém a pode realizar por nós. 
Reforma íntima é eliminar o nosso ego humano e desenvolver o nosso Eu divino. Reforma íntima é o desenvolvimento contínuo e progressivo das perfeições que jazem latentes no nosso espírito.
Assim, quem pretende se tornar cada vez mais feliz, precisa acelerar sua reforma íntima que, com certeza, já começou. Nosso próximo é nosso trampolim para Deus. É impossível servir a Deus sem servir ao próximo. Ele constitui, na realidade, nosso mais importante patrimônio.
Gibran Khalil, o grande pensador árabe do século passado, imagina Jesus, o Filho do Homem, ensinando a Pedro:
– Vosso próximo é o vosso Eu morando atrás de uma parede. Pela compreensão, todas as paredes cairão. Vosso próximo é também a manifestação do Altíssimo, que não conheceis. Eu gostaria que amásseis vosso próximo como eu vos amei.
(Jávier Godinho, jornalista)

domingo, 9 de junho de 2013

Reforma Íntima

Amigos,

Falando em relatividades (clique aqui para ler o texto), comecei a pensar sobre a tal da “Reforma Íntima”, citada algumas vezes pelos nossos escritores espíritas. Sempre dizem que precisamos fazer a reforma íntima, ou seja, precisamos pensar em nós e em nossas posições perante a vida e a relação com os irmãos. Mas, será que até mesmo essa reforma íntima é relativa? E quando sabemos que estamos indo bem nesse aspecto ou não?

Eu não tenho as respostas mais corretas para essas questões, mas tenho algo que, para mim, faz muito sentido. Olhemos nossas vidas com sinceridade. Ela é a resposta.

Sim, a vida nos responde no dia a dia. Quando vamos reencarnar, aceitamos uma série de questões a serem melhoradas em nossos “eus” espirituais. Quanto espíritos, temos uma visão sem os limites da matéria e conseguimos entender que algumas situações ruins de nossa existência acontecem para facilitar nosso aprendizado. Obviamente esse aprendizado é extremamente individual, cada um sabe o que tem que ser desenvolvido e isso tudo é acertado antes mesmo da concepção.

Certo, entendemos que alguns problemas pelos quais passamos são frutos dessa nossa escolha com a finalidade única de aprendermos alguma coisa. Esse é, também, mais ou menos o princípio da reforma íntima: observarmos nossos passos para ver se nos mantemos em linha reta e, acima de tudo, andamos para frente.

Bom, como a vida pode nos responder a isso tudo? Simples: quando nossa vida está bem em seu sentido mais amplo. Como está sua reação com a família? Com os amigos? Com seus pares? Você anda sorrindo mais do que chorando? Você tem mais respostas boas que ruins? Lembram-se que estudamos que os iguais se atraem, quando falamos de energias e de espíritos? Pois bem; se sua reforma íntima está em dia, se você está progredindo como pessoa, a tendência é que você tenha mais respostas positivas em sua vida. Quando isso falhar, a vida se encarregará de te dar respostas negativas novamente.

Nós, espiritualistas, às vezes temos nesse pequeno pormenor a vaidade de apontar um irmão e dizer que ele não faz corretamente sua reforma íntima. Mas esquecemos de olharmos para nós e observarmos a nossa própria reforma. Às vezes temos a tendência de observar as conquistas do irmão com certo desdém mas, se é uma conquista, é porque ele fez por merecer. O julgo é complicado nesses momentos porque, quase sempre, é carregado de egoísmo, vaidade e, muitas vezes, rancor.

Eu não sei, na verdade. Vocês que me acompanham há algum tempo sabem como costumo agir: no final do dia, relembro o dia todo tentando encontrar as situações pelas quais passei e ver onde agi mal e onde agi bem. Quando vejo que agi bem, deixo isso passar. Quando vejo que agi mal, tomo como lição e tento não deixar mais acontecer. Não sei se esse é o melhor caminho mas é o qual eu acredito e, para ser sincero, é isso que me faz um Soldado de Oxalá: a noção de que não sou perfeito e de que posso errar.

E o que eu quero dizer com isso tudo?

Reforma íntima é íntima. É de cada um para consigo mesmo. Não é algo que importe a outros e não é algo dos outros que importe a você. Cada um segue seu caminho rumo ao Pai Maior, seja lá qual nome damos a Ele e achar que um irmão não faz isso direito é, no mínimo, vaidade de sua parte. Afinal, quem seria você, nesse meio, para julgar alguém?

Cuidado com seus apontamentos. Dificilmente nós conseguimos ver no irmão aquilo que não temos em nosso coração. Se você só vê maldade, talvez seja hora de repensar sua própria reforma íntima.

Abs.

http://www.artefolk.com.br/novo/blog/2013/06/03/reforma-intima/

Reforma íntima...

