segunda-feira, 29 de julho de 2013

A maldade infantil

Psiquiatra explica como as crianças podem ser tão ou mais cruéis do que os adultos

por Guilherme Rosa

A maldade não é mais segredo para ciência. Hoje em dia, os pesquisadores já sabem que a crueldade se manifesta de forma biológica, como uma falha nos circuitos cerebrais, e que pode ter fatores sociais e genéticos. O psiquiatra Fábio Barbirato, chefe do setor de Neuropsiquiatria da Infância e da Adolescência da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, explicou à revista GALILEU como essa maldade aparece nas crianças.

GALILEU: Uma criança pode ser tão maldosa quanto um adulto?

Barbirato: Maldade pode ser definida como falta de empatia. Quando você provoca algo mal a alguém, é porque você não está muito preocupado com que essa pessoa venha se machucar fisicamente ou emocionalmente. Isso significa que você não se importa com o outro. A gente sabe que essa falta de empatia está ligada a algumas áreas do cérebro, como o córtex frontal. Ela também está ligada, em seus casos mais extremos, ao que os antigos chamavam de psicopatia e hoje nós chamamos de personalidade antissocial. O termo utilizado para definir essa mesma falta de empatia em uma criança é transtorno de conduta. Esse transtorno começa na infância e pode ser diagnosticado até os 17 anos. Ele se caracteriza justamente pela falta de empatia e remorso. Um paciente meu, por exemplo, foi proibido pela mãe de sair de casa porque tirou notas baixas. Ele pegou o cachorro da mãe e enfiou várias agulhas nele. Outro paciente pegou o cachorro da mãe e colocou dentro do microondas. E eles não se arrependem disso, falam sem nenhum tipo de remorso. A violência dessa criança pode ser física, ele pode ser aquele garoto que junta uma galera pra bater em outro menino porque ele é mais pobre ou negro, ou tem características homossexuais. Mas essa violência pode aparecer de outras formas – ele pode ser aquela criança que rouba a prova do amigo, por exemplo. Essa violência pode ser observada partir dos 5 anos de idade.

Por que só conseguimos perceber esse transtorno a partir dos 5 anos?

Barbirato: A gente só pode fazer o diagnóstico a partir dos 5 anos de idade porque as áreas do cérebro ligadas ao comportamento inibitório só se desenvolvem a partir dessa idade. Depois disso, a criança já sabe o que é errado e certo. Sabe que, se machucar alguém, esse alguém vai sentir dor. Ela já consegue se colocar no lugar do outro e já tem a capacidade de inibir seu comportamento se perceber que vai fazer mal a alguém. Depois do diagnóstico, temos que incentivar a família, para não reforçar esse comportamento agressivo e não ser modelo dele.

Que tipo de características iremos ver em uma criança com transtorno de conduta?

Barbirato: São crianças que têm comportamentos perversos, agressivos. São aquelas que, quando podem roubar um brinquedo de alguém, vão lá e roubam. Aquelas que batem ou mordem os amigos, mas que fazem de modo que ninguém veja. São crianças que manipulam os adultos. Normalmente, elas são muito sedutoras, conseguem transformar a situação a seu favor. São extremamente inteligentes.

Essa criança vai levar essas características para a vida adulta?

Barbirato: De 70% a 90% dessas crianças desenvolvem uma personalidade antissocial.

Temos como prevenir isso?

Barbirato: Quanto mais precoce for a identificação do transtorno, melhor. É importante perceber que seu filho está muito agressivo, não demonstra grandes arrependimentos. E aí procurar ajuda. Não há medicação nenhuma que mostre resultado nesses casos. São quadros que precisam de uma reestruturação familiar. A ideia não é ensinar e educar seu filho, mas mudar a dinâmica da família. Comportamentos positivos trazem benefícios muito maiores do que comportamentos negativos.

Então o papel dos pais é importante no surgimento desses casos?

Barbirato: Não vou falar que eles são causadores, porque está provado que é uma questão orgânica, uma alteração do funcionamento normal do cérebro. Como a criança não tem freio inibitório, acaba tendo comportamentos inadequados. Mas, se o jovem tiver uma família que é mais próxima, que o ajude a perceber que esses atos são danosos aos outros, que o faça notar que o outro se sente incomodado pelas suas atitudes, é possível mudar seu comportamento. Para que, no futuro, esses jovens não tenham que passar por uma intervenção médica ou até mesmo uma internação em uma instituição correcional, como as antigas FEBEM. Porque, provavelmente, muitos dos jovens que estão internados nestas instituições são jovens com transtorno de conduta que não tiveram a facilidade de um diagnóstico precoce e uma ajuda familiar.

A internação nesse tipo de instituição pode ajudar a recuperar a criança?

Barbirato: Os estudos mostram que é muito importante ter a família junto, para reforçar positivamente cada memória que o jovem tenha. É importante ele estar num ambiente que seja estimulante à melhora do comportamento. Nessas instituições, pelo contrário, ele está convivendo com jovens que também são agressivos, também são violentos e não mostram nenhum tipo de arrependimento. Isso só vai reforçar aquela atitude.

Por parte de família, que tipo de comportamento poderia aumentar a empatia da criança?

Barbirato: Não existe uma regra, uma receita de bolo. A família tem que prestar atenção se o filho tem pouca empatia, pouco arrependimento, rouba coisinhas da creche. Eles não devem ter preconceitos e procurar uma ajuda o mais rápido possível. Devem procurar um profissional, psiquiatra ou psicólogo especializado nisso, porque assim podem prevenir que no futuro ele venha a ter problemas graves, desde agressividade até abuso de drogas.

Matéria publicada na Revista Galileu, em 27 de junho de 2011.


Gert Bolten Maizonave* comenta

A Responsabilidade dos Pais na Educação dos Filhos

A maldade nunca foi segredo para nós espíritas. Sabemos que o corpo físico, apesar de ter sua formação gerenciada pela combinação dos cromossomos dos seus genitores, tem sua configuração final largamente influenciada pelo perispírito, que por sua vez mantém registradas todas características psíquicas do indivíduo.

Esse efeito não se limita às predisposições da psique. Segundo pesquisadores atuais, como o canadense Ian Stevenson e o brasileiro Hernani Guimarães Andrade, até mesmo certos ferimentos adquiridos na existência anterior, principalmente quando auto-infligidos, mostram-se de diversas maneiras no veículo material que se forma providencialmente a serviço do encarnado, segundo seu merecimento e suas necessidades.

Os genitores do reencarnante, quando conscientes de que seu filho recém-nascido já possui numerosos séculos de experiências na terra, sabem que cabe a eles, como se fossem jardineiros, buscar podar o quanto seja possível das más tendências que possam detectar nos seus rebentos, no momento em que venham à tona, seja através da imposição de limites, enquanto lhes seja possível representar alguma autoridade, ou através do bom exemplo, que fala alto até mesmo às almas menos sensíveis.

Há um trecho de O Livro dos Espíritos que trata do tema:

"208. O Espírito dos pais não exerce influência sobre o do filho após o nascimento?

"— Exerce, e muito, pois, como já dissemos, os Espíritos devem concorrer para o progresso recíproco. Pois bem: o Espírito dos pais tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação; isso é para ele uma tarefa. Se nela falhar, será culpado.

"209. Por que pais bons e virtuosos têm filhos perversos? Ou seja, por que as boas qualidades dos pais não atraem sempre, por simpatia, bons Espíritos como filhos?

"— Um mau Espírito pode pedir bons pais, na esperança de que seus conselhos o dirijam por uma senda melhor, e muitas vezes Deus o atende.

"210. Os pais poderão, pelos seus pensamentos e as suas preces atrair para o corpo do filho um bom Espírito, em lugar de um Espírito inferior?

"— Não. Mas podem melhorar o Espírito da criança a que deram nascimento e que lhes foi confiada. Esse é o dever; filhos maus são uma prova para os pais."

O mais importante é salientar que a causa do transtorno sócio-emocional patológico está longe de ser biológica, como supõe a ciência médica atual, que aos poucos se aproxima da já secular Ciência Espírita. O diagnóstico realizado através do corpo físico aponta simplesmente uma consequência da raiz do problema que só se pode solucionar através do aprendizado nas encarnações sucessivas, onde o ser que é desenvolvido intelectualmente, mas ainda bruto nos seus sentimentos, vai aprendendo, preferencialmente com a ajuda do seu pai, de sua mãe e dos educadores, a dar valor às necessidades alheias, incorporando em si as leis naturais de amor e caridade.

* Gert Bolten Maizonave é gaúcho de Bento Gonçalves, estudante de eletrônica, trabalhador espírita desde 2000 e participa das atividades do Serviço de Perguntas e Respostas do Espiritismo.net desde 2004.

Peversidade - Teixeira


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Frutos da Crueldade

Quando se observa a enorme diversidade dos animais existentes na Terra, descobre-se como o Pai Celeste foi pródigo em tudo providenciar ao homem.

Os animais o vestem com suas peles, o alimentam com seus ovos, seu leite, sua carne. Aquecem-no com suas penas e lã.

Com alegria, lhe deliciam os ouvidos compondo sinfonias nos ramos das árvores ou aprisionados em gaiolas douradas.

Retribuem as carícias com fidelidade extremada, até o sacrifício da própria vida.

Em uma palavra, servem o homem.

E o que tem feito o homem pelos animais?

Retira de seu habitat as aves, especialmente periquitos e papagaios, corta-lhes as asas para que não alcem vôo.

E para quê? Para servir de brinquedo ao filho? Por quanto tempo?

Para servir de adorno?

Logo, o bichinho está relegado a um canto, triste. Morre cedo, na maioria das vezes, porque longe da liberdade da sua mata, quando não por doenças que contrai pela alimentação inadequada que recebe.

Por vezes, descobre-se nos centros urbanos, junto a piscinas improvisadas ou nos jardins, tartarugas e cágados.

Também retirados pequenos do seu local de origem, fazem a alegria da criançada... Por algum tempo.

Até crescerem tanto que deixam de ser engraçadinhos. Alimentados de forma incorreta, têm os seus cascos amolecidos e acabam sendo entregues, quando o são, a zoológicos da cidade.

Para que tirá-los da condição de liberdade?

E os sagüis, os macaquinhos, então!? Quanta maldade! Para se conseguir retirar o filhote, normalmente sacrificam-se os pais.

O filhote passa a viver dentro de estreitos espaços, preso a correntes. Morre de tristeza ou por descuidos.

Porque, de um modo geral, as pessoas não se esmeram em saber verdadeiramente como deve o bichinho ser tratado.

Ao lado da maldade de se separar o animal da sua família, do seu habitat, de lhe cercear a liberdade, a maldade maior de acabar paulatinamente com sua espécie.

Pensemos: os pais são mortos, o filhote não tem com quem cruzar. A espécie somente pode perecer, com o tempo.

Tudo isto demonstra a crueldade do ser humano. Crueldade que é fruto do seu egoísmo e do pouco valor que dá à vida.

Onde o respeito à vida, à natureza, ao ser inferior?

Conscientizemo-nos de que somente alcançaremos a felicidade, quando não venhamos a distribuir o mal, seja para a Terra que nos agasalha, seja para os seres que a habitam.

Porque em síntese, toda agressão à natureza redunda em prejuízo para quem a pratica.

*   *   *

Carl Sagan, astrônomo americano, disse que se fôssemos visitados por um viajante espacial que examinasse nosso planeta, ele possivelmente concluiria que não há vida inteligente na Terra.