Causos da Vovó Chica – VIII

Vó Francisca de Aruanda, trabalhadora calejada das lides dos terreiros. Mulher experimentada nas dificuldades da vida. Caridosa, amorosa e corajosa. Traz seu axé para os filhos de fé dos terreiros da vida!
Serão dez causos da vó Chica, postados neste
blog ao longo do tempo para fazer pensar.
Então senta que lá vem história!!!

Reforma íntima...

O templo de umbanda estava em pleno funcionamento, consulentes sendo atendidos, médiuns trabalhando e a caridade sendo prestada. Do Alto os irmãos de luz cuidavam para que tudo corresse bem, os trabalhadores espirituais estavam a postos e tudo corria normalmente naquela noite de atendimentos...
Os sábios pretos velhos estavam naquele ambiente mais uma vez, resgatando almas, orientando e retirando as más vibrações dos filhos de fé...
Na primeira fila estava a médium de vovó Chica já sob sua vibração, atendendo um consulente frustrado e cheio de dúvidas.

Consulente: _Todo mundo fala que é preciso fazer a reforma íntima, não sei mais o que fazer para me ajudar... São tantas cobranças internas! Preciso ser perfeito, não posso falhar, tenho que dar conta de tudo, saber tudo sobre tudo, nossa! Estou cansado, muitas pessoas não são verdadeiras, todo mundo prega a bondade, mas não é assim que fazem com os outros...

Vovó Chica: _Mas não pode perder a fé zin fio! Os problemas são ocorrência natural da vida, é preciso ter uma cota adicional de paciência e humildade para saber vencer com sabedoria as armadilhas... Ê, ê!

Consulente: _Estou arruinado! Fiquei descuidado e vaidoso, melindrei-me demais e os guias se afastaram de mim... Me diga por favor, como posso voltar a ser como antes?

Vovó Chica: _Ficar melhor suncê quer dizer, né zin fio? É só fazer a reforma íntima que dá tudo certo, não tem mistério!

Consulente: _Todo mundo fala nessa tal de reforma íntima, eu mesmo não sei mais o que é realmente!

Vendo que o rapaz tinha enormes dificuldades em compreender as lições e as orientações, vovó Chica iniciou um cântico e depois falou:

Vovó Chica: _Suncê é médium... Serve numa casa de umbanda onde esta negra velha sabe que a caridade vem em primeiro lugar! Então vamos lá. Eu vou te ajudar, vou lhe dar a receitinha mágica... O filho tem boa memória?

Consulente: _Eu tenho, vovó!

Vovó Chica: _Então vamos lá, a reforma íntima serve para cada filho de fé de uma forma diferenciada, pois na vida cada um exerce um posto, o seu é entre outros  o de médium, mas não existem médiuns perfeitos, existem bons médiuns. No seu caso a reforma íntima deve ser trabalhada assim: Na casa onde trabalha o filho deve auxiliar com passes, preces, conselhos nos atendimentos fraternos, nas incorporações, não é mesmo, filho?


Consulente: _Hum, hum!


Vovó Chica: _A reforma íntima que um médium deve fazer é a de observar-se primeiramente e depois agir! Como aconselhar os irmãos consulentes que sofrem, inspirando-os a perdoar e a fazer somente o bem ao semelhante e esquecer-se de aplicar este conhecimento em si mesmo? Como desejar dar passagem para caboclo forte com nome conhecido, se não está nem apto a incorporar os anônimos trabalhadores do astral superior? Como querer evangelizar os desencarnados errantes e empedernidos no mal, se em vossa casa, entre os familiares consanguíneos não há respeito, amor, perdão nem tão pouco união? Como é que o filho quer ser um bom médium e ter os irmãos trabalhadores do plano espiritual novamente ao seu lado, se não para de consumir alcoólicos em demasia, de frequentar zonas de baixo meretrício e de envaidecer-se? Para evangelizar é preciso ser evangélico!!! No caso dos médiuns, meu filho, para ser mesmo bom é preciso ser disciplinado, humilde e estudioso. Fora disso não há verdade e nem equilíbrio. Reforma íntima é o trabalho que se faz da autoeducação... No seu caso eu acho que expliquei bem, mas a reforma íntima pode se adaptar com facilidade a outras situações, pois pelo que me consta não é preciso ser medianeiro nem vestir o branco para ser evangelizado. Homens e mulheres podem e devem aplicar este conhecimento em suas vidas e em seus lares... Perdoar o entes aborrecidos e raivosos, conciliar amor com respeito, educar, refrear os impulsos inferiores... Corrigir as falhas no momento em que elas surgem, ser humilde, dar a vez ao outro, não vingar-se, não pensar mal de ninguém, não roubar, não matar... Né, zin fio? Já entendeu ou esta negra velha deve continuar?




Autoria: Marcos Marchiori/Letícia Gonçalves  - Missão de Luz

http://missaodeluz.blogspot.com.br/2013/06/blog-post_2.html