É que o hipotético viajante iria logo descobrir que os organismos dominantes da Terra estão destruindo suas fontes de vida.

A camada de ozônio, as florestas tropicais, o solo fértil, tudo sofrendo constantes ataques.

Redação do Momento Espírita com
base em artigo da Revista Veja,
de 27.03.1996 (pág. 85).
Em 25.01.2008.

Crueldade 1 - Hammed

A auto-crueldade é, sem dúvida, a mais dissimulada de todas as opressões.

De todas as violências que padecemos, as que fazemos contra nós mesmos são as que mais nos fazem sofrer. Nessa crueldade, não se derrama sangue, somente se constroem cercas e cercas, que passam a nos sufocar e a nos afligir por dentro.
Montaigne, célebre filósofo francês do século XVI, escreveu: “A covardia é mãe da crueldade”. Realmente, é assim que se inicia nossa auto-agressão. Em razão de nossa fragilidade interior e de nossos sentimentos de inferioridade, aparece o temor, que nos impede de expressar nossas mais íntimas convicções, dificultando-nos falar, pensar e agir com espontaneidade ou descontração.
A auto-crueldade é, sem dúvida, a mais dissimulada de todas as opressões. Além de vir adornada de fictícias virtudes, recebe também os aplausos e as considerações de muitas pessoas, mas, mesmo assim, continua delimitando e esmagando brutalmente. Essa atmosfera virtuosa que envolve os que buscam ser sempre admirados e aceitos deve-se ao papel que representam incessantemente de satisfazer e de contentar a todos, em quaisquer circunstâncias. Buscam contínuos elogios, colecionando reverências e sorrisos forçados, mas pagam por isso um preço muito alto: vivem distantes de si mesmos.
A causa básica do “auto-tormento” consiste em algo muito simples: viver a própria vida nos termos estabelecidos pela aprovação alheia.
A timidez pode ser considerada uma auto-crueldade. O acanhado vigia-se e, ao mesmo tempo, vigia os outros, vivendo numa auto-prisão. Em razão de ser aceito por todos, ele não defende sua vontade, mas sim a vontade das pessoas. Pensa que há algo de errado com ele, não desenvolve a autoconfiança e, continuamente, se esconde por inibição.
Pensar e agir, defendendo nosso íntimo e nossos direitos inatos e, definindo nossas perspectivas pessoais, sem subtrair os direitos dos outros, é a imunização contra a auto-crueldade.
Para vivermos bem com nós mesmos, é preciso estabelecer padrões de auto-respeito, aprendendo a dizer “não sei”, “não compreendo”, “não concordo” e “não me importo”.
As criaturas que procuram bajulação e exaltação martirizam-se para não cometer erros, pois a censura, a depreciação e a desestima é o que mais as atemorizam. Esquecem-se de que os erros são significativas formas de aprendizagem das coisas. É muito compreensível falarmos à lógica numa tomada de decisão, ou mudarmos de idéia no meio do caminho; no entanto, quando errarmos, será preciso que assumamos a responsabilidade pelos nossos desencontros e desacertos e apreendamos o ensinamento da lição vivenciada.
Quem busca consenso, crédito e popularidade não julgam seus comportamentos por si mesmo, mas procura, ansiosamente, as palmas dos outros, oferecendo inúmeras razões para que suas atitudes sejam totalmente consideradas.
Vivendo e seguindo seus próprios passos, poderá inicialmente encontrar dificuldades momentâneas, mas, com o tempo, será recompensado com um enorme bem-estar e uma integral segurança da alma.
Estar alheio ou sair de si mesmo, na ânsia de ser amado por todos aqueles que consideram modelos importantes, será uma meta alienada e inatingível. O único modo de alcançar a felicidade é viver, particularmente, a própria vida.
A fixação que temos de olhar o que os outros acham ou acreditam, sem possuirmos a real consciência do que queremos, podemos, sentimos, pensamos e almejamos, é o que promove a destruição em nossa vida interior, ou seja, o esfacelamento da própria unidade como seres humanos e, por conseqüência, nossa unidade com a vida que está em tudo e em todos.
Consultam Kardec os Obreiros do Bem: “A obrigação de respeitar os direitos alheios tira ao homem o de pertencer-se a si mesmo?” E eles responderam: “De modo algum, porquanto este é um direito que lhe vem da Natureza”.
“Pertencer-se a si mesmo”, conforme nos asseveram os Espíritos, é exercer a liberdade de não precisar conciliar as opiniões dos homens e de livrar-se das amarras da tirania social, da escravidão do convencionalismo religioso, das vulgaridades do consumismo, da constrição de ser dependente, enfim, do medo do que dirão os outros.
A solução para a auto-crueldade será a nossa tomada de consciência de que temos a liberdade por “direito que vem da Natureza”. Contudo, de quase nada nos servirá a liberdade exterior, se não cultivarmos uma autonomia interior, porque quem está internamente entre grilhões e amarras jamais poderá pensar e agir livremente.


Espírito: HAMMED
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto – As dores da alma.

* * *
“O Espiritismo é toda uma Ciência, toda uma Filosofia. Quem desejar conhece-lo seriamente deve, pois, como primeira condição, submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando.” – Allan Kardec

Crueldade 2 - Hammed

Cada ato de agressividade que ocorre neste mundo tem como origem básica uma criatura que ainda não aprendeu a amar.

A crueldade, como pena de morte, já se achava estabelecida em quase todos os povos da Antiguidade. Em Atenas, dava-se ao sentenciado à morte opções de escolha: o estrangulamento, que era considerado por todos humilhante; o corte de cabeça através do cutelo, o que era muito doloroso; e o envenenamento, o preferido pela maioria dos condenados.
Na Roma Antiga, em época anterior a Júlio César, o enforcamento e a decapitação eram as sentenças mais generalizadas. Porém, ao homicida de pais e irmãos era aplicada uma pena invulgar: ser cozido vivo e depois atirado ao mar. A condenação dos incendiários eram as chamas da fogueira. Os hebreus preferiam o apedrejamento, ou a decapitação, pois atribuíam estar na cabeça a localização dos delitos. Na China, havia um processo de deixar cair gotas d’água na testa do condenado, sempre no mesmo lugar, até conduzi-lo à completa loucura. No Japão, os sentenciados à morte tinham a permissão dos juízes para rasgar o próprio ventre com o sabre.
Impossível descrever aqui, nestas rápidas reflexões, os atos terríveis de personalidade da história da humildade, ou analisar sua natureza primitiva e rudimentar, inata nas almas em seus primeiros passos de ascensão espiritual. Nomearemos apenas algumas criaturas que tiveram comportamentos degenerados; como Nero, Calígula, Caracala, Gêngis-Cã, Ivã – o Terrível, Tamerlão, e outras, sem nos determos nas atitudes dessas figuras do passado ou do presente, nem nas incontáveis condutas cruéis de homens que passaram anonimamente pela Terra. Todavia, não poderíamos deixar de registrar o fanatismo e o autoritarismo da “Santa Inquisição” – também conhecida como o “Santo Ofício”, criada em 1233 pelo papa Gregório IX -, que entrou para a História como uma das mais brutais demonstrações de ferocidade e violência contra os direitos humanos.
Não saberemos avaliar com precisão quais os atos mais perversos e sanguinários: os realizados pelos executores, ou os praticados pelos executados. Aliás, pessoas lutam e matam até hoje “em nome de Deus”, para justificar e proteger suas crenças religiosas.
A atrocidade, o sadismo, a perversidade e a desumanidade são características provenientes da insensibilidade ou enrijecimento da psique humana, em processo inicial de desenvolvimento espiritual. A Espiritualidade, na terceira parte, capítulo VI, de “O Livro dos Espíritos”, expõe: “(...) o senso moral existe, como princípio, em todos os homens (...) dos seres cruéis fará mais tarde seres bons e humanos (...)”
As faculdades do homem estão em estado latente, “como o princípio do perfume no germe da flor, que ainda não desabrochou”, assim, também, em essência somos todos unos com a Perfeição Divina que habita em nós.
Todo processo de aprendizagem resulta em uma expansão da consciência, o que nos possibilita, gradativamente, abandonar os gestos bárbaros. Quando a criatura integrar na sua mentalidade o senso moral, que nela reside em estado embrionário, converterá os atos agressivos em atitudes sensatas e humanas.
Um traço comum em toda a Natureza é a evolução. Evoluir é o grande objetivo da Vida, pois, quanto mais progredirmos, mais resolveremos nossos problemas com harmonia e sensatez. A maioria dos indivíduos se comporta como se os problemas existissem por "si sós" ” exige que o mundo exterior os resolva. Mas as dificuldades não existem fora, e sim dentro de nós mesmos. Nesse caso, quanto mais percebemos essa realidade, mais aprenderemos como solucioná-las sem brutalidade.
Cada ato de agressividade que ocorre neste mundo tem como origem básica uma criatura que ainda não aprendeu a amar. Naturalmente, todos nós ficamos indignados com a rudeza ou a maldade, mas devemos entender que isso é um processo natural da humanidade em amadurecimento e crescimento espirituais.
Por trás de todo ato de crueldade, sempre existe um pedido de socorro. Precisamos escutar esse apelo inarticulado e dissolver a violência com nossos gestos de amor.
Os atos e a vida do Cristo apresentam, sob muitos aspectos, sempre algo de novo a ser interpretado em seu significado mais profundo. A História da humanidade nunca registrou nem registrará fato tão cruel e violento na vida de um ser humano com aquele ocorrido há quase dois mil anos.
Os judeus tinham, nas redondezas de Jerusalém, uma colina que se destinava à execução dos condenados da época.
Era um terreno de acentuado declive, aspecto pesado e sombrio, onde crucificavam assassinos e ladrões. Os gregos deram-lhe o nome de Gólgota, do hebraico “gulgoleth” (crânio”, os romanos chamavam de Calvário, do latim “calvarium” (“lugar das caveiras”). Esse sítio tinha uma formação rochosa que se assemelhava a uma caveira, além de nele se encontrarem, por todos os lados, crânios em decomposição, expostos ao tempo.
Nesse tétrico lugar, um ser extraordinário, que queria simplesmente despertar nos homens sua “dimensão esquecida”, ou ligar esse “elo perdido” ao Poder da Vida, foi crucificado penosamente.
“E, quando chegaram a um lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, juntamente com dois malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Mesmo diante do sofrimento, Jesus dizia: Pai perdoe-lhes, porque não sabem o que fazem.”
O grande número de pessoas ali presente representava a violência humana; para elas não havia sequer um laivo de maldade em suas ações, e se ofenderiam, certamente, se fossem acusadas de perversas. Jesus, no entanto, as entendia em sua infância espiritual.
Todos nós, na atualidade, preocupados em saber como lidar com a violência, que explode de tempos em tempos no seio da sociedade terrena, devemos sempre fazer uma busca interior para compreender integralmente o significado majestoso dessa atitude de entendimento, perdão e amor que Jesus Cristo legou para toda a humanidade.


Espírito: HAMMED
Médium: Francisco do Espírito Santo Neto – As dores da alma.

Psicopatia e Espiritismo

Psicopatia e Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Considerações Iniciais. 4. A Maldade Humana: 4.1. Índice da Maldade Humana; 4.2. Resumo do Índice da Maldade Humana; 4.3. Números sobre a Psicopatia. 5. Consciência e Responsabilidade: 5.1. Falta de Consciência Atinge 1 em cada 25 Pessoas; 5.2. Sintomas dos Distúrbios Mentais; 5.3. Os Psicopatas não Sentem Culpa nem Remorso. 6. Psicopatia e Espiritismo: 6.1. Conhecimento da Lei Natural; 6.2. Ideoplastia; 6.3. Nada Fica Incólume. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

A psicopatia e a sociopatia são distúrbios de comportamento quando comparados com uma média normal da sociedade. Procuramos, neste estudo, anotar algumas informações de revista e livro, comparando-as com os princípios codificados por Allan Kardec.

2. CONCEITO

Psicopatia é uma designação geral, pouco específica e controversa, para uma grande classe de modos anormais de vivência e conduta. Em geral, considera-se a psicopatia como desvio psíquico condicionado pela hereditariedade da norma média no campo da vida impulsiva, emocional e voluntária, que leva a uma adaptação errada.

Schneider distingue os seguintes tipos de psicopata: hipertímicos (intriguistas), depressivos inseguros, fanáticos, egotistas, inconstantes, explosivos, insensíveis abúlicos e astênicos (pouca resistência e capacidade). (Dietrich, 1978)

3. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Geralmente pensamos que o psicopata é um serial killer, um homem violento, que procura praticar os mais cruéis dos crimes. É bom notar que nem toda a pessoa que mata é um psicopata e nem todo psicopata mata. Os psicopatas sabem como ninguém dissimular o seu estado emocional, parecendo extremamente frios diante dos piores crimes cometidos. Muitos deles são tão perfeitos que conseguem enganar o mais famoso dos peritos.

A psicopatia deve ser tratada por profissionais da área, ou seja, os psiquiatras. Não é aconselhável, nos Centros Espíritas, interpretá-la como caso comum de obsessão. Podemos aplicar passes e ministrar palestras evangélicas, no sentido de melhorar pensamento dos psicopatas, mas não convém substituir o tratamento médico pela Assistência Espiritual.

A lei da reencarnação, a imortalidade da alma e a lei de causa e efeito muito nos ajudam na compreensão desses distúrbios da mente.  

4. A MALDADE HUMANA

4.1. ÍNDICE DA MALDADE HUMANA

O psiquiatra forense Michael Stone, da Universidade de Colúmbia, nos EUA, criou um índice que mede o grau de maldade em pessoas que cometeram assassinatos. Este índice varia entre 1 e 22 e procura avaliar: o motivo, o método e a crueldade. “A maldade aumenta conforme crescem a futilidade do motivo, o sadismo e a violência do método, e agravantes como perversão sexual, número de vítimas, tempo em atividade e tortura”. (Mundo Estranho, edição 103, p. 24)

4.2. RESUMO DO ÍNDICE DA MALDADE HUMANA

Os 22 itens da maldade humana podem ser assim resumidos: pessoas que matam em defesa própria; parceiros que matam motivados por ciúme; pessoas traumatizadas e desesperadas que matam, mas se arrependem; pessoas extremamente narcisistas que matam movida por ciúme; pessoas que matam pessoas que se encontram no caminho de um objetivo; psicopatas com sede de poder que matam quando se sentem ameaçados; psicopatas frios e egocêntricos que matam em beneficio próprio; assassinos torturadores; assassinos seriais com perversões sexuais; psicopatas que colocam vítimas sob tortura extrema por um longo período e depois matam. (Mundo Estranho, edição 103, p. 24 a 33)

4.3. NÚMEROS SOBRE A PSICOPATIA

86% dos serial killers americanos são psicopatas.

Metade dos crimes hediondos dos EUA é cometida por psicopatas.

2,5 vezes é o risco de psicopatas conseguirem liberdade condicional por causa de sua capacidade de simular, comparados a presos normais.

4 vezes mais crimes violentos são cometidos pelo psicopata, comparado ao criminoso comum.

70% é a taxa de reincidência de um psicopata em liberdade.

1 a cada 3 psicopatas é mulher.

7 vezes é o risco de um psicopata matar um estranho, comparado ao criminoso comum.

20% é a estimativa de psicopatas na população carcerária do Canadá e dos Estados Unidos. (Mundo Estranho, edição 103, p. 27)

5. CONSCIÊNCIA E RESPONSABILIDADE

5.1. FALTA DE CONSCIÊNCIA ATINGE 1 EM CADA 25 PESSOAS

Uma em cada 25 pessoas não sente culpa nem remorso pelo que fazem, pelo mal que possam causar ao seu semelhante. Essas pessoas podem fazer absolutamente qualquer coisa, pois a falta de consciência nada lhes cobra. Segundo Martha Stout, em Meu Vizinho é um Psicopata, a psicopatia pode atingir qualquer pessoa, independentemente de renda, poder ou belo porte físico. Esses distúrbios originam-se na pouca ou falta de consciência, cujo termo técnico é “Transtorno da Personalidade Antissocial”, uma incorrigível deformação do caráter, que se acredita estar em 4% da população mundial. (2010, p. 18)

5.2. SINTOMAS DOS DISTÚRBIOS MENTAIS

Incapacidade de adequação às normas sociais;

Falta de sinceridade e tendência de manipulação;

Impulsividade, incapacidade de planejamento prévio;

Irritabilidade, agressividade;

Permanente negligência com a própria segurança e a dos outros;

Irresponsabilidade persistente;

Ausência de remorso após magoar, maltratar ou roubar outra pessoa. (Stout, 2010, p. 18)

5.3. OS PSICOPATAS NÃO SENTEM CULPA NEM REMORSO

Os psicopatas, para atingir os seus objetivos, são capazes de qualquer coisa. Matam, enganam, torturam, fazem terrorismo. Embora saibam o que é certo e errado não dão ouvido à sua consciência e cometem os maiores delitos. Pode ser o chefe de uma empresa que pisa em seu funcionário, o marido agressivo, o pai de família etc. A gravidade do fato está em fazer tudo isso sem sentir um pingo de culpa ou remorso.

6. PSICOPATIA E ESPIRITISMO

6.1. CONHECIMENTO DA LEI NATURAL

De acordo a Doutrina Espírita, a lei de Deus está escrita na consciência do ser. Essa lei pode ser esquecida, mas há muitos abnegados instrutores encarnados e desencarnados encarregados de nos lembrar dela. São os Espíritos superiores, cuja missão é fazer progredir a Humanidade. Ainda: “A lei de Deus é a única necessária à felicidade do homem; ela lhe indica o que deve fazer ou não fazer, e ele só se torna infeliz porque dela se afasta”. (Kardec, 1995, Livro Terceiro, cap. 1)

6.2. IDEOPLASTIA

O Espírito André Luiz, em Mecanismo da Mediunidade, fala-nos da atuação da mente, em que o pensamento pode materializar-se, criando formas que têm longa duração, conforme a persistência da onda em que se expressam. Ele diz: “Na mediunidade de efeitos intelectuais, a ideoplastia assume papel extremamente importante, porque certa classe de pensamentos, constantemente repetidos sobre a mente mediúnica menos experimentada, pode constrangê-la a tomar certas imagens, mantidas pela onda mental persistente, como situações e personalidades reais, tal qual uma criança que acreditasse estar contemplando essa paisagem ou aquela pessoa, tão só por ver-lhes o retrato animado num filme”. (Xavier, 1977, p. 141)

6.3. NADA FICA INCÓLUME

Para a ciência médica, a falta de consciência permite ao indivíduo cometer qualquer crime. Na visão espírita, tudo tem a sua razão de ser e nenhum agravo à lei de Deus fica sem o reparo necessário. O esquecimento do passado, apregoado pela Doutrina Espírita, é apenas para nos livrar de embaraços maiores à nossa vivência neste mundo. No íntimo de cada um de nós há os germes da perfeição. Podemos, pelo nosso livre-arbítrio, contrariar aquilo que está dentro de nós, mas teremos que reparar em futuro próximo.

7. CONCLUSÃO

Saibamos compreender os atos de nossos semelhantes. Não sejamos coniventes, contudo, com aqueles que contrariam a nossa própria consciência. Embora não saibamos de pronto, cada um se dá por aquilo que procura.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

DIETRICH, Georg e WALTER, Hellmuth. Vocabulário Fundamental de Psicologia. São Paulo: Edições 70, 1978.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
MUNDO ESTRANHO. São Paulo: Editora Abril, setembro de 2010, edição 103.
STOUT, Martha. Meu Vizinho é um Psicopata. Tradução de Regina Lyra. São Paulo: Sextante, 2010.
XAVIER, F. C. Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito André Luiz. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.
São Paulo, setembro de 2010.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

APOMETRIA não substitui a reforma íntima.

O mundo sempre distingue ruidosamente os expositores de fantasias. É comum observar-se, quase em toda parte, a vitória dos homens palavrosos, que prometem milagres e maravilhas. Esses merecem das criaturas grande crédito. Não acontece o mesmo aos cultivadores da verdade, por simples que esta seja. Através de todos os tempos, para esses últimos, a sociedade reservou a fogueira, o veneno, a cruz, a punição implacável. Tentando fugir à angustiosa situação espiritual que lhe é própria, inventou o homem a "buena-dicha": a técnica do elogio, a disposição de parecer melhor, a presunção de converter consciências alheias, são grandes fantasias. É preciso não crer nisso. Razoável é entender que o serviço de iluminação é difícil, a partir do esforço de regeneração de nós mesmos. Nem sempre os amigos da verdade são aceitos. Mas, para nossa felicidade, é preciso atender à verdade enquanto é tempo. Chico Xavier - Caminho, Verdade e Vida.

APOMETRIA não substitui a reforma íntima

O Triângulo da Fraternidade disponibiliza para a comunidade, o trabalho de apometria que se dão as segundas-feiras. No primeiro momento dos trabalhos realizamos um diálogo fraterno com cada consulente que nos procura, para que ele possa expor os motivos que o levaram a pedir um atendimento.



        Percebemos que a maioria das pessoas que nos procuram vem pela primeira vez na casa e estão muito machucados psíquica e emocionalmente, sendo que algumas já passaram por vários outros grupos de ajuda sem ter resultados positivos. Outras pedem um atendimento, pois no seu precário entendimento de apometria, concluem que seria uma maneira rápida de sanar as dificuldades de relacionamento, pendências financeiras, desilusões amorosas, crises existenciais e conflitos humanos em geral, enfim uma maneira fácil de abrir os caminhos sem nenhum esforço.
  O trabalho de apometria não substitui a reforma íntima. Ou melhor: não existe técnica ou tratamento espiritual baseado na preguiça, nem paz interior sem reforma íntima, estudo, esforço, sacrifício, abnegação e renúncia. Para quem não conhece a apometria ela é mais uma ferramenta concedida pelos benfeitores espirituais para chegarmos à auto-cura.

São procedimentos que se dão através de técnicas, tendo como função iniciar ou continuar a um trabalho de reequilíbrio, respeitando sempre o merecimento e o momento de consciência, de entendimento de cada um. Os mentores e guias da casa dão o suporte, amparo ao grupo, intuindo-os para que o atendimento se dê dentro da Justiça de Xangô.
Sendo ela mais uma ferramenta para encontrarmos o reequilíbrio pessoal, é necessário dar continuidade ao processo de auto-cura, imprimindo a vontade de estar cada vez melhor, superando as limitações íntimas e do ambiente em que vive.
É querer mudar e lutar para que a transformação se faça presente e a harmonia se instale. Por si só a apometria não faz nenhum milagre, por isso a necessidade de continuar o tratamento nos outros dias de trabalho da casa onde procurou ajuda.
Harmonia e equilíbrio do ser não são sinônimos de ausência de problemas. As situações que levaram o indivíduo ao desequilíbrio estarão lá, mas num processo de auto-cura, os campos emocional e mental estarão libertos dos pensamentos fixos, sentimentos de penalidade, sentimento de que é vítima da situação e orgulho ferido. Com os quadros mentais e emocionais modificados, o indivíduo passará a ter uma visão mais clara do problema sem interferências internas ou externas.
Percebemos nos trabalhos de segunda-feira que os desequilíbrios têm como origem principal o nosso mau comportamento, atitudes e escolhas erradas que feriram a Lei Maior. Muitas vezes este mal agir foi em encarnações passadas e por um motivo qualquer nesta vida, passamos a sintonizar, sem termos consciência com o fato passado, nos desequilibrando.
Aí passamos a ter, por exemplo, sensações de raiva, pânico, medo, tristeza profunda, quando não, dores no corpo físico sem explicação.
Com o tempo, vibrando neste quadro negativo, atrairemos desencarnados por sintonia, sendo o seu estado mental e emocional é semelhante ou igual com o que estamos passando, agravando a nossa dor.
 Sendo assim, se faz absolutamente necessário, o trabalho de diálogo franco e amigável com a pessoa, levando-a a compreender a importância de rever seus pensamentos, palavras e atos para que não volte mais a entrar em sintonia com as mesmas questões e possa seguir no seu processo evolutivo.
É indispensável no caminho da auto-cura ciclo de palestras para que consigamos realizar as transformações pertinentes com mais facilidade, pois passaremos a ter o apoio e amparo da equipe espiritual da casa.
Também, há o auxílio fraterno tradicional, a evangelização, o passe, a conversa amorosa nas consultas nos dias de caridade e, também, tratamentos psicológico e/ou psiquiátrico, necessários em determinadas situações com profissionais da área.
A prática da oração é também algo importante e deve ser exercitada sempre.
O hábito de pedir perdão pelos erros cometidos a outrem, bem como perdoar aos demais irmãos pelos males que nos causaram deve ser uma constante em nossas vidas, pois liberam nosso íntimo para vivenciarmos uma vida mais feliz. Não só para os encarnados como, também, para os desencarnados.
Muitos casos, só serão resolvidos por meio de uma boa terapia e de leituras que ensejam maior autoconhecimento e auto-enfrentamento.
Para todos nós que estamos em desequilíbrio, cabe a cada um a responsabilidade da cura interna, não só na busca, mas ter a persistência de dar continuidade ao tratamento proposto pelos grupos da casa que ora o auxiliam.

http://www.triangulodafraternidade.com/2013/07/apometria-nao-substitui-reforma-intima.html

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Evolução reta

Do Formiga Espiritual

Por muitas vezes, nós somos surpreendidos por nós mesmos com frases do tipo “errando que se aprende” ou “não somos perfeitos mesmos..”. Esses ditos populares se baseiam principalmente no fato de que somos seres imperfeitos e à caminho da evolução. E consequentemente por isso, que erramos, e cometemos práticos não benéficas.

Esse vício de linguagem, ou de raciocínio, serve  de muleta e justificativa para nossos erros.  Emmanuel, em “O Consolador” (pergunta 243), ensina que podemos evoluir sim de forma direta. E sem cometer deslizes nenhum.

Veja:

243. Todos os Espíritos  que  passaram  pela Terra  tiveram  as  mesmas  características evolutivas, no que se refere ao problema da dor?

Todas as entidades espirituais encarnadas no orbe terrestre são Espíritos que se resgatam ou aprendem nas experiências humanas, após as quedas do passado, com exceção de Jesus Cristo, fundamento de toda a verdade neste mundo, cuja evolução se verificou em linha reta para Deus, e em cujas mãos angélicas repousa o  governo espiritual do planeta, desde os seus primórdios.

E no “Livro dos Espíritos” (pergunta 261):

261. Nas provações por que lhe cumpre passar para atingir a perfeição, tem o Espírito que sofrer tentações de todas as naturezas? Tem que se achar em todas as circunstâncias que possam excitar-lhe o orgulho, a inveja, a avareza, a sensualidade, etc.?

Certo que não, pois bem sabeis haver Espíritos que desde o começo tomam um caminho que os exime de muitas provas. Aquele, porém, que se deixa arrastar para o mau caminho, corre todos os perigos que o inçam. Pode um Espírito, por exemplo, pedir a riqueza e ser-lhe esta concedida. Então, conforme o seu caráter, poderá tornar-se avaro ou pródigo, egoísta ou generoso, ou ainda lançar-se a todos os gozos da sensualidade. Daí não se segue, entretanto, que haja de forçosamente passar por todas estas tendências.

Uma das possíveis conclusões que temos aqui é que a nossa disciplina é fundamental. Temos que nos vigiar constantemente quanto a fazer sempre o bem. E aí me ocorre o seguinte: não seria isso parte da reforma íntima?

É…. cada vez mais o “conhece a ti mesmo” e “reforma íntima” viram temas mais do que urgentes da agenda de qualquer um. Especialmente este que vos escreve.

Que a Paz de Jesus esteja com todos!

Texto elaborado do estudo da obra “Na casa de Meu Pai…” de Carlos A. Baccelli, pelo espírito de Inácio Ferreira.

http://www.formigaespiritual.com.br/tag/reforma-intima/

domingo, 14 de julho de 2013

Pai nosso

 Jesus de Nazaré, durante os poucos anos em que emprestou Sua presença amiga aos sofredores e ignorantes da Terra, foi visto muitas vezes orando.

        Um dia, um dos Apóstolos rogou a Ele, com desejo sincero de aprender: Mestre, ensina-nos a orar.

        E Jesus, elevando o pensamento, ensinou a mais bela síntese de como se deve fazer uma prece, proferindo a oração dominical, mais conhecida como Pai nosso.

        Considerando todos os demais ensinamentos do Cristo, podemos perceber em Sua oração mais que uma simples prece, mas um roteiro seguro do qual podemos extrair profundas lições.

        Quando Ele diz Pai nosso, evoca o Criador com suprema humildade e submissão, como quem busca a proteção Divina de alma aberta. No entanto, será inútil dizer: Pai nosso, se meus atos me desmentem e meu coração está sempre fechado aos apelos do amor fraternal.

        Quando Ele diz, que estais nos céus, reconhece a supremacia e a grandeza do Senhor do Universo, que a tudo governa com extrema sabedoria. Mas de nada valerá dizer: que estais nos céus, se meus olhos só percebem as coisas materiais e meus valores são bem terrenos.

        Quando Jesus fala, santificado seja o vosso nome, demonstra o respeito e a veneração pelo Ser Supremo. Todavia, se só busco Deus por formalidade e O nego sistematicamente nos mínimos gestos, não adianta dizer: santificado seja o vosso nome.

        Quando Jesus roga: venha a nós o vosso reino, Sua alma se abre para nos ensinar que o reino de Deus está dentro de cada um e que para encontrá-lo é preciso buscar com todas as forças.

        Mas, se gasto a maior parte do meu tempo construindo um reinado de aparências e futilidades, será inútil dizer: venha a nós o vosso reino.

        Quando Jesus profere as palavras: seja feita a vossa vontade, submete-Se fielmente ao Pai, confiante em Suas soberanas Leis. Entretanto, será inútil dizer seja feita a vossa vontade se, em verdade, o que eu quero mesmo é que todas as minhas vontades e os meus desejos mesquinhos se realizem.

        Jesus pede: o pão nosso de cada dia nos dai hoje. Sua rogativa é de um filho agradecido, que reconhece a misericórdia e a providência Divinas. Mas direi em vão, o pão nosso de cada dia nos dai hoje, se nada faço para conquistar o pão que me dá o sustento ou, se o possuo em abundância e desprezo aqueles que padecem fome e frio.

       Jesus fala: perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Neste pedido ensina uma Lei simples e imutável que estabelece o perdão como condição básica para se ser perdoado.

        No entanto, se injusto, gosto de oprimir os mais fracos, desprezo as mínimas regras de solidariedade, e guardo toda mágoa como um tesouro precioso, será inútil dizer: perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.

        Ao rogar ao Pai: não nos deixeis cair em tentação, Jesus nos convida a buscar o amparo do Alto para as nossas intenções de autossuperação, de renovação íntima, de construção do homem novo.

        Mas, de nada adiantará dizer: Não nos deixeis cair em tentação, se atendo os apelos íntimos dos instintos inferiores que teimam em comandar os meus atos, afastando-me do caminho do bem.

        Jesus solicita ao Criador: livrai-nos do mal. Um ensinamento valioso para todos aqueles que buscam agir com retidão e desejo sincero de não se afastar das soberanas Leis de Deus.

        Todavia, será inútil dizer: livrai-nos do mal...

        Se por minha livre vontade busco os prazeres materiais, e tudo o que não é lícito me seduz.

        E, por fim, será inútil dizer: amém ou,  assim seja, se admito que sou assim e alego fraqueza para alterar meu mundo íntimo, nada fazendo para melhorar a minha condição espiritual.

*   *   *

        Importante atentar para a grandeza dos ensinos do Sublime Galileu.

        Atendendo a um simples pedido de um Apóstolo, Jesus legou à Humanidade um roteiro que poderá nos conduzir com segurança na escalada para a autorrealização.

        Basta que procuremos seguir esse roteiro com disposição e coragem e, acima de tudo, com muita vontade.

        Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita
Em 22.12.2010.

Pai nosso - Emmanuel

“Pai nosso…” – Jesus. (Mateus, 6:9.)

A grandeza da prece dominical nunca será devidamente compreendida por nós que lhe recebemos as lições divinas.
Cada palavra, dentro dela, tem a fulguração de sublime luz.
De início, o Mestre Divino lança-lhe os fundamentos em Deus, ensinando que o Supremo Doador da Vida deve constituir, para nós todos, o princípio e a finalidade de nossas tarefas.
É necessário começar e continuar em Deus, associando nossos impulsos ao plano divino, a fim de que nosso trabalho não se perca no movimento ruinoso ou inútil.
O Espírito Universal do Pai há de presidir-nos o mais humilde esforço, na ação de pensar e falar, ensinar e fazer.
Em seguida, com um simples pronome possessivo, o Mestre exalta a comunidade.
Depois de Deus, a Humanidade será o tema fundamental de nossas vidas.
Compreenderemos as necessidades e as aflições, os males e as lutas de todos os que nos cercam ou estaremos segregados no egoísmo primitivista.
Todos os triunfos e fracassos que iluminam e obscurecem a Terra pertencem-nos, de algum modo.
Os soluços de um hemisfério repercutem no outro.
A dor do vizinho é uma advertência para a nossa casa.
O erro de um irmão, examinado nos fundamentos, é igualmente nosso, porque somos componentes imperfeitos de uma sociedade menos perfeita, gerando causas perigosas e, por isso, tragédias e falhas dos outros afetam-nos por dentro.
Quando entendemos semelhante realidade, o império do eu” passa a incorporar-se por célula bendita à vida santificante.
Sem amor a Deus e à Humanidade, não estamos suficientemente seguros na oração.
Pai nosso… – disse Jesus para começar. Pai do Universo…
Nosso mundo…
Sem nos associarmos aos propósitos do Pai, na pequenina tarefa que nos foi permitido executar, nossa prece será, muitas vezes, simples repetição do “eu quero”, invariavelmente cheio de desejos, mas quase sempre vazio de sensatez e de amor.

Pai Nosso Espírita

Prece

Pai Nosso que estais nos céus, na terra, em todos os mundos espirituais, santificado e bendito seja sempre o vosso nome, mesmo quando a dor e a desilusão ferirem nosso coração, bendito sejas.

O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje Pai, dai-nos o pão que revigora as forças físicas, mas dai-nos também o pão para o espírito.

Perdoai as nossas dívidas, mas ensinai-nos antes a merecer o vosso perdão, perdoando aqueles que tripudiam sobre nossas dores, espezinham nossos corações e destroem nossas ilusões. Que possamos perdoá-los não com os lábios e sim com o coração.

Afastai do nosso caminho todo sentimento contrário a caridade.

Que este Pai Nosso seja dadivoso para todos aqueles que sofrem. Como espiritas encarnados ou desencarnados.

Que uma partícula deste Pai Nosso vá até os cárceres, onde alguns sofrem merecidamente, mas outros, pelo erro judiciário.

Que vá até os hospícios iluminando os cérebros conturbados que ali se encontrão. Que vá aos hospitais, onde muitos choram e sofrem sem o consolo da palavra amiga.

Que vá a todos aqueles que nesse momento transpõe o pórtico da vida terrena para a espiritual para tenham um guia e o vosso perdão.

Que esse Pai Nosso vá até os lupanares e erga estas pobres infelizes criaturas que para ali foram tangidas pela fome, dando-lhes apoio e fé.

Que vá até o seio da terra onde o mineiro esta exposto a grande perigo, e que ele findo o dia possa voltar ao seio de sua família.

Que este Pai Nosso vá até os dirigentes das nações para que evitem a guerra e cultivem a Paz.

Tende piedade dos órfãs e viúvas. Daqueles que até esta hora não tiveram uma pedaço de pão. Tende compaixão dos navegadores dos ares, dos que lutam com os vendavais no meio do mar bravio. Tende piedade da mulher que abre olhos do ser à vida.

Que a Paz e a Harmonia do Bem fiquem entre nós e estejam com todos.

Amém - See more at: http://www.mensagemespirita.com.br/oracao/99/pai-nosso-espirita#sthash.j2f172oG.dpuf

Análise do Pai Nosso


Análise do Pai Nosso
Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. O Texto Evangélico. 4. Os Sete Itens da Oração Dominical. 5. Conclusão. 6. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste estudo é refletir detalhadamente sobre cada um dos itens que compõem a oração dominical, ditada por Jesus.

2. CONCEITO

Análise – Segundo a etimologia grega, significa decompor e discernir as diferentes partes de um todo, mas também reconhecer as diferentes relações que elas mantêm, quer entre si, quer com o todo.

Pai Nosso – É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade. Com efeito, sob a mais singela forma, ela resume todos dos deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão; o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade. (Equipe da FEB, 1995)

3. O TEXTO EVANGÉLICO

A oração dominical está inserida no capítulo VI de O Evangelho Segundo Mateus, o qual trata, além deste tópico específico, a prática da justiça, como se deve dar esmolas, como se deve orar, como jejuar, os tesouros do céu, a luz e as trevas, os dois senhores e a ansiosa solicitude pela vida.

Para o tema em questão, Interessa-nos transcrever:

a) Como se deve orar

“E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, quando orardes, entra no teu quarto, e, fechada a porta, orarás a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis vãs repetições, como os gentios; porque presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais”. (Mateus 6, 5 a 9).

b) A oração dominical

“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino, faça-se a vossa vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dai-nos hoje; e perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixeis cair em tentação; mas livrai-nos do mal (pois vosso é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém). Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens (as suas ofensas), tão pouco o Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus 6, 9 a 15)

4. OS SETE ITENS DA ORAÇÃO DOMINICAL

Extraído do 28.º capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo (itens 2 e 3).

1) Pai nosso que estais nos céus, santificado seja o vosso nome.

A palavra Pai refere-se a Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas; Céu significa o universo, os diversos mundos habitados. Santificado seja o vosso nome mostra que devemos crer no Senhor, porque tudo revela o seu poder e sua bondade. A harmonia do universo testemunha essa sabedoria. Por isso, todos deveriam reverenciar o seu nome em quaisquer circunstâncias. De acordo com o Espírito Emmanuel, “a grandeza da prece dominical nunca será devidamente compreendida por nós que lhe recebemos as lições divinas. Cada palavra, dentro dela, tem a fulguração de sublime luz. De início o Mestre Divino lança-lhe os fundamentos em Deus, ensinando que o Supremo Doador da Vida deve constituir, para nós todos, o princípio e a finalidade de nossas tarefas... Em seguida, com um simples adjetivo possessivo, o Mestre exalta a comunidade. Depois de Deus, a Humanidade será o tema fundamental de nossas vidas”. (Xavier, s.d.p., p. 167)

2) Venha o vosso reino

Deus apresentou-nos leis cheias de sabedoria e que fariam a nossa felicidade se as observássemos. Obedecendo a essas leis, que estão escritas em nossa consciência, faríamos reinar entre nós a paz e a justiça. Praticando a excelsa caridade, todos nos ajudaríamos mutuamente, expulsando por completo o mal de nosso planeta, pois todas as misérias vêm da violação dessas leis, porque não há uma só infração que não tenha conseqüências fatais.

3) seja feita a vossa vontade, na Terra, como no céu.

Sabemos que a submissão é um dever do inferior para com o superior, do filho com relação ao pai. Não haveria uma razão ainda maior de nossa submissão com relação Àquele que nos criou.

Ainda nos falta um sentido para compreender a existência de Deus. Contudo, conforme formos depurando o nosso Espírito do jugo da matéria, vamos também aumentando a nossa capacidade de conhecer os atributos da divindade.

A atitude fundamental da prece deve ser de obediência, de adesão à vontade de Deus, de harmonização entre nós e a sua Lei, que é perfeita. Acontece que dada a nossa imperfeição oramos às avessas, ou seja, ao invés de nos conformarmos com a Lei queremos burlá-la, tornando senhores de Deus, através de pedidos de ordem inferior.

O Espírito Emmanuel comenta esta passagem dizendo-nos que é comum a alteração dos votos que formulamos ao alto. Muitas petições endereçadas à Vida Maior, em muitas ocasiões, quando atendidas, já nos encontram modificados por súplicas diferentes. Ele afirma: “Em circunstâncias diversas, acontecimentos que nos parecem males são bens que não chegamos a entender, de pronto, e basta analisar as ocorrências da vida para percebermos que muitas daquelas que nos afiguram bens resultam em males que nos dilapidam a consciência e golpeiam o coração”. (Xavier, 1986, p. 318)

4) Dai-nos o pão de cada dia

“Dai-nos o alimento para a manutenção das forças do corpo; dai-nos também o alimento espiritual para desenvolvimento do nosso Espírito... Uma vez que a lei do trabalho é a condição do homem na Terra, dai-nos a coragem e a força para cumpri-la; dai-nos também a prudência, a previdência e a moderação, a fim de não lhe perder o fruto”.

Inspira-nos sempre bons pensamentos para que tenhamos em mente um trabalho profícuo. E se, porventura, a sociedade nos recusar tal mister, que saibamos ter a necessária resignação para com a vontade divina a nosso respeito.

O Espírito Emmanuel, em Fonte Viva, capítulo 18 (Não Somente), traça alguns pensamentos a respeito da relação entre os cuidados materiais e os espirituais. Não somente o agasalho, a beleza física, o domicílio confortável e os títulos honrosos, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma, a formosura e a nobreza dos sentimentos, a casa invisível dos princípios edificantes e as virtudes que enriqueçam a consciência eterna.

5) Perdoai as nossas dívidas como nós as perdoamos àqueles que nos devem. Perdoai nossas ofensas, como perdoamos àqueles que nos ofenderam.

“Cada uma das nossas infrações às vossas leis, Senhor, é uma ofensa para convosco, e uma dívida contraída que nos será preciso, cedo ou tarde, pagar. Para elas solicitamos o perdão de vossa infinita misericórdia, sob a promessa de fazer esforços para não contrair novas dívidas”.

Um estudo acurado sobre o perdão leva-nos a interpretá-lo de forma diferente daquela que é feita simplesmente pela repetição de frases feitas. Falamos que devemos perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes, que devemos esquecer a ofensa, que devemos nos ajustar com o adversário enquanto estivermos a caminho. Mas, na prática, como é que funciona? Estamos bem longe de praticar esses atos com conhecimento de causa. Muitos até dizem: eu perdôo, mas não quero mais vê-lo na minha frente.

A prática correta do perdão, a que estabelece o esquecimento da ofensa, tem valor científico. Em primeiro lugar, como o acaso não existe, tudo o que se nos acontece deve ser bem meditado. Antes de maldizer o ofensor, o correto seria agradecer a Deus por tê-lo colocado em nosso caminho para ser motivo de nossa paciência.

Uma coisa que deve ficar clara: ninguém ofende ninguém. A ofensa é subjetiva e, como tal, somente nos sentiremos ofendidos se assim o interpretarmos. A ofensa é, antes de tudo, um agravo à Lei de Deus. Nesse sentido, o ofensor feriu-se a si mesmo, pois se desviou da lei de Deus e deverá, cedo ou tarde, fazer o seu ajustamento.

Diante desse ensinamento, nunca deveríamos, em hipótese alguma, fazer justiça com as próprias mãos, pois ao invés de eliminar um mal estaremos cometendo outro. Não se apaga o fogo com mais fogo, mas com água.

6) Não nos abandoneis à tentação, mas livrai-nos do mal.

“Dai-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos maus Espíritos que tentarem nos desviar do caminho do bem, em nos inspirando maus pensamentos”.

Cada imperfeição é uma porta aberta à sua influência, ao passo que nada podem, e renunciam a toda a tentativa, contra os seres perfeitos. Por isso deveríamos nos humilhar diante da dor e do sofrimento, rogando forças para eliminar de nós mesmos a imperfeição, a tentação, que é atrai os Espírito menos felizes.

7) Assim Seja

Esperamos que os nossos desejos se cumpram! Mas nos inclinamos diante a vossa sabedoria infinita. Sobre todas as coisas que não nos é dado compreender, que seja feito segundo a vossa vontade e não segundo a nossa, porque não quereis senão o nosso bem, e sabeis melhor do que nós o que nos é útil.

5. CONCLUSÃO

Saibamos orar e tenhamos confiança na Divina Providência. A fé que não enfrenta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.

6. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo: IDE, 1984.
XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, s.d.p.
XAVIER, F. C. Palavras de Vida Eterna, pelo Espírito Emmanuel. 8. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1986.

Um MODELO de prece

Um MODELO de prece

Para Kardec o Pai Nosso é modelo de prece

ELIANA THOMÉ

Há muito temos notado um pequeno impasse junto aos trabalhadores espíritas, quanto à questão de como se deve abrir os trabalhos evangélicos e mediúnicos na casa espírita. A questão que se impõe é: a prece deve ser improvisada ou deve-se realizar o Pai Nosso? A questão é interessante, pois ela tem perturbado a muitos sem uma conclusão definitiva nos pontos de vista apresentados.
A corrente que defende o direito da livre expressão acredita na prece improvisada, segundo a emoção do momento e de quem a realiza. Outra corrente busca em Jesus o seu aval, já que ele nos deixou como parâmetro e modelo de oração o “Pai Nosso”. (Mateus, 6:9-13 e Lucas, 11:1-4).
Sem querer impor qualquer norma de conduta pessoal, temos por hábito, na qualidade de espírita, consultar os livros da Codificação para melhor entender a vida e as nossas atividades doutrinárias, como é o caso aqui. Não discutiremos a eficácia da prece, já comprovada quando idealizamos Deus dentro de nós através da fé. A busca parte de uma invocação que nos coloca em relação mental com o mais alto (ou com aquele a quem nos dirigimos), partindo da força interior de cada um, traduzida na energia do pensamento e no poder da vontade, conforme nos ensina o Evangelho.
O que nos interessa verdadeiramente é a importante observação do Codificador no que se refere à oração dominical, como é chamado o Pai Nosso. Ressalta ele que os Espíritos recomendaram que, encabeçando a coletânea de preces do capítulo, pusesse a Oração dominical, não somente como prece, mas também como símbolo, pois, explica Kardec, de todas as preces, é a que colocam em primeiro lugar, seja porque procede do próprio Jesus, seja porque pode suprir a todas, conforme os pensamentos que se lhe conjuguem ("O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 28, item 2).
Para Kardec a prece dominical é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade. Ele explica: Com efeito, sob a mais singela forma, ela resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão; o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade. Quem a diga, em intenção de alguém, pede para este o que pediria para si.”
Interessante o embasamento doutrinário de Kardec sobre o Pai Nosso: de todas as preces é a que os Espíritos colocam em primeiro lugar, é considerada como um símbolo, procede do próprio Jesus, pode suprir a todas existentes (isso implica também até as que são improvisadas), é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na simplicidade, destaca-se das demais pela forma singela, resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo, encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão, contém o pedido das coisas necessárias à vida e o princípio da caridade.
"O Evangelho Segundo o Espiritismo" é claro quando afirma no capítulo 28 (item 1) que os Espíritos não prescrevem nenhuma fórmula absoluta de preces. As que constam na coletânea do referido capítulo foram colocadas para orientar nossas idéias, assim como chamar a atenção do leitor e do estudioso sobre certos princípios da doutrina espírita, e acrescentaríamos, particularmente no trato com a morte que vemos como a libertação da alma e não como o fim de tudo.
Apesar da grandeza das justificativas em relação ao Pai Nosso, muitos acreditam que a oração torna-se maquinal uma vez proferida, já que é de conhecimento de todos.
Pois é justamente aí o ponto extraordinário dessa oração: poder conjugar a todos num mesmo pensamento e numa mesma vontade. A maneira de orar na verdade vai da fé de cada um, que pode estar colocando ou não o seu coração nas palavras que profere.
O importante é que ricos ou pobres, o Pai Nosso é a prece da humanidade inteira, sem exceção. Não há quem não a conheça ou não a tenha realizado em algum momento de sua vida. Prova disso encontramos em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 27, item 15, que diz: a prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que oram se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo. Imaginemos aí o quanto não pode uma oração como o Pai Nosso que já está inscrita em cada coração humano e cujas palavras são verdadeiras pérolas em louvor e reconhecimento a Deus.
Nas instruções sobre a maneira de orar, o Espírito V. Monod coloca em mensagem deixada em 1862, em Bordeaux, que ela deve ser profunda, uma vez que nossa alma tem de elevar-se para o Criador, de transfigurar-se, como Jesus no Tabor, a fim de lá chegar nívea e radiosa de esperança e de amor ("O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 27, item 22). Na mesma direção associa-se Santo Agostinho quando liga a fé à prece, dizendo que a primeira leva à segunda ("O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 27, item 23).
Em Mateus, encontramos o Pai Nosso logo após o ensino das bem-aventuranças, ocasião em que Jesus, vendo a multidão ao redor, sobe ao monte; e, tendo se assentado e se aproximado os seus discípulos, põe-se a ensiná-los a orar no tocante ao comportamento e às palavras a serem ditas: "E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes. Portanto, vós orareis assim..."
Cumpre a Jesus deixar-nos o exemplo de como devemos nos dirigir a Deus. Em "O Novo Testamento" vemos os apóstolos ressaltarem as inúmeras vezes em que ele, recolhido junto à Natureza para as suas reflexões íntimas, liga-se a Deus em colóquios de grandiosa fé. O silêncio é a marca maior de todas as passagens.
Devemos, pois, ensurdecer-nos para os barulhos do mundo seja na prece dominical, seja na prece que o nosso coração ditar no momento. Lembrando, como ensina o Evangelho, que a principal qualidade da prece é a clareza. Ela deve ser simples e concisa, sem fraseologia inútil ou excesso de adjetivação ("O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo 28, item 1).
Nada mais cansativo do que frases floreadas numa suposta poesia do coração. O Pai Nosso é, portanto, o nosso grande recurso, em todas as horas; mas caso seja feita a opção da improvisação, sejamos simples à imagem do Cristo que sempre buscou Deus com humildade e reconhecendo-lhe ao mesmo tempo a majestade, lança no éter do Universo a sua devoção, dizendo com fervor: Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome!...  

Pai Nosso - Slides


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Pai Nosso que estás nos Céus

Assim, pois, é que haveis de orar, disse o Mestre: Pai nosso que estás nos céus… Pai nosso, isto é, de todos os homens, da Humanidade inteira, abrangendo todas as raças, todas as nações, todos os povos. Pai dos bons e dos maus, dos justos e dos pecadores, sobre os quais derrama, sem exceção, as suas chuvas e faz incidir indistintamente os raios benéficos do seu sol que aquece, ilumina e vivifica.

Pai do judeu e do gentio, do fariseu e do publicano, dos circuncidados e dos incircuncisos, dos que

crêem e também dos que não crêem. Pai dos ricos e dos pobres, dos sábios e dos ignorantes,

dos reis e dos vassalos, dos nobres e dos párias, dos poderosos e dos humildes.

Da paternidade divina decorre como premissa inalienável a fraternidade humana.

Todos os homens são irmãos. As raças — branca, preta e amarela; a latina e a saxônia, todas se

confundem, formando uma só: a raça humana.

Apagam-se as fronteiras que dividem os povos; as nacionalidades se irmanam, os idiomas se conjugam, os pavilhões mesclam suas cores; uma só família habita a Terra: a Humanidade! Não há mais judeus nem gentios, fariseus nem publicanos, saduceus nem samaritanos: um só rebanho há, e um só pastor — Cristo Jesus. , Nobres e plebeus, ricos e pobres, sábios e inscientes, intelectuais e operários, cérebro e músculos, capital e trabalho já se entendem perfeitamente. Não ha mais dissídios, nem contendas, nem lutas fratricidas. A sociedade não se compõe mais de classes ou castas que mutuamente se exploram e se hostilizam: é um todo homogêneo. As partes se ajustam e se completam, formando a grande harmonia na diversidade.

Tal prodígio se consumará como efeito natural da compreensão e assimilação em espírito e verdade da primeira sentença da oração dominical: Pai nosso que estás nos céus, isto é, que pairas acima de todas as competições, zelos, ciúmes e rivalidades; que pairas acima de todas as querelas, disputas e contendas; que pairas acima de toda s eiva sectária ou partidária, de todos os interesses subalternos, de todas as paixões inconfessáveis que separam os homens, gerando entre eles antagonismos e odiosidades.

Pai nosso que estás nos céus! ouve a nossa prece e faze que todos sintamos em nossos corações que Tu és o nosso Pai, e nós somos irmãos; pois de tal depende, como Tu sabes e o teu Cristo no-lo revelou, a solução de todos os nossos problemas a conquista de todo o nosso bem.

Livro:  Em Torno do Mestre

Autor: Pedro de Camargo – Pseudônimo Vinicius

Local de Edição: Brasília – DF – Brasil – 1939

Paginas: 97 e 98

Orações Dominicais


            2 – Prefácio – Os Espíritos recomendaram que abríssemos esta coletânea com a Oração Dominical, não somente como prece, mas também como símbolo. De todas as preces, é a que eles consideram em primeiro lugar, seja porque nos vem do próprio Jesus (Mateus, VI: 9-13), seja porque ela pode substituir  todas as outras, conforme a intenção que se lhe atribua. É o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade, na sua simplicidade. Com efeito, sob a forma mais reduzida, ela consegue resumir todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo. Encerra ainda uma profissão de fé, um ato de adoração e submissão, o pedido das coisas necessárias à vida terrena e o princípio da caridade. Dizê-la em intenção de alguém, é pedir para outro o que desejamos para nós mesmos.

            Entretanto, em razão mesmo da sua brevidade, o sentido profundo que algumas das suas palavras encerram escapa à maioria. Isso porque geralmente a proferem sem pensar no sentido de cada uma de suas frases. Proferem-na como uma fórmula, cuja eficácia é proporcional ao número de vezes que for repetida. Esse número é quase sempre cabalístico: o três, o sete ou o nove, em virtude da antiga crença supersticiosa no poder dos números, e do seu uso nas práticas de magia.

            Para preencher o vazio que a concisão desta prece nos deixa ajuntamos a cada uma de suas proposições, segundo o conselho e com a assistência dos Bons Espíritos, um comentário que lhes esclarece o sentido e as aplicações. De acordo comas circunstâncias e o tempo de que se disponha, pode-se pois dizer a Oração Dominical em sua forma simples ou desenvolvida.

            3. I – Pai nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome!

Cremos em vós, Senhor, porque tudo nos revela o vosso poder e a vossa bondade. A harmonia do Universo e a prova de uma sabedoria, de uma prudência, e de previdência que ultrapassam todas as faculdades humanas. O nome de um Ser soberamente grande e sábio está inscrito em todas as obras da criação, desde a relva humilde e do menor inseto, até os astros que movem no espaço. Por toda parte, vemos a prova de uma solicitude paternal. Cego, pois, é aquele que não vos glorifica nas vossas obras, orgulhoso aquele que não vos louva, e ingrato àquele que não vos rende graças.

            II – Venha a nós o vosso Reino!

            Senhor, destes aos homens leis plenas de sabedoria, que os fariam felizes, se eles as observassem. Com essas leis, poderiam estabelecer a paz e a justiça, e poderiam ajudar-se mutuamente, em vez de mutuamente se prejudicarem, como o fazem. O forte ampararia o fraco, em vez de esmagá-lo. Evitados seriam os males que nascem dos abusos e dos excessos de toda espécie. Toda as misérias deste mundo decorrem da violação das vossas leis, porque não há uma única infração que não traga suas conseqüências fatais.

            Destes ao animal o instinto que lhe traça os limites do necessário, e ele naturalmente se conforma com isso. Mas ao homem, além do instinto, destes a inteligência e a razão. E lhe destes ainda a liberdade de observar ou violar aquelas das vossas leis que pessoalmente lhe concernem, ou seja, a faculdade de escolher entre o bem e o mal, para que ele tenha o mérito e a responsabilidade dos seus atos.

            Ninguém pode pretextar ignorância das vossas leis, porque, na vossa paternal providência, quisestes que elas fossem gravadas na consciência de cada um, sem nenhuma distinção de cultos ou de nacionalidades. Assim, aqueles que as violam, é porque vos desprezam.

            Chegará o dia em que, segundo a vossa promessa, todos as praticarão. Então a incredulidade terá desaparecido, todos vos reconhecerão como o Soberano Senhor de todas as coisas,  e primado de vossas leis estabelecerá o vosso Reino na Terra.

            Dignai-vos, Senhor, de apressar o seu advento, dando aos homens a luz necessária para se conduzirem no caminho da verdade!

            III – Seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no céu!

            Se a submissão é um dever do filho para com o pai, do inferior para como superior, quanto maior não será a da criatura para com  seu Criador! Fazer a vossa vontade, Senhor, é observar as vossas leis e submeter-se sem lamentações aos vossos desígnios divinos. O homem se tornará submisso, quando compreender que sois a fonte de toda a sabedoria, e que sem vós ele nada pode. Fará então a vossa vontade na Terra, como os eleitos a fazem no céu.

            IV – O pão nosso, de cada dia, dai-nos hoje!

            Dai-nos o alimento necessário à manutenção das forças físicas, e dai-nos também o alimento espiritual, para o desenvolvimento do nosso espírito.

            O animal encontra a sua pastagem, mas o homem deve o seu alimento à sua própria atividade e aos recursos da sua inteligência, porque o criastes livre.

            Vós lhe dissestes: “Amassarás o teu pão com o suor do teu rosto”, e com isso fizestes do trabalho uma obrigação, que o leva a exercitar a sua inteligência na procura dos meios de prover às suas necessidades e atender ao seu bem estar: uns pelo trabalho material, outros pelo trabalho intelectual. Sem o trabalho, ele permaneceria estacionário e não poderia aspirar à felicidade dos Espíritos Superiores.

            Assistis ao homem de boa vontade, que em vós confia para o necessário, mas não aquele que se compraz na ociosidade e gostaria de tudo obter sem esforço, nem ao que busca o supérfluo. (Cap. XXV)

            Quantos há que sucumbem por sua própria culpa, pela sua incúria, pela sua imprevidência ou pela sua ambição, por não terem querido contentar-se com que lhes destes! São esses os artífices do próprio infortúnio, e não tem o direito de queixar-se, pois são punidos naquilo mesmo em que pecaram. Mas mesmo a eles não abandonais, porque sois infinitamente misericordioso, e lhes estendeis a mão providencial, desde que, como filho pródigo, retornem sinceramente para vós. (Cap.V, nº 4).

            Antes de nos lamentarmos de nossa sorte, perguntemos se ela é a nossa própria obra; a cada desgraça que nos atinja, verifiquemos se não poderíamos tê-la evitados; repitamos a nós mesmos que Deus nos deu a inteligência para sairmos do atoleiro, e que de nós depende aplicá-la bem.

            Desde que a lei do trabalho condiciona a vida do homem na Terra, dai-nos a coragem e a força de cumpri-la; dai-nos também a prudência e a moderação, a fim de não pormos a perder os seus frutos.

            Dai-nos pois, Senhor, o pão nosso de cada dia, ou seja, os meios de adquirir pelo trabalho as coisas necessárias, pois ninguém tem o direito de reclamar o supérfluo.

            Se estivemos impossibilitados de trabalhar, que confiemos na vossa divina providência.

            Se estiver nos Vossos desígnios provar-nos com as mais duras privações, não obstante os nossos esforços, aceitamo-lo como uma justa expiação das faltas que tivermos podido cometer nesta vida ou numa vida anterior, porque sabemos que sois justo, e que não há penas imerecidas, pois jamais castigais sem causa.

            Preservai-nos, ó Senhor, de conceber a inveja contra os que possuem aquilo que não temos, ou mesmo contra os que dispõem do supérfluo, quando nos falta o necessário. Perdoai-lhes, se esquecem à lei de caridade e de amor ao próximo, que ensinastes. (Cap. XVI, nº 8)

            Afastai ainda do nosso espírito a idéia de negar a vossa justiça, ao ver a prosperidade do mal e a infelicidade que abate às vezes o homem de bem. Pois já sabemos, graças às novas luzes que ainda nos destes, que a vossa justiça sempre se cumpre e não faz exceção de ninguém; que a prosperidade material do maldoso é tão efêmera como a sua existência corporal, acarretando-lhe terríveis revezes, enquanto será eterno o júbio daquele que sofre com resignação. (Cap. V, nº 7, 9, 12 e 18).

            V – Perdoai as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem. Perdoai-nos as ofensas como nós perdoamos aos que nos ofenderam.

            Cada uma das nossas infrações às vossas leis, Senhor, é uma ofensa que vos fazemos, e uma dívida contraída, que cedo ou tarde teremos de pagar. Solicitamos à vossa infinita misericórdia a sua remissão, sob a promessa de empregarmos os nossos esforços em não contrair outras.

            Fizestes da caridade, para todos nós, uma lei expressa; mas a caridade não consiste unicamente em assistirmos os nossos semelhantes nas suas necessidades, pois consiste ainda no esquecimento e no perdão das ofensas. Com que direito reclamaríamos a vossa indulgência, se faltamos com ela para aqueles de que nos queixamos?

            Dai-nos, Senhor, a força de sufocar em nosso íntimo todo ressentimento, todo ódio e todo rancor. Fazei que a morte não nos surpreenda com nenhum desejo de vingança no coração. Se vos aprouver retirar-nos hoje mesmo deste mundo, fazei que possamos nos apresentar a vós inteiramente limpos de animosidade, a exemplo do Cristo, cujas últimas palavras foram em favor dos seus algozes. (Cap. X).

            As perseguições que os maus nos fazem sofrer são parte das nossas provas terrenas; devemos aceitá-las sem murmurar, como todas as outras provas, sem maldizer os que, com as suas perversidades, nos abrem o caminho da felicidade eterna, pois vós nos dissestes, nas palavras de Jesus: “Bem-aventurados os que sofrem pela justiça!”. Abençoemos, pois, a mão que nos fere e nos humilha, porque as mortificações do corpo nos fortalecem a alma, e seremos levantados da nossa humildade. (Cap. XII, nº 4).

            Bendito seja o vosso nome, Senhor, por nos haverdes ensinado que a nossa sorte não está irrevogavelmente fixada após a morte; que encontraremos, em outras existências, os meios de resgatar e reparar as nossas faltas passadas, e de realizar numa nova vida aquilo que nesta não pudemos fazer, para o nosso adiantamento. (Cap. IV; cap. V, nº 5).

            Assim se explicam, enfim, todas as aparentes anomalias da vida: a luz é lançada sobre o nosso passado e o nosso futuro, como um sinal resplendente da vossa soberana justiça e da vossa infinita bondade.

            VI – Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal (1)

            Dai-nos, Senhor, a força de resistir às sugestões dos maus Espíritos, que tentarão desviar-nos da senda do bem, inspirando-nos maus pensamentos.

            Mas nós somos, nós mesmos, Espíritos imperfeitos, encarnados na Terra para expiar nossas faltas e nos melhorarmos. A causa do mal está em nós próprios, e os maus Espíritos apenas se aproveitam de nossas tendências viciosas, nas quais nos entretêm, para nos tentarem.

            Cada imperfeição é uma porta aberta às suas influências, enquanto eles são impotentes e renunciam a qualquer tentativa contra os seres perfeitos. Tudo o que possamos fazer para afastá-los será inútil, se não lhes opusermos uma vontade inquebrantável na prática do bem, com absoluta renúncia ao mal. É, pois, contra nós mesmos que devemos dirigir os nossos esforços, e então os maus Espíritos se afastarão naturalmente, porque o mal é o que os atrai, enquanto o bem os repele. (Ver adiante: Preces pelos obsedados)

            Senhor, amparai-nos em nossa fraqueza, inspirai-nos, pela voz dos nossos anjos guardiões e dos Bons Espíritos, à vontade de corrigirmos as nossas imperfeições, a fim de fecharmos a nossa alma ao acesso dos Espíritos impuros. (Ver adiante: nº 11)

            O mal não é portanto, vossa obra, Senhor, porque a fonte de todo o bem não pode engenhar nenhum mal. Somos nós mesmos que o criamos, ao infringir as vossas leis, e pelo mau uso que fazemos da liberdade que nos concedestes. Quando os homens observarem as vossas leis, o mal desaparecerá da Terra, como já desapareceu dos mundos mais adiantados.

            Não existe para ninguém a fatalidade do mal, que só parece irresistível para aqueles que nele se comprazem. Se tivermos vontade de fazê-lo, também poderemos ter a de fazer o bem. E é por isso, ó Senhor, que solicitamos a vossa assistência e a dos Bons Espíritos, para resistirmos à tentação.

            VII – Assim seja!

            Que vos apraza, Senhor, a realização dos nossos desejos! Inclinamo-nos, porém, diante da vossa infinita sabedoria. Em todas as coisas que não nos é dado compreender,que sejam feitas segundo a vossa santa vontade e não segundo a nossa, porque vós só quereis o nosso bem, e sabeis melhor do que nós o que nos convém.

            Nós vos dirigimos esta prece, Senhor, por nós mesmos, mas também por todas as criaturas sofredoras, encarnadas e desencarnadas, por nossos amigos e por nossos inimigos, por todos os que reclamam a nossa assistência, e em particular por Fulano. Suplicamos para todos a vossa misericórdia e a vossa benção. (NOTA: Aqui podem ser feitos os agradecimentos a Deus pelas graças concedidas, e formulados os pedidos que se queiram, para si mesmo e para os outros – Ver adiante: preces nº 26 e 27).



(1) Algumas traduções trazem: “Não nos induzais à tentação” (et ne nos inducas in tentationem), mas essa forma daria a entender que a tentação vem de Deus, que impeliria voluntariamente os homens ao mal, pensamento evidentemente blasfemo, que assemelharia Deus a Satanás, e não pode ter sido o de Jesus. Ela está, por sinal, de acordo com a doutrina vulgar sobre o papel dos demônios. (Ver Céu e Inferno, cap X, “Os Demônios”).

sábado, 13 de julho de 2013

Da empatia para a compaixão: como estão as suas relações de ajuda?

Depois de um tempinho sem novos posts, trazemos hoje uma reflexão importante para quem trilha o caminho do aperfeiçoamento pessoal. Começamos em textos anteriores a tratar sobre as dimensões do processo que envolve a empatia, essa capacidade de perceber o outro a partir da sua própria realidade. Vimos que trata-se de um processo multifacetado que envolve aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais.
                 As relações de ajuda envolvem a empatia, mas a grande meta é que elas envolvam a compaixão. Aliás, você sabe a diferença?
                  Podemos considerar que a compaixão é um refinamento, uma evolução do próprio processo empático. Na empatia, procuramos perceber como o outro sente, quais são suas necessidades. Na compaixão essa percepção é livre de julgamento e nos impulsiona para a ação sem interesse de retorno, porque já trata-se de um ato de gratidão.
                  Muitas vezes, por mais difícil que possa ser em admitir, nosso movimento de empatia, nos leva a relações de cooperação e ajuda ainda imaturos ou contaminados por nossas limitações. Esse é um processo natural que vai se lapidando e evoluindo ao longo do tempo. Para que essa evolução ocorra, é claro que se faz necessário buscarmos olhar não apenas para as necessidades dos outros, mas também para as nossas necessidades, especialmente aquelas tão bem guardadas no sótão da alma.
              Esses tesouros empoeirados que fingimos não possuir são nossas carências e necessidades mais profundas que quando ignoradas podem causar vários efeitos em nós e nas relações com as pessoas que procuramos ajudar.
 Vejamos alguns desses efeitos.

- Rei no seu próprio castelo de areia: por incrível que pareça, as relações de ajuda ainda imaturas, podem nos dar a sensação de que somos maiores ou mais importantes do que as outras pessoas. Ao invés de nos tornarmos mais humanos, mais solidários com as lutas alheias, nos sentimos ilusoriamente cada vez mais especiais, superiores. As consequências disso são muitas. Teríamos que fazer um texto somente sobre esse tópico, mas vamos destacar a própria solidão como um dos principais efeitos. Quem eleva-se em importância perde a conexão com os outros, não consegue receber, ao mesmo tempo, tira do outro a dignidade de sentir-se capaz de lidar com as próprias dificuldades e retribuir. Que tipo de necessidade possui uma pessoa que eleva-se em importância?

-    Eu determino quem, quanto e como o outro merece ajuda: o julgamento pode nos levar a sermos injustos, hostis, desrespeitosos e até cruéis em nossas relações de ajuda. Isso ocorre com mais clareza nos trabalhos voluntários, onde por não concordar ou aceitar o estilo de vida, o jeito de ser, as escolhas... de uma pessoa, deixamos de perceber e ajudá-la em suas reais necessidades. Isso também ocorre quando uma pessoa não aceita uma oportunidade que nós achávamos que ela necessitava.  Uma das consequências quando isso ocorre é nos percebermos maledicentes e injustos, justamente "no momento" escolhido para fazer o bem. Que tipo de necessidade possui uma pessoa que não consegue ser justa?

- Tomar um lugar que não te pertence: outro equívoco que cometemos é tomar o lugar de outras pessoas na vida de quem estamos ajudando... tomamos o lugar do pai, da mãe, do irmão, do médico, do psicólogo... e isso sem dúvida traz consequências, especialmente criando relações de dependência que só enfraquecem ambos envolvidos. Não devemos e nem precisamos tomar o lugar de ninguém para estabelecermos relações de importância afetiva. Aliás, às vezes quem ajuda, precisa retirar-se rapidamente, deixando o outro seguir seu caminho com dignidade.Que tipo de necessidade possui uma pessoa que toma o lugar do outro na vida de quem se ajuda?

- Eu espero por retribuição: há uma parte em nós que lá no fundo espera que a vida nos proteja ou retribua todo bem que fazemos, ou ainda que nossas dificuldades sejam amenizadas. Esperamos, muitas vezes ainda, que quem nós ajudamos, nos seja grato. Mas nem sempre as coisas acontecem dessa forma. Nas relações entre amigos, entre casais, a retribuição é muito importante na manutenção do equilíbrio. Nas relações de ajuda, oferecemos aos outros o que vida já nos deu em abundância, estamos apenas retribuindo. Quando estamos desconectados dessa percepção, nos sentimos insatisfeitos, vazios... a ajuda perde seu propósito. Que tipo de necessidade possui uma pessoa que ajuda já esperando algum tipo de retribuição?

          Se você se identificou com algum desses aspectos, que bom!! Esse é um sinal que você está no caminho... no caminho que nos leva da empatia à compaixão. Não desanime ou desista. Permita-se ter um tempo com você e analisar como estão as suas relações de ajuda.

Blog da AME Editorinha

segunda-feira, 8 de julho de 2013

A Cura Pela Reforma Íntima

A reforma íntima é um processo que se realiza lentamente pela aquisição de recursos espirituais, através da prática do amor fraterno, da prece, da meditação, da realização de boas obras.
Em geral, surge lentamente por um despertar de consciência da pessoa, que vai alargando o campo de entendimento do seu universo espiritual.
A exploração do mundo interior teve em Sócrates, um dos seus mais brilhantes adeptos; e a humanidade teve nesse homem um de seus mais insignes pensadores.
Sócrates, filósofo grego que viveu no período de 399 a 470 a.c., era um homem de singular sabedoria, de retidão de caráter e de devotado amor à Justiça e aos seres humanos.
Acreditava firmemente que o homem não seria feliz se não se voltasse, reflexivamente, para si mesmo.
Suas idéias levavam a uma moral individual, baseada na essência espiritual de cada ser humano, alicerçando a conduta de cada um na plena consciência responsável.
A filosofia de Sócrates é sintetizada no seu ensinamento fundamental que atravessa os séculos e se mantém atualizado: “Conhece-te a ti mesmo.”
E na busca do “conhecer-se a si mesmo”, o homem vai aprendendo a reformar-se intimamente.
A reforma íntima promove a cura das doenças que acometem o ser humano, através do aprimoramento espiritual.
A pessoa vai eliminando as suas arestas negativas, as suas falhas no relacionamento com os seus semelhantes e, à medida que pratica o bem, vai melhorando seu estado de saúde.
Quando o ser dedica-se a fazer sua reforma íntima, renovando suas atitudes no propósito de modificar-se interiormente, promove a melhoria do estado de saúde do corpo, da mente e da alma.
E, na sua conotação intrínseca, produz mudanças estruturais no perispírito.
Consiste num processo de aprimoramento dos atributos do espírito, segundo o paradigma universal do “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Luca 10,27).
Constitui um trabalho relevante de educação espiritual, complementado pelo firme propósito do ser humano eliminar, de sua estrutura espiritual, os pensamentos de ódio, de inveja, de vingança, de ciúme, de raiva, de maledicência; as paixões inferiores e os vícios como o do jogo, do cigarro, do álcool, das drogas e dos desvios da sexualidade.
Não raras vezes o doente é orientado para procurar uma instituição religiosa de sua preferência.
Ao fazê-lo, espera curar-se de um momento para outro e pode desiludir-se, porque a ação terapêutica espiritual é lenta e gradativa, podendo manter-se imperceptível durante algum tempo.
Mas chega para a pessoa o momento em que a situação começa a clarear, dissipando as névoas do seu entendimento, fazendo-a reconhecer a sua própria modificação interior, do seu modo de sentir e de pensar, e ela então se conscientiza que está ocorrendo o seu aprimoramento espiritual, encontrando bem-estar e alegria de viver. Sua reconhecida melhora realiza-se, igualmente, no âmago de sua estrutura perispiritual, constituindo uma aquisição de valor inestimável e duradoura.
Como diz Ney Pietro Peres, no livro “Manual Prático do Espírita”, página 240, 3º parágrafo: “No processo lento e progressivo da reforma íntima, vamos realizando transformações sutis nas estruturas magnéticas do nosso perispírito e ampliando as potencialidades do nosso espírito.”
E, assim, vai surgindo um novo ser, dos escombros de suas próprias imperfeições que se acumularam durante anos, superpondo-se como em camadas, e que têm suas raízes em vidas pregressas.
São como nódoas que vão sendo eliminadas, camada por camada, deixando transparecer a luz cristalina da alma, fortalecida pelo Amor e pela Verdade.
E ainda com Ney Pietro Peres, obra citada, página 241, 1º parágrafo: “A disposição saudável, o bem-estar, a calma interior, o ânimo forte, tomam seu lugar em nós, contribuindo para uma completa renovação em nosso sentir.”

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A geração neurótica.

À página 20, cap.II, de seu livro “Plenitude”, obra magistral psicografada por Divaldo Pereira Franco sobre as raízes do sofrimento humano, Joanna de Angelis afirma: “Multiplicaram-se, lamentavelmente, os distúrbios existenciais, comportamentais, na área psicológica, nascendo a chamada geração neurótica perdida no mare magnum das vítimas do sexo em desalinho, das drogas alucinantes, da violência e agressividade urbanas, do cinismo desafiador”.
Historicamente, a expressão “geração neurótica” representa os grupos humanos reencarnados na Terra durante e após a 2ª Grande Guerra, particularmente a partir da década de 60. O adjetivo “neurótico” deve ser compreendido como “portador de conflitos psíquicos”, que levam à ansiedade, ao medo, à agressividade e a uma série de outros desajustes do comportamento. Os escritores existencialistas dos últimos 50 anos captaram com especial sensibilidade essa conturbada zona de conflito entre a subjetividade humana e os valores ético-sociais do pós-guerra.
A cultura hedonista predominante, a falência da Religião, a escalada da violência urbana e as guerras contínuas estimularam o medo e a insegurança, a insatisfação crônica, o desânimo epidêmico, o enfado para com a vida e as freqüentes fugas emocionais, nas suas diferentes expressões de compensação às frustrações cotidianas. O poder do mercado econômico derrubou os muros da intolerância, mas redefiniu o ideal da segurança dos indivíduos através do poder de compra. Na moderna plutocracia, os seres “mais iguais que os outros”, da paródia de George Orwell, constroem seus impérios “aquém da ética e além da Lei”, e os menos iguais, marginalizados, tomam para si objetos e vidas humanas na tentativa de equilibrar este poder. E a juventude atônita faz-se a grande vítima desse modelo ateu e utilitarista, sempre beirando a depressão, a loucura e o suicídio.
“A responsável por esse resultado é a ilusão” adiciona a autora espiritual, mais adiante, na mesma obra “A maioria dos sofrimentos decorre da forma incorreta por que a vida é encarada. Na sua transitoriedade, os valores reais transcendem ao aspecto e à motivação que geram prazer. Esse é o sofrimento da impermanência das coisas terrenas. Esfumam-se como palha ao fogo, atiçado pelo vento, logo se transformando em cinza flutuando no ar”.
O espírito errante sobre a Terra, encarnado ou não, salvo algumas raras exceções, contaminado pela insegurança e pelo espírito consumista padecerá em maior ou menor grau dos males relacionados a esta ilusão dos sentidos. A busca desmedida por situações mais favoráveis e o desfrute imprudente de certos prazeres transitórios provocam investimentos e riscos além das possibilidades reais, gerando compromissos diversos que debilitam o ser.
O jornalista e escritor Leandro Rodrigues pergunta: “Será que na ânsia de realizar os seus sonhos você não está apenas adoecendo? A sombra da neurose te persegue há quantos anos?”
A ilusão do gozo, da aparência, do ter, do possuir, do belicismo, dos altos cargos, da ditadura dos privilégios, gera necessidades fictícias que, seja na luta por satisfazê-las ou mantê-las, seja pelo desalento da exclusão econômica e social, gera doenças no indivíduo e na sociedade. Na hierarquia das necessidades humanas, Abraham Maslow, um dos pais da Psicologia Humanista, definiu que o quarto e penúltimo degrau das motivações humanas é o reconhecimento social, o status, o prestígio perante os iguais; ora, atingir certo degrau social, intelectual, político, etc., mesmo que numa pequena comunidade, sabidamente proporciona prazer e gratificação ao ego.
Quando experimentar, re-experimentar ou assegurar tal prazer ou gratificação torna-se uma idéia neurótica, obsessiva, provocando angústia, agressividade ou depressão, adentramos na zona sombria da psicopatologia. As pseudo-necessidades criadas em nome da segurança e do status social derivam do fato de sofrer o homem da “sede da água do mar”. Em sua insaciabilidade, ele perde o senso do limite entre o necessário e o supérfluo e se afunda nas viciações de sua animalidade.
Para a felicidade geral, o quinto e último estágio de Maslow é o da auto-realização, que alguns autores mais modernos chamam de realização ética ou espiritual. Joanna de Ângelis, consoante com a proposição de Maslow, afirma que “a educação calcada nos valores ético-morais, que estimule a consciência do dever e da responsabilidade do indivíduo para com ele próprio, para com o seu próximo e para com a vida, equipa-o de saúde emocional e valor espiritual para o trânsito equilibrado pela existência física”.
Todos os grandes nomes da Terra que bem exemplificaram a ética e a moral, tais como: Gandhi, Luther King, Madre Tereza, Chico Xavier, etc., sacrificaram seus interesses pessoais pelas causas que abraçaram. Venceram as inquietações da posse e da aparência em salvaguarda da auto-realização espiritual, onde a busca da verdade e o altruísmo são sempre preponderantes.
O Mestre Divino, sempre Ele, concita-nos à educação das nossas ambições, quando lembra aos seus discípulos: “Aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; aquele que quiser ser o primeiro entre vós seja vosso escravo!” (Matheus, XX; 20 a 28).
Sigamos os seus exemplos de saúde e paz! Um abraço e até a próxima.